quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

época eleitoral em mim

não de quatro em quatro ano, a politicagem volta e meia toma conta de mim, vivo em campanha eleitoral... o horário politico as vezes me invade e fico com cara de Lula ou pior, de Dilmacomperucatorta... mas como é que faz pra não ser politico, se toda vez que penso nisso a palavra polido vem grudada e não pelo exemplos brasilienses que tenho e sim pela educação que recebi... sou polida, logo sou politica... quero agradar a todos, tenho imensa dificuldade de fazer valer a minha vontade o tempo todo, mesmo que pareça o contrário...
ontem passei por situações difíceis no começo do dia e qualquer um poderia ter resolvido isso, inclusive eu... mas minha situação sócio-politica não permite, me trava, me traz a boca uma delicadeza e um sociabilidade que são dose pra "xuxu"... meu vizinho de cima, pequenina pessoa de férias escolar, eu tentando terminar uma peça e ele o dia todo e quando digo o dia todo é desde as 7h da manhã até de noite, pulando, correndo, jogando coisas e gritando sobre a minha cabeça... a mãe atrás gritando, correndo e jogando coisas nele... eu tentando me concentrar, comofaz???... fiquei com dor de cabeça, nervosa, brava, putadacara, dei umas batidas na parede pra ver se eles se tocavam e nada, parece que o barulho até aumentou... conheço a mãe dessa criatura, poderia subir até o apartamento dela e dizer que o barulho estava extremamente irritante e que se pudessem fazer o favor de FICAR QUIETOS!!! eu agradeceria pois estava tentando trabalhar... mas como é que você bate na porta da casa de uma pessoa que você conhece e diz que ela não sabe cuidar do seu próprio filho e que ele é um pestinha que deixa as pessoas iradas???... comofaz???...
depois disso, como se já não fosse o suficiente, outras vizinha (adoromeupredioodeiomeusvizinhos) vem com o cachorrinho passear sob minha janela, uma sacolinha plástica nas mãos e um sorrisinho no rosto, sai na sacada só pra comprovar o que era óbvio... o doguinho dela faz xixi por tudo e o saquinho plástico só serve pra catar merda... logo eu vivo sentindo cheiro de mijo de cachorro e pasmem, EU NÃO TENHO CACHORRO!!!... mas como faz pra sair da sacada e dizer pra pessoa que educadamente te cumprimenta todo dia que o puto do cachorrinho mijão dela está fazendo uma coisa porca que te deixa puta porque depois quem fica sentindo o cheiro de mijo o dia todo é você???... comofaz???...
e eu fico aqui articulando umas palavras, tentando imaginar como é que seria se alguém viesse me dizer pra deixar de incomodar a vida dos outros, ficaria magoada... sou assim ressentida, me chateio com facilidade e levo como pré-suposto o meu comportamento e acabo me calando, me politicando, fazendo a boa (má) e velha POLITICA DA BOA VIZINHANÇA!! e depois me odeio mais do que a todos eles juntos!!!
grudado ao corpo, um pequeno penso o quanto seria melhor se as pessoas tivessem um pequeno aparelhinhodesconfiômetro, que se colocassem no lugar dos outros e percebessem que os seus direitos acabam quando começa o do outro e não fizessem vista grossa a essa linha não tão sutil assim!!!

queromorarnumailhadeserta!!!!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

