segunda-feira, 11 de abril de 2011

MATOU E FOI DORMIR

MATOU por amor e foi dormir. com os olhos ainda brilhantes das lágrimas d'outros olhos, que não mais seus, que não mais os seus de sempre. matou com toda a crueldade que morrer de amor sugere. não era mais morrer de rir. mas não foi o morrer de chorar que esperava que fosse. sempre esperou. poderiam ser tiros, que tirariam de dentro dali uma dor que não tinha mais pra onde expandir. poderiam ser sufocações. poderiam ser murros nos muros que os separavam. que o separava do mundo, em que ele mesmo se retirou. poderia ser qualquer coisa que fizesse morrer, menos rir, menos chorar de rir. ele disse que nunca mais havia chorado de tanto rir. ela disse que ele nunca mais havia rido de tanto chorar. ele disse que ela disse que ela disse que ele disse. depois disseram dele e disseram dela, mas eles não estavam mais nem ai. nem ai, nem ali, nem aqui, nem em nenhum lugar. que é o que acontece quando se mata ou se morre ou se mata e morre de amor. não se está mais. e acaba o que nem mesmo começou. já que quando é assim que acaba é porque na realidade nunca foi. e já se sabe que nunca será. o que não foi, não será, nunca será, não é? 
DIAS depois ainda se ouvia os gritos pequenos de uma briga pequena, uma briga pouca com pouco amor, pouco nenhum amor. pois quando se mata no outro se mata na gente. quando se mata o outro. se mata a gente. quando se mata, se morre?
E MORRER nunca mais foi tão fácil. depois que matou de tanto amar, de tanto amor. nunca mais ninguém conseguiu morrer sem soltar um riso triste de dor. ninguém mais morreu de tanto rir ou chorou de tanto rir ou de tanto morrer. nada mais foi tão fácil assim. quanto amar de amor e o amor de amar. as sufocações eram então intrínsecas. era pertinentes aos penitentes descendentes de um amor que mata e morrer ao mesmo tempo. 
EU NUNCA MAIS VOU TE AMAR TANTO QUANTO NUNCA TE AMEI. ele disse e ela disse. disseram que eles disseram, antes de tudo ser somente um não amor ou desamor à dois.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

E OS DIAS COMUNS, DE QUEM SÃO?

Onde estão aqueles dias comuns, em que não se sente nem dor, nem a alegria eufórica que nos é cobrada? onde estão aqueles dias em que se acorda, que se faz as coisas sem se cobrar, sem ser cobrada. em que as pessoas levam em consideração que cada um tem a sua individualidade e que a sua pode ter haver com a minha, mas não necessariamente. porque as vezes nos dói a dor do outro, porque as vezes nos doem as nossas próprias dores, que ninguém mais vai sentir, que ninguém mais vai saber, que com exatidão só em mim. e é tudo tão volátil, que nem bem sentimos a dor das dores e já vem as alegrias e tudo se mistura e tudo se funde e nos fode a vida, nessa mistura desconexa da agilidade de carregamento em que vivemos. 
tem gente andando tranquila aqui, enquanto lá tudo se desfaz. tem gente chorando aqui, enquanto ao lado outro ri até não poder mais. a globalização dos sentimento, a padronização do humano. e quando se globaliza, nada mais importa, nada mais vale, nada mais. a tragédia de hoje, se desfaz na de amanhã e na de depois e na de depois e no fim da novela e no fim do reality e no fim do que havia nos tempos em que ainda havia alguma coisa.
eu não sei mais. eu não entendo mais. eu não quero mais. eu não. 

só um eu globalizado.