sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

NÃO HÁ NADA MAIS QUE POSSA SER DITO HOJE OU EM QUALQUER OUTRO DIA DEPOIS DE HOJE

eu resumo pra você toda minha existência, toda minha insistência em dizer o tempo todo o que sou pra mim, o que sou pra você, o que sou pra quem eu não conheço, desconheço o meu eu por trás disso tudo, que é um pouco mentira, que é um tanto mentira, que é pura mentira... eu não sei o que você vê ... eu só vejo o que eu vejo e nada mais poderá ser dito depois que meus olhos se abrirem para o seu olhar, nada mais poderá nunca mais ser dito aqui depois de tudo isso ou de nada disso... nada mais é só mais uma tentativa de por fim em uma coisa infinda, uma coisa que não tem fim mesmo que eu coloque um ponto final , mesmo que eu rasgue e jogue fora, mesmo que eu feche os meus olhos pra mim, pra vocÊ, PRA TI... nada mais poderá ser dito, escrito em letras miúdas ou garrafais, mesmo que as garrafas estejam vazia num fim de tarde azul e abóbora no prato que sirvo ao seu paladar... mesmo que deseje bom dia a um desconhecido, mesmo que diga em voz alta que confio em você tanto quanto confio em mim, já que nem tanto assim é o nome que dou as coisas que tenho e que vou ter daqui pra frente e vou mentir mais uma vez e dizer que ou mudo ou me mudo ou me calo ou não sei mais o que dizer em dias assim que nunca soube e você não saberá o que fazer com as flores depois que eu me for, me formar em plantologia e dizer que tudo o que você tem feito até agora está certo e você vai se perder no meu pensamento e eu me achar nos seus, você vai se perder dentro de um coração todo revestido de vermelho como deve ser todo e qualquer órgão interno o meu não é diferente é igual ao seu é igual ao dela é igual ao do meu pai e da minha mãe e dos meus irmãos que me disseram que são todos os que existem na terra e você verá que não sou nada mais do que um punhado de luz na mão de um Deus que eu idealizo e que talvez não seja assim tão bom, não seja assim tão forte e que de fato não exista tão assim assim como eu acho que ele existe com barbacabeloebigode e você vai ficar chocado dentro de um ninho de gatos e sair da casca e descobrir muito mais casca por fora do que por dentro e pêlos em ovos e tudo o que você achou que nunca iriam descobrir de ti... e falar de ti é o que eu faço quando quero falar de mim já que é assim que faço e que vejo e que sejo... e sejo é palavras que eu escrevo e que descrevo como ser o outro num dia em que você deveria ser você mesma, eu mesma, não vamos tercerizar, não vamos individualizar, não vamos divagar, devagar é que devemos ir quando estamos não tão certas de que o caminho é esse mesmo... eu abro os olhos... eu abro os meus olhos, eu abro e olho ao redor, estou sentada na frente da tela do meu computador, nem é meu esse computador, nem é meu... abro os meus olhos e vou bem devagar... divagar com as coisas que acabo de escrever de tiro, como um tiro que sai das pontas dos meus dedos e vem em direção ao meu peito e é devagar que as coisas acontecem nesse momento, e você faz o favor de ler o texto a partir daquele trecho bem devagarinho pra me ajudar a dar dramaticidade as minhas mentiras... e eu olho ao redor e vejo logo todos os que conheço e penso que é o fim e vem ele e me diz que é só o começo e que fim é a única certeza que não devo ter e vou me desligando aos poucos de tudo o que há e minhas palavras vão saindo c-a-d-a v-e-z m..a....i...........s dem o
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dos sonhos...dos sonos

VOU DESMAIAR DE SONO!!!


cair no chão e dormir gostoso! talvez eles nem percebam, estão matando moscas! eu tenho vontade de rir de tanto sono! rir e ir diminuindo o riso aos poucos, ir deixando o riso morrer num ronco e depois num suspiro e depois num sonho e depois num despertar! "mocinha, traz um café pra mim, descafeinado, sem açúcar e sem creme!" acordo!!! "mocinha, traz um café pra mim, com açúcar e muito creme, café forte!!"...acordo...



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VOU MIJAR E JÁ VOLTO!



e entra no banheiro e dá de cara com uma banheira lotada de almofadas multicoloridas. apalpa com vontade, sente o recheio, o tecido, a maciez, a fofura! está entorpecida. senta na beirada e vai indo, cedendo lentamente ao chamado. deita meio corpo, deita corpo inteiro. nada nas almofadas, pirueta, gira, costas, borboleta... passa horas ali, numa banheira de almofadas. batidas discretas na porta. batidas fortes na porta. sobressalto. pula. olha. espera. escuta. repete. soca ar. não estava sonhando sentada na privada, tinha mesmo uma banheira de almofadas. tinha dormido alguns minutos. abre a porta. mau humorada!!!!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

das cores uma só

gostaria de poder expor a minha dor em cores menos vivas, gostaria de expor em preto e branco... falar delas sem gerar conforto dos meus amálgamas, sem turbilhão de lava-roupas sujas no varal... gostaria de falar dela sem corar em vermelho rubro, sem gerar conflito de paleta, sem cor... mas elas me perseguem e me acompanham , por vezes chegam antes de mim... chegam onde eu sozinha não vou e desdizem meu nome por lá... queria falar das minhas cores num branco pálido e gélido que não deixasse escapar verdade nenhuma de mim... que não deixasse falar por gestos ou ações as minhas cores internas...