onde ficaram as marcados nossos passos, em que chão

a estrada era grande, longa e larga, eu entendo que existiam momento em que poderíamos estar todos caminhando nela sem poder ver uns aos outros... mas estávamos indo na mesma direção, que eu me lembre, estávamos indo ao mesmo destino, fazíamos planos de chegar num mesmo lugar... aprendemos a caminhar passo após passo, os que já estavam mais firmes seguravam nas mãos dos que ainda experimentavam... estávamos todos lá, não estávamos?... depois de passado o aprendizado dos passos, me lembro que houve momentos em que tropeçamos, em que caímos, houveram joelhos ralados e bolhas nos pés, pés descalços, houve de tudo, mas tinha a impressão de que estávamos todos lá, lado à lado... de que não era preciso muita palavra, que não era preciso nada, sentíamos uns aos outros tão perto e tão ligados que qualquer suspiro, qualquer pensamento podia ser lido sem defeitos pelos pares... me lembro que conseguíamos ser tão iguais e tão diferentes e tudo isso junto, tudo ao mesmo tempo... lembro de uma força que vinha de todos, não era uma força isolada que não se sabia de onde vinha ou que era de um de nós apenas, não, era uma força da união de pessoas com o mesmo sangue, com a mesma raça, com o mesmo destino grudado na sola dos pés e que nos dava a dimensão da palavra "vida", que nos dava a energia que precisávamos pra saber que mesmo que fosse difícil, seria fácil, não seria problema de um e sim de todos... havia isso tudo, não havia?... eu tenho fotos que provam que estava lá, tenho fotos que provam que estávamos todos... eu tenho sentimentos e lembranças aqui guardados...
mas se olho no dia de hoje vejo coisas tão diversas, vejo o caminho, mas não vejo mais marcado neste solo sagrado os nossos passos, não há mais unidade, não há mais quase nada... tenho dificuldade sequer de saber do que gostam, o que fazem nas horas vagas, se tem problemas, se precisam de ajuda, tenho medo de que hoje não saberia como ajudá-los... tenho minha vida que parece que se dissipou das suas, parece que nas fotografias que vejo hoje, dos tempos de outrora, a impressão que fica é de que não estamos todos lá, nesta falta um, nesta outra um outro e numa delas faltam todos... já não sei dos seus sonhos, já não sonhamos acordados, já não fazemos planos pro futuro, já não andamos lado à lado... em que ponto se perdeu, em que ponto nos desconhecemos... quem será que mudou, fui eu, vocês ou mudamos todos? ...
fica então o sentimento do que foi perdido ou largado, da dúvida no meio do caminho, da saudade de uma unidade...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

