sexta-feira, 28 de novembro de 2008

São Jorge é guerreiro...





Salve Ogum!


(Jorge Ben Jor)

Deus adiante paz e guia

Encomendo-me a Deus e a Virgem Maria minha mãe

Os doze apóstolos meus irmãos

Andarei nesse dia nessa noite

Com meu corpo cercado, vigiado e protegido

Pelas as armas de São Jorge

São Jorge sendo como praça na cavalaria
Eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia

Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tendo pé não me alcancem

Tendo mãos não me peguem, não me toquem

Tendo olhos não me enxerguem

E nem pensamento eles possam ter para me fazer mal

Armas de fogo o meu corpo não alcançarão

Facas e lanças se quebrem se o meu corpo tocarem
Cordas e correntes se arrebentem se ao meu corpo amarrarem
Pois eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Jorge é da Capatocia.

Salve Jorge!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

por dentro...


e por dentro o que é que tem...e a pergunta quem faz, sou eu ou você...e quando os meus olhos não ficam sequer um segundo fixos nos seus será que posso olhar de verdade, será que a verdade está ali entre nós...já não havia mais verdade em meu conceito frouxo, já não havia mais nada que estivesse ali...só uma sensação de não querer, só um vazio que volta e meia era preenchido por uma negação, por uma revolta, por uma não razão...mas no fundo raso em que me encontrava, lá nesse fundinho que só serve em mim, pra mim, ali estava um vazio de sentimento, que de dor se transformou em negação e que de negação já não sabia mais o que era...e por vezes esse vazio se transferia para meus olhos, uns olhos tão molhados que chegavam a vazar do vazio para outro lugar, pra fora do rasinho...e por horas e mais e muito mais se mantinham molhados e vazados, e não por querer, só por sentir, só por não mais sentir o que sempre sentia e que como era tão bom, vivo...e cheia desse vazio, sem mais o que saber, mais uma vez molhei o olhar num lugar que pra mim sempre foi tão santo, mesmo que eu nem sabia que existia lugar assim, pra mim ali era lugar santo, e de lá e mais além é que veio a ajuda, da não fé, nasceu a confiança em algo que vai além do que os olhos podem ver, vai além da racionalização...e com olhos vazados de dor e sofrimento veio e foi um pedido tão especial, tinha planejado pedir tanta coisa, tinha imaginado outros problemas tão maiores, mas ali na hora da verdade, quando os meus olhos se abriram pra deixar sair a dor que ali estava, foi só que pude pedir de verdade...foi só o que me restou pedir, nem por mim e nem por ti, mas por nós, mesmo que depois disso nunca mais existisse um nós, mas mesmo assim, queria os olhos secos daquela dor que já estava a tempos demais por ali...e as palavras que eu disse me vieram direto do coração, eram palavras que pulsavam numa dor dilacerante, era quase um grito mudo que ardia, queria poder voltar acreditar em um "pra sempre" que não acaba...queria poder voltar a ver, olhar, sentir...queria poder estar de verdade naquele lugar...minha dor (que nunca foi só minha) era clara como lampejo e a ajuda veio de onde menos eu imagina, veio com uma força surpreendente, veio com o poder que eu sem querer acreditava que havia naquele lugar...ascendi a vela, rezei com os olhos molhados e apertados com tanta força que achei que nunca mais poderia abri-los, arregalá-los...e depois um abraço cheio de luz,uma luz que todos temos, mas que só se vê em quem deixa estar...e depois o zero, o nada, nem pra mais, nem pra menos...um vazio bom, uma chance de tornar a encher, mas agora sabendo o que por pra dentro de si mesma...e depois sai dali, voltei ao meu suposto lugar...meu toque se tornou tão leve que uma pluma seria mais pesada, meu coração estava refletindo o que sentia, leve, zerada...deitei a cabeça no travesseiro e fiquei ali contemplando o que talvez nunca mais pudesse acontecer...adormeci sem brigar com o sono e sem perceber, sonhei com você...seu sorriso iluminava toda a sala, tinha uma beleza que nunca havia notado, falava com tanta calma, e quando não havia mais nenhuma palavra, quando já não era mais necessário falar, em minha mente, dentro do sonho, as coisas se esclareceram de tal forma que não havia mais porque brigar...o motivo a tempos parecia inesistente, sabia do erro que havia cometido, tinha isso muito claro, sabia do perdão que deveria pedir com uma verdade de alma, sabia que ainda não era chegado o dia de pedir com o coração puro, mas sabia que esse dia estava tão perto quando o sorriso agora em sua boca...e ao despertar o que poderia fazer senão olhar para o céu e agradecer a Ogum o que me foi dado de presente, meu pedido muito mais do que atendido...seu olhar de novo, um tanto de vida que me foi trazido de volta, quando mais precisava viver...salve Ogum...salve Jorge...salve saber mais pedir perdão do que perdoar...salve bem amada...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

viva...