des-cobertas

com frio ou com calor as (des)-cobertas são o que há de melhor em mim... como um corpo na cama com frio que se esconde atrás de cobertas e se puxa pelo pé o cobertor e lá vem mais uma descoberta seja ela literal, seja ela poética, seja ela imaginária, seja ela lá o que for, mas é mais uma descoberta, uma coberta que des e se vê o que até então não se poderia ver, só imaginar, só pensar em ver... descobrir por depois das cascas, dos casacos, das peles o que vem... olhar por dentro do pijama que estão todos todos os dias... o que vale é a procura, o que vale pra mim é o jogo que jogo comigo mesma todo dia, de descortinar um pouquinho do que está aqui dentro e nessa de olhar pra dentro das minhas cobertas acabo por encontrar um reflexo lá de fora e nele vejo pessoas e cobertores se abrindo pra mim...

vou lá dentro e já volto...

e se me encontrar por lá pode deixar que transmito o seu recado... transmito por inteiro e não deixo de falar dos pormenores que você sequer referiu, eu falo tudo e um pouco mais, falo das moças, falo do rapaz, falo de tudo o que puder, sem pudor de dizer o que realmente você quis dizer, o que você realmente quis falar... das coisas que estavam guardadas em ti, que estavam coladas em você...dos olhos que olham o tempo todo a vida dos outros e esquecem que dentro também tem muita coisa e que basta entrar, e que estando dentro basta olhar pra ver as coisas em seu devido lugar... sem alegorias toscas que não te fazem, que te fazem para os outros e não, nunca te fazem pra ti, já que com você, ainda que velada é uma verdade malvada, já que este nome é o que você quis dar a ela, poderia ser porca ou cadela, mas você quis malvada como a mãe do Morfeu quis... e vou te dizer umas besteiras, daquelas que se compra em qualquer supermercado e dizer que nada disso tem sentido se não está com as extremidades formigando, se o pensamentos não estão deturpados por uma recado de você mesma pra ti, só que não pra tua cara de pau do diadia, não praquilo que você acha que é o teu eu verdadeiro, o teu eu primeiro, o símbolo de ti... porque tanta garganta rasgada, garganta forçada se ela pode simplesmente dormir, sorrir em verdadeiro sorriso, sorrir de ti... você entende quando eu digo que amanhã preciso de verdade descongelar a geladeira e que isso é no momento o que tenho de mais sincero em mim... entende em que ponto estamos e em que ponto chegamos quando chegamos até aqui... talvez uma loucura latente já esteja em ti mas talvez seja só a goela, uma goela que grita palavras que não sabe de onde vem... talvez do telejornal, da novela ou de qualquer outra coisa tosca, como blog, orkut e youtube... meu inglês medíocre me impressiona em horas assim... nessa chuva de palavras que me acomete e gostaria sinceramente poder dizer aqui que era bramstorm e que não haverá nenhum erro crasso, se nem crasso sei se escreve assim, mas o que tá aqui dentro não precisa de regra gramatical pra sentir e as teclas vão se mexendo velozmente e deixe que seja assim, já que meu mundo gira nessa velocidade absurda e eu quero ir pra dentro, um lugar que nem sei se existe em mim... acabo com uma frase de efeito e digo fim, na mentira que vivo, mentindo só e sempre pra mim, está de bom tamanho... e fim...

sob influência do seu mapa astral...

não do meu e sim do seu... o seu mapa norteando a minha mina, minha menina também é mina... o seu mapa estampado no fundo dos meus olhos d'alma... estampado e filtrando minhas visões e meus pensamentos... tudo em branco e se gira devagar tudo colorido como aquele vestido já usado no dia em que você nasceu... eu vejo o mundo com uma lupa... tudo é grande e muito claro, eu vejo o que os outros sequer sabem que existe, olho tudo com meu grande olha grande... e lá está você, lá está ela, lá estou eu, lá esta o mundo e eu com minha ampliação... vejo detalhes das coisas, cada partícula, cada partilha, cada partida... vejo... não há o que fazer... é dádiva eles dizem, ver o mundo nessa proporção... digno... e eu olho e lá vem as coisa, todas daquele tamanho, aquele em que formiga mata dragão... e as unhas roídas sem serem comida, pré-roídas, ainda estão nas pontas dos dedos nas pontas das mãos... mas o ato foi feito, foi planejado e executado, mas as unhas ainda estão quase intactas e acreditam na minha amplificação... mas me diz o mapa, da mina do tesouro do besouro e não se ofendam com tanto adjetivos, com tanta adjetivação... só piada das minhas, as mentirinhas certas de fim de domingão... e com a rima ao caralho... minha lente sempre posta, imposta ao meu tipo de visão... e no meu mapa p sol bem no meio...
A CONCLUSÃO
eu vejo o mundo de uma lupa e tenho o sol bem no meio do meu mapa astral... coloca uma lupa com o sol bem no meio... a minha lupa está voltada para o mundo e eu queimo o meu mundo todos os dias desde quando o sol chega até quando ele vai... alguma explicação pra escrita acontecer sob a lua... finda a queimação...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