boafédemais

ele tinha aquele jeitinho mesmo, os mais próximos já estavam acostumados... andava pelas ruas, varria aqui, limpava ali, tudo na sua velocidade média e andar desengonçado incopiáveis... de longe já se podia ver entre a multidão o sujeito alto e magro de laranja da cabeça aos pés... comprou no camelô até um boné da cor do uniforme, tinha orgulho... no fim das contas entre tantos que passavam pelo calçadão todo dia, entre tantos desconhecidos, ele era um dos mais ilustres... volta e meia conversava, volta e meia ganhava alguma coisinha, volta e meia os velhinhos elogiavam, - é honesto e caprichoso!, - e é um dos poucos que ainda se orgulha disso!... e ele lá, nem pra mais, nem pra menos, simplesmente lá... na ficha da empresa constava sempre uma conduta ilibada, nada de greve, nem de confusão, nem de falta, nem sequer atestado, se houvesse por ali uma fotografia ou menção honrosa ao funcionário da década ele certamente teria uma parede coberta por elas... e todo dia tinha uma meia dúzia de pessoas que cumprimentavam ele, - bom dia!, e ele, - bom!... e outro - olá!, e ele, - olá! e o dia se passava que era um cabelo ao vento e ele terminava tudo o que tinha, ia até a esquina e esperava o caminhão pra levar até a firma o carrinho, trocar de roupa e ir pra casa. nada demais... e chegava o mendonça e ele entrava no caminhãozinho e o mendonça - bão! e ele - bão! e iam quietos... uma vez ou outra mendonça fazia algum comentário e ele assim, assim com a cabeça... e na firma mesma coisa, assim, assim pro porteiro, duas vezes na semana, no máximo, o porteiro erguia a cabeça quando ele passava e dizia - tudo bão? e ele, - tudo! e seguia em frente, colocava ou tirava o uniforme e ia pra casa ou pro trabalho... nada demais... e passou dia, e passou mês e passou ano e passou vida... nada demais... mas tem coisa debaixo daquele laranja todo dizia a sindica do condomínio misto de apartamento e escritório do calçadão... dizia pro porteiro esperar que algum dia ia ver, ia ver que por debaixo daquela boa-fé toda tinha coisa... e esperaram tanto que até recostaram no balcão da entrada pra esperar... nada demais... e lá vinha ele, e lá ia ele... e bom dia pra lá e bom pra cá e assim, assim... mas ela não desistiu, não resistiu, não pode mais escorar com a dor que pegou nas costas e disse sorrateiramente pro porteiro... - hoje você vai ver essa boa-fé se transformar em má... e ajeitou o uniforme bege, prendeu a bundinha pra andar mais rápido e atravessou o calçadão com um meio sorriso no rosto e uma falsidade que reluzia... foi indo, aproximou e - bom dia! e ele - bom! e ela - trabalhando muito? e ele - trabalhando! e ela - já almoçou? e ele - já! e ela - faz tempo que o senhor trabalha aqui? e ele - faz! e ela descambando - gosta de mulher? e ele olhando pra baixo - gosta! e ela ruiva da raiva - tem uma? e ele ainda lá embaixo - tem! e ela cuspindo - até logo! e ele levantando de leve o rosto e sorrindo - até!... e voltou com a mesma bundinha e pro porteiro - hoje talvez não, ele soube dissimular, falou, mas amanhã... ou depois e depois e depois e ela todo dia com alguma das suas e ele com as dele e nada dela pegar a tal da má-fé do coitado... e a rotina alterada já virando rotina e ele lá e ela lá e passa dia, passa mês, passa e nada demais... ela parou de ir, proibiu o porteiro de comentar e não deu as caras por um bom tempo... ele nada com isso, todo dia no mesmo horário estava lá alaranjando o calçadão... quando estava tudo nos conformes aparece a sindica novamente e volta a falar com o porteiro as fofocações do coitado, sem coragem fica dentro do condomínio, escorada no balcão com a língua arrastando pelo chão... e de tanto que ficou esperando o deslize e maldizendo o coitado, a dor nas costas voltou de supetão por conta de um vento que entrou na portaria e ela com o cabelo molhado e se entrevou de um jeito que teve que sair de ambulância direto pro hospital... e no dia seguinte ele lá, varre que varre, limpa que limpa, nem de longe soube do perrengue da tal da sindica... dia normal, tudo nos "conformes"... ele de cabeça baixa varrendo umas folhas, que eram trabalho de todo dia e viu só os pés no salto bem alto que parecia até não ter como parar em pé bem na sua frente... e foi subindo bem devagarinho e vendo pernas peladas que não acabavam mais e quando chegou uns bons palmos acima do joelho e começou a pensar em ver a ponta da microsaia a voz ecoou pelo calçadão lotado... - lustosa, senhor sabe onde fica?... e ele subindo rápido pra chegar a cara - gustosa!... e saiu tão alto da boca dele e fez eco e parece que parou toda a rua e gente de tudo quanto é lado olhando, apontando, uns rindo, outros chorando e dentro da porta de vidro o porteiro levanta da cadeira pra ver melhor o que é que era aquela gritaria sem tamanho e quando chega do lado de fora só vê um laranja enorme correndo e uma mulher dando com a bolsa na cabeça, nas costas, na bunda, onde desse... e o povo todo observando... e ela gritava - gostosa??? e ele - gustosa! e o "coro comendo" no couro dele. e de tanta gente que tinha ali logo apareceram dois fardados e pararam o laranja e a moça e separaram e pediram explicação da festa em plena rua XV... e a moça logo de supetão - eu perguntei a esse cidadão se ele sabia onde fica a lustosa e ele na má-fé e canalhice me chamou de gostosa!!! e o gostosa saiu meio esganado e ela quase chora ali mesmo com a bolsinha tampando a cara, e o policia pro gari - gostosa é? e ele com a voz baixa quase duvidando - gustosa?!? e os cana já botaram as mãos dele pra trás e vai em cana seu safado, gritavam... e o coitado gaguejando um quiquiqui e nada e enfiaram no camburão e ele foi, de contra gosto, mas que se faz numa hora dessas. e na delegacia ele sentado na cadeira, cabecinha baixa, uma vergonha sem fim, calado... e o delegado batia na mesa e - gostosa? e ele nada, e mais alto e mais batida-porrete na mesa... - gostosa? e ele nada, e o delegado fulo da vida levantou e deu uma na cabeça do fulano e - gostosa? e ele nada... daqui a pouco o delegado enfurecido e no alaranjado tome tapa, tome soco, tome supapo e quando já tava de bolacha até a tampa ele grita - gustosaaaaaaaaaaaaaaaaaa! e o delegado - almeida, leva esse depravado aqui em cana por desacato e difamação! e ele no caminho tenta mais uns quiquiqui, mas nada que fosse suficiente pra ser liberado... sentou no canto, amuado, cabisbaixo e ficou lá... e um dos outros - cana né? e ele - cana! e outro - é de fude né? e ele - é! e outro - primeira vez? e ele - primeira! e passa o carcereiro e dá umas batidas na grade - silêncio! e todos quietos. e ele dentro daquele colorido todo pensando, - como é que eu faço pra dizer pra eles que preciso chamar dona maria aqui pra me tirar dessa? como é que eu faço? porque se eu chamo ela de certeza vem e eles me liberam na hora... e tira do bolso um papelzinho com um telefone e olha... vai pra grade, olha... e volta pensar mais um pouco, - pois eu não tenho culpa se não aprendi a falar, não é culpa minha... ou talvez seja, se eu nunca tivesse me apegado a essa idéia do joaquim de repetir a fala dos outros, se não tivesse me apegado... ah, se ela me perguntasse "aqui é a rua XV?", eu respondia "aqui" e ela ainda saia me agradecendo, mas tinha que ser gustosa???... e vai na grade de novo e nada demais... nada demais por muito tempo...