se fosse pra deixar sair de mim, se fosse...viva, é como me sinto hoje, é como gostaria de estar todos os dias de minha vida...viva...mas é como estou hoje, querendo ir e voltar, sair, ficar, tudojunto e tudoaomesmotempo...uma inquietação, excitação, umas vontades, uns desejos, um calor...viva...mil vivas ao direito de estar viva, ainda que não todo dia, ainda que não toda hora, mas ainda assim por vezes ou outras viva...parece até que sol nasceu pra mim, parece até que as paredes que rodeavam rodavam e piruetavam e eu também...parada não podia estar...e mesmo que o sol se ponha no dia de hoje, e mesmo que venha um outro amanhã e mesmo que...o hoje me diz que é hoje que é...e hoje é dia em que estou mais viva do que nunca e até soar meia noite e viva que estou e assim eu vou ficar, ou ir, ou...se fosse pra deixar sair de mim o que hoje é...nada pode estar preso se a liberdade que tenho é a vida que trago e que em dias assim...se fosse pra deixar...eu deixo...vivaaaaaaaaa!!!!

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

já me bastava...

já me bastava estar lá, me bastava estar viva, ainda que não senti a dor parturiente, mas sentir no rosto a brisa já me bastava...já me bastava saber somente o que sabia, e as coisas que a cada dia descobria e redescobria e cobria, já me bastava...me bastava o quanto basta a uma qualquer, tal como sou, tão qualquer que qualquer outra pode ser e só isso já me bastava...me bastava olhar no espelho e ver o que vi, não desconfiar dos traços ali traçados por todos os dias que desenharam essa face que já me bastava, estava tão viva...já me bastava a fala mole, a boca torta, a nostalgia das quintas-feiras, o ouvido quase musical, as espinhas atemporais, os pêlos que ali nasciam, já me bastava quase tudo, que de tudo é quase nada, mas me bastava, estava viva...já me bastava abrir os olhos todos os dias, uns mais cedo, outros mais tarde, estava viva...já me bastava o alimento de consôlo, já me bastava toda aquela caloria, bastava até o dia que dei basta, já não bastava mais o que ali havia, nem espelho, nem alimento, chegava o fim da caloria...já não bastava estar viva, tinha que ter algo mais acima, já não bastava o que sabia, tinha que comer livro, tinha que escrever poesia...já não bastava o quase tudo, já que de tudo nada tinha...já não bastava os olhos abertos queria os abertos que olhavam e viam...já não bastava, até que deu basta...já bastava não ser oca, ter comida e bebida, já bastava ter perdido tempo e saber que tinha algum dele no bolso ainda...já bastava a primeira parte, a do meio e a parte finda...já bastava ter ainda, nesse tanto de vida, umas palavras que bastava pra dizer, ainda tão viva...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

uma liberdade...

como é bom poder não pensar em nada, não ter censura, não ter vergonha, não ter medo de nada, estar lá e ponto final...como é bom poder ter os pensamentos tão livres que seja possível ir lá sem sair do lugar...como é bom poder ver a fumaça que sai e não ter que ver desenhos nelas, não ter que ver nada além de fumaça que sai...poder escrever palavras que não dizem nada com nada e do resto nada com nada também...como é bom poder perder horas que estariam perdidas se fossem aproveitadas com toda retidão...sentar na sacada com uma saia rodada, acender um cigarro que nem ao menos será fumado, ver a fumaça correr livre pro espaço, olhar a luz que brilha ali, aqui e lá...poder olhar e ver sem o compromisso intelectualóide das perguntas e respostas que fazemos ao universo e as outras tantas que surgem e surgirão...poder ser tão livre quanto se é capaz de ser...ver que as coisas boas não vem lá do fundo de um fundo sem fim...pq o que nós somos é isso aqui mesmo que se apresenta agora...e esse lá no fundo d'alma na verdade não existe, a profundidade de um ser é isso aqui, essa largura de cintura e peito e osso e que lá dentro não tem nada além de nós mesmos e saber que só isso já é suficiente pra ser algo que vale a pena...que não é preciso passar horas te(rr)orizando e divagando e interiorizando o que na verdade é tão mais simples do que sopro de vento...descobrir que a verdadeira liberdade, essa minha liberdade que não interessa e talvez nem sirva a mais ninguém, essa verdadeira liberdade é só isso mesmo que vejo no espelho todos os dias, saber que muitas das perguntas não precisam nem ser feitas, e muito menos respondidas...e que essa minha liberdade vai além dessas profundidades rasas, que de tão fundo que vão dentro de si mesmos, que saem de si sem ao menos perceber...