SINAIS

quão difícil é perceber o que está tão perto, quanto mais distante melhor se forma a visão, quanto mais perto mais detalhes vemos ou não vemos nada... será que muito disso que fazemos não é um sinal, será que não são sinais que damos um ao outro, sinais do que não vai bem , do que não está... porque é tão difícil perceber os códigos que usamos pra dizer o que nos falta em relação ao outro, em relação a você... porque quanto mais nos aproximamos do detalhe mais perdemos a noção do todo... porque chegar tão perto do coração se perde-se a noção de que há um corpo que clama por atenção... talvez passar batom, mexer no cabelo ou abrir levemente a boca em "a", talvez congelar uma "pose", talvez escrever, talvez piscar muitas vezes, talvez tudo isso queira dizer que estou aqui, inteira, e que é inteira que preciso de ti... talvez olhar para o lado seja um forte sinal, talvez a frase seguinte que mecanicamente percebe o olhar também queira dizer alguma coisa, mas nos falta interpretar o que cada um faz, o que cada um diz sem dizer nada... pois sem interpretação fica impossível a evolução, a manutenção das coisas normais, das coisas reais, das coisas que não são só do coração... estamos o tempo todo dando sinais, sinais do que somos, de quem somos, do que fazemos, do que vamos fazer... será hora de emitir menos e receber mais?... não sei... mas sei que tanto eu, quanto você estamos dando sinais, mas nenhum de nós consegue ver... estamos no escuro de uma percepção alterada que nos faz caminhar à esmo, sem ver...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

histórinha comum

levantou da cama, colocou os dois pés no chão, baixou os dedões que sempre queriam chegar mais rápido ao céu... caminhou até o banheiro, lavou o rosto, o olho direito estava vermelho, inchado, pingou colírio, secou. escolheu uma roupa qualquer, vestidinho preto de malha surrado. calçou chinelos de dedo, baixou mais uma vez os dedões que teimavam em subir sem saber da continuidade, sem saber que não podem sair voando sozinhos... para voar teriam que carregar o corpo todo pelo ar... saiu na rua sem motivo, sem saber o que fazer fora de casa, sem saber porque não ficar no seu canto... saiu meio tonta de calor e de céu azul... caminhou pelas ruas e percebeu os outros, os que ficavam, os que passavam, os que não iam nem ficavam... percebeu todos os que passaram pela sua vida naquele momento... escutou meias conversas, escutou juras e telefonemas, imaginou o outro lado da linha, imaginou de onde vinham... se imaginou neles... pois a caixola pra funcionar numa manhã qualquer... foi até a praça, sentou no banco e não desviou nenhum dos olhares que iam ao seu encontro... não desviou nenhum, preferiu ficar na avenida que se forma quando se cruzam dois olhos que se olham... pensou num mundo de pessoas iguais, da mesma cor, com os mesmos olhos, boca, nariz...pensou nas pessoas olhando os outros e vendo a si mesmos, delirou naquele mundo irreal... olhou para alguns e se viu, como pares, como clones seus espalhados pela cidade, riu sozinha da sua piada interna, sorriu... ficou horas pensando em criar uma metáfora para cada um dos seus pensamentos velados, quebrou a cabeça, fundiu os miolos... achou melhor deixar guardados do que ter que metaforizar... olhou para a praça, olhou para o pipoqueiro cortando bacon, fritando pipoca o dia inteiro... ele não comeu nenhuma pipoca, jogou sua parte aos pombos que esperavam ansiosos pela graça de correr de encontro a pipoca no chão... olhou o pinheiro com os braços abertos, vários deles, pegando um vento nos seus sovacos, balançando as mãos de folha contra o mesmo vento, espalhando seu jeito de viver pelas ruas e avenidas... ajeitou-se no banco, queria ficar confortável para não se preocupar com mais nada, só com observação... viu a dona do cachorro passeando com seu bicho, com sacolinha na mão e se abaixa e cata o cocô quente do filho e joga no lixo e nem cara de nojo e encontra mais pra frente mendigo e torce o nariz pro fedor do não-banho, pro cheiro de roupa lavada no chafariz... e torce o nariz enquanto o cachorro-filho mija no seu pé... e mais pipocas pros pombos e pra mulher que compra um pacote pra criança grudada em sua mão, como uma pessoa em duas versões, a grande e a pequena... e a versão pequena nem bem pega o pacote e derruba mais da metade da parte salgada, e os pombo agradecem num ruuuuuuuu... e correm pra pegar sua parte nesse mundo de pipocas e pessoas e pombos... as nuvens então se mexem, andam de um lado para outro, impacientes... andam, fazem desenhos, desmancham, mancham o céu azul... se preparar pra lavação de fim de tarde que certamente ocorrerá... olha o anuncio no outdoor, o pedido em letras garrafais pra mulher voltar pro cara... pra casar com ele... olha aquele outdoor sem olho, sem boca, sem nariz e pensa quem responde um pedido feito sem cara, sem voz, sem amor... um outdoor com um pedido de casamento serve para qualquer pessoas que ler, não serve?... procura o telefone no fim da mensagem e não encontra... mensagem incompleta... resolve parar de olhar um tanto e de respirar outro tanto... resolve deitar no banco e parar de respirar por uns dias... aperta o nariz... espera... fecha os olhos, espera... escuta os barulhos da praça indo pra longe, bem longe... mantém a respiração parada, agora sem tampar o nariz... mantém os olhos fechados... os barulhos ficam tão distantes que quase nada se ouve... aliás, se ouvi sim um silêncio que se aproxima... espera mais um tanto... pensa em respirar, prevê o que acontecerá em seguida, desiste... um homem de branco quebra o silêncio custoso que se aproximava com um assobio... ela abre as narinas e os olhos de supetão... está sentado na beirada do banco em que ela estava deitada... seus olhos grande olham para os dela, ela sabia disso mesmo quando estava de olhos fechados... olha os olhos de avenida do homem... olha para as mãos, para os pés, são como os dela só que de outra cor... são os dela só que de outra cor... é ela de outra cor... sorri e meneia com a cabeça... ensaia um aperto de mão... ensaia mas não faz... deixa subentendido que há um cumprimento ali... senta no banco e coloca as mãos nos joelhos... sorri por dentro e deixa escapar uma pontinha e o homem lhe diz sem palavras "eu vi, você sorriu"... devolve o sorriso que roubou... ela sente seu ouvido sendo puxado para aquele colo... sente que não poderá resistir por muito tempo... deita no colo de calças brancas... sente no outro ouvido a mão de outra cor sendo aplicada em vai e vem... deixa os olhos abertos e repara na praça lateralizada, olha as coisas que na vertical não se consegue ver... olha a conversa das pombas, tão distinta... olha os pés do pipoqueiro, iguais aos seus, mas de outra cor... olha vários pés iguais que passam para lá e para cá... olha para os próprios pés que saem sozinhos, andando pela praça, atravessando a rua, sumindo depois de uma esquina... ouve palavras ao ouvido... sente calor, sente frio, sente... ouve a circulação sanguínea no ouvido que está repousado na coxa, não sabe se quem pulsa é ela ou ele, as pulsações são iguais e da mesma cor... sem perceber sente a respiração parar... sente a flutuação... a mão no ouvido, o cheiro de sol, a praça de cima, o mundo de cima... olha os pontinho e não sabe se são pombas ou pipoqueiros...