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

DO QUE NÓS SOMOS FEITOS?

somos naturalmente orgânicos, sem precisar pensar ou fazer, nascemos assim... somos feitos de compostos completamente orgânicos, nada aqui é, de fábrica, artificial... claro que depois colocamos um plástico aqui, um fio ali, um metal lá, mas no original é tudo orgânico... e dai que um dia eu sonhei acordada que estava no corredor lateral do meu prédio fazendo uma saudação ao sol... na hora achei aquilo engraçado demais, primeiro por ter sonhado acordada e depois por me ver fazendo algo que não é natural pra mim... e ao dizer isso comecei a refletir (quem diria hein!!?!) sobre o que significa pra mim a palavra natural... defini como cotidiano, corriqueiro, costumeiro, normal... mas resolvi ampliar um pouco o espectro da palavra e verificar o que é natural, e fui indo e fui e cheguei em natureza, derivada da primeira... e ao chegar na natureza pensei uma porção de coisas e algumas pra variar bem óbvias...
ADENDO... últimamente tenho feito grandes descobertas em mim e no que me cerca, escrevo várias dessas descobertas aqui, não porque preciso dizer isso aos outros, ou mostrar ou me mostrar, só porque como diz minha amiga Scheila, "escrever pra mim é uma questão de sanidade...", mas percebo que muitas das minhas grandes descoberta já foram descobertas faz tempo por outras pessoas e tem vezes que me sinto meio tola, descobrindo o que já foi descoberto... até que decidi redescobrir e dai ficou mais fácil descobrir que tem coisas que precisam ser descobertas por cada pessoa em seu tempo e não em bloco pela humanidade inteira... logo a maioria das minhas descobertas relatadas aqui não são grandes passos para a humanidade, mas saltos enormes pra mim... prontofalei!!!
VOLTANDO... descobri que o que me falta é ter uma conexão maior com a natureza, mãe de tudo o que há por aqui... mesmo o que não parece natural, na verdade, bem na verdade é... e comecei a pensar que as coisas seriam bem melhores se as pessoas tivesse, cada qual da sua maneira, uma ligação com essa mãe que nos fez e nos acolhe quando precisamos muito ou pouco... saber que sem sol não dá, sem lua idem, sem água, sem sombra fresca... sabe... perceber que estamos aqui não como donos e sim como parte... parece meio piegas, eu sei, mas essa sensação de breguice se dá pelo fato de que muitos já descobriram isso, todo mundo fala nisso, mas pouco ou quase ninguém faz disso parte da sua vida... e não estou dizendo que todo mundo tem que largar tudo e se agarrar a uma árvore e ficar amando ela o dia todo, ou não pisar na grama ou entrar pro greenpace (é assim que se escreve isso??)... não... penso que cada um tem que achar um jeito de se conectar com a natureza e acredito que possa ser dentro de um escritório com um terno e uma gravata sim... não importa como e sim que aconteça de verdade... puts Nana, verdade de novo, você só usa essa palavras!!?!!... mas e daí, o que é que tem usar e abusar da verdade, ela não gasta... tenho que usar pra lembrar que o contrário da verdade é a mentira... e lembrar que mentira não é verdade... entende??... as vezes nem eu mesma, as vezes me perco, mas fico com essas sensações... essas de que temos cada vez mais que nos conectar, perceber as coisas como elas realmente são e saber que não podemos fazer e desfazer e achar que fica por isso mesmo...
entendi, depois de muito pensar, a minha visão-sonho de saudação do sol... e agora não posso mais escrever... depois de dias saudando a chuva, chegou a hora de dobrar os joelhos pruma outra cor... bem mais quentinha e mais dourada...