inação inanição inanão inanimação

nenhum movimento interno acontecendo, nenhuma ação... com as coisas de dentro paradas na beira de uma estrada que reflete o não numa placa fincada na beirada... com os passos parados num ponto onde não há nada, nem ponto de ônibus, nem condução, nem posto, nem civilização... um deserto na frente, uma geleira bem branca no verso... sem apetite pras coisas carnais, sem carne, uma inanição... um buraco negro um branco, uma indecisão... inanão... desanimada pra mudanças tipicas dos seres humanos comuns em fim de ano, inanimação... desanimada de ser ser humano comum, de ser ser humano especial, incomum... uma inanimação... nem moda, nem muda, nem fala, pouco escreve, nem vai, nem fica... nem saliva se junta na boca, nem de outro a saliva... sem veludo, sem seda, sem sede do novo, sem vontade do antigo... uma paralisia sentimental atípica dos seres humanos em época de natal... nem pinheirinho na sala, nem luz no quintal... sem...

domingo, 29 de novembro de 2009

caminho

da busca ao encontro, que se fez, que desfez o rosto em águas, que desfez o semblante em uma dor latente que se fez tão dura como as pedras que pisou... como as pedras que bateu, como as que ao rio arremessou... na vastidão de um mundo vão fica a dor de uma lacuna que não será preenchida por falta de uma vida que se foi... ficam os braços que não se perdem nos abraços, mas se encontram mais adiante, numa curva, numa beirada, numa outra parada ou num ponto onde muitos descem e poucos sobem... fica o calor da mão e palavra certa que inspira o incerto das realizações... fica o joelho dobrado e batido que se desdobra na direção da dor que se desfaz depois da agonia e só depois do ar que falta, do aperto e da sensação de se perder a vida que já se foi... das lágrimas molhando o rosto, molhando o chão, criando um rio de saudade e dor... um rio que leva e deixa, que traz de novo o novo que virá... o mar se agita em ondas que fulminam o próprio peixe que lá está, que deixam a sereia do mar preocupada cantando notas em baixas toadas pra acalmar a solidão... que vem como tempestade certeira que varre a areia e molha por dentro do coração...
e novamente nasce o sol e seca as molhações que estavam até então e deixa seco e deixa secando ao sol as dores, as emoções... e deixa no peito o nada de sempre, o vazio habitual de uma saudade que já não dói, sendo ela a certeza de que foi melhor... sendo ela a certeza de que quando o peito precisar ficará cheio novamente, de amor se preencherá... fica a mão preza na outra que nunca mais solta, que nunca mais sozinha, que nunca mais solidão... já que em outras estradas agora em carreira se encontra caminhando ao lado de quem ama e vendo de cima os que sempre amou... sinto não mais a dor que esmagou meu peito, o afogamento das emoções, sinto a paz de um mundo inteiro que está nas costas mas com fio-barbante sendo puxado por quem já se foi...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

virtualidades

eu temos de verdade as virtualidades
que nos levam prum mundo
que nos tiram de outro
tão real
tão irreal
tenho medo de me tornar máquina
de escrever, de descrever, de não viver
tenho medo de virtualizar
de começar a esquecer
como se faz na verdade
pra viver
tenho medo de me chipar
de me raquear
de deixar entrar em mim um vírus
que destrua o programa
que me torna humana
tenho medo de acordar um dia
estar dentro de uma tela
de não mais falar
só digitar
só digitalizar
só pixalizar
de não sentir
as virtualidades estão cada vez mais presentes
mas no futuro eu temo
que não se saiba mais
como lidar com pessoas ao vivo
nesse mundo tão morto
das virtualidades

aos abutres com carinho

vou retirar meus olhos da face e jogar aos abutres, vou contratar uma dúzias deles para me seguir até o fim do mundo, onde jogarei meus olhos como pagamento pelo trabalho...
vou retirar da face sem lacrimejar e atirar ao alto, vou gritar bem alto números de um até três e arremessar para que sejam devorados ao vivo, ao morto, para que sejam devorados e tenham mais serventia como alimento de estômagos do que tem servido à minha'alma...
vou retirá-los de onde agora estão já que não me cabem, já que não mais me servem, já que olham o que não se pode ver, olham o que não devem... vou retirá-los e deixar de aviso para que os demais órgãos possa saber de maneira cruel e pontual o que é que acontece quando um deles desobedece os meus desmandos...
vou retirá-los sem aviso, sem prejuízo ao meu juízo abalado pelas fotografias que tiram meus olhos sem que ao menos eu possa me defender, me revelar... vou caminhar sem sentido no sentido da minha intuição, tateando no escuro a beira do muro da minha sanidade mental...
vou retirá-los e esquecer que um dia os tive, que um dia olhei, que um dia vi... retirá-los e colocar no lugar duas cobras, dois escorpiões, dois venenos, dois desagrados, duas buricas foscas... colocar no lugar qualquer coisa que minta pra mim e não me revele verdades envenenadas pelas imagens que se formam adiante da minha retina...
vou retirar os meus olhos num dia de sol e jogar aos abutres, já que carcomidos eles já estão por dentro, só me resta levá-los ao júri do meu pensamento que os condena a virar alimento de ácidos e não das minhas amargas desilusões...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A+3+3= 60 ANOS OU NÃO???

eu estou caminhando na direção certa? estou caminhando na direção certa agora? estou caminhando então? vocês estão caminhando e (pausa) vocês estão caminhando e (pausa) eu não estou caminhando mesmo quando vocês estão caminhando no caminho certo. vocês caminham e eu não, vocês e eu não. apague e luz, por favor. apague a luz? apague a maldita luz, por favor? apague! (grita) a-pa-gue!!!
minha mão está dormente, não há mais sangue nela? você consegue ver que não há mais sangue na minha mão agora? eu carrego uma parte do mundo comigo, como uma mala com uma muda de roupas, uma muda na mala, uma parte muda do mundo que não muda, eu não mudo! não mudo! não mudo de mão se você me ajudar e criar um mundo com muito gás hélio, eu não mudo...
eu sei dos meus papéis aqui, sabemos todos não? eu caminho quando vocês caminham e conversamos coisas banais no caminho de volta para casa, quase o nosso caminho de volta, não venta, não volta. caminhamos rumo ao conhecido caminho de volta pra casa. eu vou rir agora, vocês me acompanham? me acompanham no caminho e num risinho que pode aparecer pelo caminho de volta ao começo, pode aparecer no meio do começo!
todos conhecem essa porta, as portas mudam, muda? é nessa hora que eu pergunto e vocês me respondem. tem um "V" na portaria e um "B" na poltrona. as portas mudam, eu pergunto e "V" me indica a escada. vocês vão de elevador, eu me pergunto? vão de elevador? vão me perguntar, eu me pergunto?
a mesma porta, elas mudam, as portas mudam conforme me mudo? elas mudam de porta em porta. ela se abre num risinho. começo meu meio, movimento, movimento tentando um silêncio que ecoe um mundo mudo enquanto me mudo. espero. espero. espero.espero. o elevador não muda, não como as portas. onde sobem vocês agora? onde sobem? começo.
mais uma porta se muda. agora em minha cintura que se abre em "M", agora. soco o ouvido contra ela, escuto passos. não são números, são mais letras, são letras sem mais, sem mais são letras. minha mão dormente acorda, o sangue volta, entorna a maçaneta, giro, abro, ouço, agora são números, só agora. caminho enquanto vocês agora estão parados. apaguem a luz, por favor. apague!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

um vestido e um amor

http://www.youtube.com/watch?v=rAQJ6mAsaqI

ESTRÉIA

DIA 25/11 ÁS 20H E 21:30H NA CINEMATECA DE CURITIBA, ENTRADA FRANCA!!!

APAREÇAM!!!