eu não quero ter um AVATAR

diferente da maioria dos que saíram comigo da sala de cinema, EU NÃO QUERO TER UM AVATAR, não quero ter um corpo possante e diferente do meu, não quero ter uma vida diferente da minha num mundo mágico em que as coisas são resolvidas magicamente... prefiro ficar onde estou, com os problemas e dificuldades de sempre...
não que eu não tenho gostado de ver, não que não tenha me divertido... mas peraí... sabe quando você come e fica com uma pontinha de fome, que na verdade não é exatamente fome, tipo " tá faltando alguma coisinha", um suco, uma sobremesa, alguma coisa... então, foi assim que eu fiquei... admiro quem criou e quem dirigiu aquela parafernalha toda, mas sai de lá com a sensação de que faltou alguma coisa pra catarse acontecer... o que era?... e fiquei pensando... tracei comparações com os filmes que vi ultimamente... olhei prum lado, olhei pro outro... sai jantar e lá é que a ficha caiu, inteirinha... entendi porque foi que tive vontade de chorar vendo LULA, O FILHO DO BRASIL e com AVATAR mesmo tendo cenas de forte "emoção" eu não me emocionei ( e quem me conhece sabe que me emociono até com comercial de plano de saúde)... descobri que faltou uma verdade diferente que não sei explicar como exatamente é... vi o filme do Lula... tinha cenas deploráveis, tinha um monte de coisa que não precisava, tinha a Glória com um sotaque que ia e vinha e passava longe dos nordestinos que conheço, tinha um Lula adulto que falava como as melhores animações de humor do presidente que conheço e depois voltava a falar normalmente, mas tudo bem, estavam tentando dar corpo e verdade cênica aos personagens que são difíceis, principalmente por serem pessoas amplamente conhecidas... mas tinham coisas tipo a primeira mulher dele (mal feita pela Cléo Pires) morrendo que me deixaram pensando que é assim mesmo que as coisas acontecem, num momento temos tudo e logo em seguida podemos ter mais ou não ter nada... tinha essa verdade que não sei explicar em muitas das cenas, e nesse momento não me preocupo se é verdade que aquilo aconteceu ou firula pra ganhar votos, tratei o filme como uma história de ficção, certamente não serei mais ou menos pró Lula por ter visto aquilo, mas certamente alguma catarse aconteceu... já no Avatar, tinha o paraplégico lá com suas limitações e superações, mas isso acabou ficando numa frase e em repetições dele colocando as pernas para lá e para cá... o amor que vi já tinha visto em todos os outros filmes do gênero, a guerra idem, a destruição idem, idem, idem e idem... não tinha novidade nenhuma ali... mudaram as roupas e as cores dos personagens, mas no mais continua tudo igual... e fui até lá com a promessa de ver uma relação muito digna dos na-vi com a natureza, com a mãe terra (terra de chão), ver o respeito com as coisas naturais inserido no modo de vida de um povo, mas acabei me deparando com um tribo-mix-indígena-do-mundo-inteiro mostrando que estavam em plena sintonia com as coisas naturais, isso mesmo mostrando... não vi vida de verdade ali, não vi uma relação...isso, agora acho que encontrei a palavra pra quase definir o tipo de verdade que faltou, RELAÇÃO... as pessoas não estava se relacionando com nada daquilo que estava ali e dai não sei se a culpa é do cara que escreveu, do cara que dirigiu ou do cara que assistiu... mas que faltou relação, ah, isso faltou...

uma sensação

ando com uma sensação forte de que não sabemos muitas coisas e de que falamos e discursamos sobre elas como se fossemos doutores... essa sensação de que melhor do que fazer sentir é falar, é dizer o que eu queremos que os outros vejam, direcionar os olhos alheios pra onde queremos... essa sensação de superficialidade toma conta de mim... ando muito introspectiva neste começo de ano, ano muito observativa, olho os outros pra chegar até mim... observo o comportamento dos outros pra ver o que realmente me toca, que realmente me importa... mas de uns dia pra cá tem sido assim... vejo o que eles me mostram e vou além e no além é que vem essa sensação de que as coisas não vão muito bem, de que cada vez mais a importância está na casca, no superficial, no externo... me parece que pouco a pouco vamos perdendo o contato com as coisas internas, com as verdades, com os sentimentos e sensação reais... passamos a viver numa grande mentira, de mostrar o que queremos, de fazer para fora e não para dentro... e não estou falando só dos outros...
descobri em mim, observando eles, uma porção de "eus", vários tipos de pessoas, e sei que isso não é nenhuma novidade, mas a novidade pra mim está em ter descoberto cada um destes "eus" e perceber o que fazem, como vivem, o que querem dizer e principalmente, o que querem mostrar... agora busco uma conexão entre isso tudo, busco encontrar um amálgama que una essa pessoas que coabitam em mim e saber o que eu realmente quero agora, o que eu realmente sou...é pra frente que se anda, mas não é pra fora que se vive...