BEIJO!!!!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

experimentação

eu ando pensando numa proposta, e quando a mesa estiver posta eu vou declamá-la em alto e bom som, talvez não seja de bom tom fazer essas declamações assim, com a mesa posta e no prato principal uma posta recheada de amarguras... ando pensando umas coisinhas, umas especificações, uma degradações, umas ões, ando pensando em voz alta pelas ruas da cidade inteira, ando ficando grudada nas paredes por onde passo, paço, liberdade, flores e ruas, ando andando por ai sozinha, com meus botões ou sem eles, ando... e quando chegar a hora não vou me recolher numa rádio amadora e falar por ondas, quando chegar a hora e ela certamente chegará, já que o tempo não para de nos rodear e nos perguntar as horas essa hora vai chegar e eu desta vez não me atrasarei, chegarei mais cedo pra me preparar para quando a hora chegar... estarei sobre o palanque, banhada de suor e maquiagem, estarei de figurino pronto ou quase pronto e pronto será chegada a minha hora de falar ao vivo e em muitas cores, falarei uma cor da cada vez, eu decorei as cores, sei decór... não virarei os olhos, não virarei de costas, não virarei outra coisa se não uma porção generosa de cores-aperitivo em dia de verão... ando percebendo os jeitos das coisas e das pessoas, como elas são e como na verdade não são nada mais do que umas coisas-pessoas-coisas... ando reparando no mundo com uma especial dedicação, fico horas só nisso, reparação... fico horas, como um creme para cabelos com pontas duplas e secos e quimicamente desgastados, fico horas só em reparação, grudada no mundo que é agora o meu cabelo mau tratado e também sou creme e touca térmica e cabeleireira e esteticista e secretária e o mundo todo sabe disso e se desfaz pra mim, pra que eu possa reparar, ele para e repara como eu reparo nele e age como se nada mais pudesse acontecer se não reparar o que já foi feito, o que já foi dito e escrito e fotografado e filmado e comido, um chopp em pleno verão, em praça pública, publicamente tomado, sugado até a última gota e no fundo um recado que não se pode ler já que está molhado e borrado pelo suor que só escorre em dias de verão...verão que sei do que falo, falo com a boca gozada, cheia de expressão, um prazer imenso que vos falo, falo, falo, falo... e a voz pica, fica picotada quando o telefone toca e estamos todos dentro de um túnel, este que nos colocamos para ligar uma coisa a outra, pra ligar e receber ligação e a frase fica picada pelos mosquitos da verdade que nunca mais apareceram por conta dos repelentes que temos nos bolsos de nossas calças sarouel, com o fundo do poço arrastando e nos deixando ainda mais profundo do que nunca somos, do que nunca chegamos tão fundo assim em nós... e o blábláblá continua até alta madrugada e quando para de falar escrevo bilhetes em pequenos caderninhos e entrego aos que passam rapidinho pela rua da minha vida, uma rua sem saída em que moro desde aquele dia em que nunca mais ouvi uma boa música e nunca mais comi uma boa comida e nunca mais nada por aqui, nada em piscina seca de lágrimas que poderiam ter sido e não foram, secas de lágrimas que poderiam ter corrido olho afora, mas agora olho e nada vejo e nada e morre na praia que se transformou de tanta areia que jogo nos meus olhos contra um vento que sopra nos meus ouvidos mais um samba-canção, tiro o calção, as meias, penduro as chuteiras e perduro a sensação de que o jogo ainda não acabou, penduro os quadros negros em meus buracos igualmente da mesma cor e decoro a fala da sala que tudo isso se transformou...
acordou numa manhã comum, de tão comum que era o sol estava amarelo, as nuvens brancas e o céu azul, desejou não ter olhos e correu para o espelho para vê-los, passou rimel e batom nude, fez caretas leves e quase sorriu, calçou os sapatos baixos e pegou as chaves do carro...tinha medo de dirigir desde então... desceu até a garagem, abriu a porta, sentou no banco do motorista, colocou a chave na ignição... respirou fundo, deu partida... pegou a bolsa que estava ao lado, discou número iguais... disse o endereço, levantou, fechou a porta, trancou, colocou a chave na bolsa e caminhou até o elevador...quase chorou... foi até a portaria e esperou, realmente... o céu continuava azul, as nuvens brancas e o sol amarelo, desejou abutres...

decór

eu já sei decór
dessa sua ausência de cor
desse seu suor
eu já me decorei com flor

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

as vezes eu tenho uma saudade guardada-grudada no meio do peito, saudade de umas coisas que não sei o que são, de outras que nem vivi... as vezes eu tenho uma saudade boba de gente que não está mais aqui, dos anos que não conheci, de cheiros, de cores, de sabores que ficaram guardados... as vezes tenho saudade de um futuro tão distante e de um passado colado em mim... as vezes tenho saudade de uma ingênuidade que nunca tive... tenho saudade de ser simples, de só ser e nada mais... as vezes tenho essa saudade tatuada aqui, dentro de um peito que sofre pelo que não foi, pelo que não está por vir... as vezes tenho essa saudade, essa aqui... essa saudade de peito cheio, essa que deixa o peito vazio e se vai...

ingênuidade...

morar no meio do mato, com aquele cheiro de lenha queimando no fogão... acordar antes do sol e recolher os ovos das galinhas, tirar leite das vacas, lavar roupa na mão com sabão em pedra, comer pão caseiro com manteiga de garrafa e café recém moído, passado no coador de pano e servido no bule, tudo feito em casa... passar cera vermelha no chão, vassourão pra dar brilho e óleo de peróba nos móveis de mogno... ver o dia passar pela janela de uma casinha de madeira, com pintura meio desbotada do sol e uma marca de barro uns centímetro do chão feita pela chuva, muitas toalinhs de crochê, um quadro do nosso Senhor Jesus Cristo todo enfeitado na parede da sala, sala sem tv, sem computador, sem internet e o escambau... saber o que é telefone mesmo sem ter um, colocar uma saia gasta, uma camisetinha velha e um chinelo desbotado e ir pra horta, mexer na terra com as próprias mãos de unhas não feitas... plantar salsinha, cebolinha, cenouras, alfaces, um pequeno tomateiro, cuidar de uns pés de frutas e depois ir pra dentro fazer doces e compotas com açúcar cristal ou mascavo que serão entregues na cooperativa... usar panela de ferro e uma caldeirinha... nos fundos da casa um pilão pra socar milho e fazer quirera pros bichos e fubá pra nós... e lá mais adiante um paiol, com os grão guardados, pra poder trocar com os vizinhos, arroz por feijão, milho por amendoim, verduras por outras coisas, ovos por conversas, ter erva-doce pra colocar no bolo de fubá e tomar chá da tarde sentada na varanda... jogar conversa fora nos dias de domingo depois da missa na capela...
esperar o sol ir descansar, escutar as maritacas indo dormir nos pés de ingá... ligar o rádio e sintonizar na am, ouvir aquelas músicas antigas bem bregas, como " o tempo vai, o tempo vem, a vida passa e eu sem ninguém, cadê você, que nunca mais apareceu aqui...", escutar o rádio a pilhas passando uma pilha de roupas com cheiro de sol, enquanto a água do jantar ferve no fogão à lenha... colocar um frango no fogo, fazer polenta branca, arroz com urucum (bem amarelinho), feijão com cebola e alho fritos na banha, uma salada de almeirão e tomate, uma jarra de laranjada e uma ambrosia pra sobremesa... esperar o marido, que volta da lida com a marmita vazia e a barriga também, passando roupas e olhando pela janela... comer a janta na mesa de quatro lugares, ouvir o cochicho das galinhas, fazer uma oração antes de engolir, pegar a farinha de mandioca bem branquinha que esqueci de colocar na mesa e comer de colher... sentir o gato passeando pelas pernas embaixo da mesa e o cachorro latindo pros sapos do lado de fora... pegar uma Sabrina pra ler enquanto ele escuta a hora do Brasil... ligar o lampião quando a luz elétrica desligar e deixar a revista quando começar o meu programa musical favorito de sambas-canção...
escovar os dentes e tomar banho com sabão de coco, passar leite de rosas depois, prender os cabelos num coque e ir para a cama, fechar as janelas da sala e deixar as do quarto abertas, colocar o mosquiteiro sobre a cama... vestir camisola cor-de-rosa e penhoar da mesma cor, uns chinelos de pano... deitar na cama com lençol branco do enxoval que veio de Minas, sentir de novo o cheiro de sol... sentir a mão que passa pelo meu cabelo, sentir a boca que me dá um beijo na testa, alcançar o terço no criado mudo, sobre a pequena bíblia... rezar em agradecimento por mais um dia, pedir chuva ou sol para ajudar na plantação... cobrir-se com um lençol bem fino, ouvir as pererecas cantando debaixo da janela, talvez até Godofredo, o sapo velho e gordo... ouvir o silêncio e fechar os olhos bem de leve...deixar que venha outro dia...simplesmente deixar...

domingo, 15 de novembro de 2009

efemeridades

preciso falar das coisas efemeras
preciso falar do agora
das efemeridades que passam tão sutilmente
preciso falar do que registram os meus olhos
preciso falar das minhas fotografias
das efemeridades que ficam marcadas em minha retina
preciso falar do que não entendo
preciso dizer o que me marca
das efemeridades que me abrem o peito com pressa
preciso falar e me ouvir
preciso dizer e respirar
preciso da efemeridade sempre presente
preciso da delicadeza do olhar
preciso do sorriso inocente
preciso dos meus olhos abertos
preciso das minhas mão no teclado
preciso saber que existo o tempo todo
preciso alimentar minha alma
preciso respirar seu ar
preciso que nunca me entendam
preciso que não tentem
preciso que me tentem
preciso das minhas preciosidades
preciso de uma vida efêmera
preciso efemerizar

com o sol bem no meio de uma grande tempestade

o sol se abre em meio a uma grande tempestade, que tem trovões, que tem raios e explosão de geradores... um apagão em plena luz do dia... um apagão...talvez eu precise olhar mais fotografias, talvez precise fotografar mais dias assim e guardar dentro do porta-retratos, meus retratos...
meu peito com um coração dentro, bem no centro das atenções, das minhas atenções, é meia de seda, tenho unhas afiadas, um coração de meia-calça que se rasga com tamanha facilidade, com tamanha vastidão, se rasga puxa um fio que corre por toda extensão... tenho um coração de meia de seda, bem fina, bem frágil... não vivarina, não, só meia fina, de seda, vermelhinha, e unhas que volta e sempre puxam fio, desfiam o meu coração... quem dera fosse de papelão, quem dera...
lá fora o tempo corre calmo, clamo por mais uma gotas, clamo por umas a mais, mas o silêncio que vem lá de fora, de fora da minha vitrola, este silêncio silencia meus pedidos, inocenta minha boca que chama, que clama e por fim se cala, se fecha num silêncio gritante de batom vermelho...
minhas mãos poderiam ir de encontro, meus olhos poderiam faiscar, os gritos poderiam ecoar por vidas inteiras, poderiam ecoar pra dentro de sua alma, mas não... fica o que calo com uma dor resignante, fica o que deixo num ar plumbeo, fica o que é rastro da minha insatisfação perante o que meus olhos me mostram e só a mim, fica o desgosto do doce amargo que na boca se forma a cada palavra mal dita, mal falada que da sua sai e por sair deixa no ar o peso de uma vida inteira...
eu tenho o sol bem no meio e não sei o que isso significa, não sei o que significa ter um sol, nem o meio disso que não tem começo, meio ou fim... eu não sei se esse sol me ilumina ou me queima, só não sei...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

silêncio

silêncio, é o que eu ouço agora... quando calam todos e só os pássaros tem tempo e não dormem e avisam que está próximo o colapso diário dessas veias asfalticas... eu caminho, quase flutuo pelas ruas agora tão livres como meus pés no asfalto, silenciam todos os ruídos que nos fazem acreditar que é parte nossas essa falsidades... silencia a cidade toda numa calma que clama por mais um pouco de tempo, por mais espaço agora tão vago, agora tão denso... não é verdade que a loucura é parte de tudo isto, não é verdade que o caos está intrínseco... quando o vento nos ronda a face, quando dormem as ruas, quando dorme a cidade... quando o silêncio toma conta de cada beco, de cada canto, de cada semáforo... minha boca se abre em cantos mudos pelas ruas... lhe digo e bendigo coisas, declamo poesia em plena avenida e grito baixo que é assim a minha cidade... num silêncio que me fala coisas ao pé do ouvido, dum silêncio que me cala e me faz ver o que há tempos estava oculto... quando cala a cidade é quando mais escuto os seus gritos e lamurias, é quando vejo o que na verdade não é visto, é dito o tempo todo, mas está encoberto pela lama que somos quando ocupamos estas veias, quando colapsamos a cidade...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

samba

estou pensando em um samba canção agora... daqueles bem tristes, mas uma tristeza precisa, não difusa, precisa, um samba daqueles que falem das coisas que realmente mexem comigo, não contigo, não com ela, não com ele, comigo... estou querendo escrever umas coisas que ando pensando, penando... talvez em forma de samba, se ficar mais fácil falar dessas coisas cantando... se ficar mais fácil...talvez escrever e eu mesma cantar, eu já fiz aulas de canto...que não mudaram minha vida, mas fiz... talvez seja melhor cantfalar a letra e deixar que seja bem entendida, deglutida...deixar que seja copo de refri na tua garganta, nem tão rápido, nem tão devagar... vou divagar... fechar bem os olhos e olhar pra frente e ver o que eu quiser, o que eu quiser, não o que tiver pra olhar, não o que aparecer, o que eu quiser... vou parar de ficar dando testemunho o tempo todo das coisas que eles querem e não eu... vou ver o que eu quiser, não o tempo todo, mas quase todo ele...num dia descobri como é pisar em ovos, hoje descobri que cascas de ovos fazem crescer as plantas, quero um jardim sob os meus pés, um jardim... não uma folhagem, não um pouco de grama, eu quero um jardim crescendo bem debaixo dos meus pés, com árvores, flores, arbustos, grama farta de diversos tipos e cores, quero um lago, um rio, um mar, quero um jardim bem debaixo dos meus pés, vou pisar em ovos e deixar que as coisas aconteçam como eu quiser... sou soberana do meu mundo e é nele que vivo, é nele que nasci, é nele que cresci, nele vou morrer, e é nele que agora estou... vou usar as minhas palavras-facas pra me defender, pra defender as minhas divisas em dias de guerra ou de paz, tanto faz, eu vou usar as minhas palavras de foice pra cortas essas amarras... eu não quero mais e isso é só o que há para dizer, para cantar, para sambar... eu não quero mais... (ouve-se ao fundo um barulho de milhares de cascas de ovos se quebrando, ouve-se a grama e outras tantas coisas crescendo e uma leve risada, não gargalhada, não sorriso, uma leve risada que faz um barulhinho bom!) e ela diz bem baixinho que não quer mais...

comigo e com você

as vezes eu não quero mais
mas isso não tem nada a ver
nem comigo
nem com você

as vezes eu fico olhando
as nossas coisas espalhadas
as nossas coisas pela estrada
penso em mim, penso em você

as vezes eu paro
as vezes não é sempre
mas é quase
é quase sempre

as vezes eu quero ir embora
quero sair porta afora
deixar o que passou pra trás
e isso não significa te deixar

as vezes as cores desbotam
botam o dedo na nossa cara
nos denotam como estão desgastadas
e nos desgastam ainda mais

as vezes parece covardia
acordar um belo dia
virar as coisas e sair
mas há dias em que se deve fugir

terça-feira, 10 de novembro de 2009

escre-vendo

tenham piedade de mim os meus olhos, que olham que olham, vou vendo, escre-vendo o que meus olhos insistem em mirar o tempo todo, todo tempo... insisto em insistir em visões, em palavras, em emoções que não deixo guardadas, que deixo expostas, à flor da carne que murcha ao sol, que murcha sem água, sem visão...
tenham piedade meu olhos, piedade do que aqui pulsa, do que aqui respira, das minhas pirações, das minhas coisas encaixotadas, das minhas coisas guardadas a sete chaves de portas abertas, do peito rasgado de folhas de seda, em folhas ao vento, que não se segura, que não se doma... tenham piedade de mim, meus olhos e seus olhares certeiros, morteiros da ilusões que crio, que rego com água mineral e cascas de ovos intactas, tenham piedade e cuidado para não arranhar a pintura já patinada, já queimada, já descolorida das minhas retinas...
tenham piedade de mim os meus olhos, que nunca se fecham, que multifocam, que me chocam com visões de um mundo que nunca será só meu, que nunca fará parte de mim como faço parte dele, que nunca mais será de águas claras e calmas como outrora... que agora em tempestade me deito e me levanto e que agora em tempestade ouço o canto da sereia que vive dentro em mim...
tenham piedade de mim meus olhos, ainda que não por piedade, nem por compaixão... tenham piedade ainda que por rotina, que por comodidade de não serem lavados todos os dias com a água buricada que escorre do meu peito, vermelha e segue até vocês...

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

com fuso

eu queria criar um poema
um poema sobre a confusão
um poema que esclarecesse
tudo na palma da mão

eu queria falar umas coisas
dessas que todos possam entender
dessas que não façam doer
eu queria te escrever

eu queria citar umas palavras
meias verdades inteiras
meias de nailon rasgadas
acabar com o calor das sextasfeiras

eu queria dizer bem certinho
como se fala de carinho
como se fala dessas casualidades
queria brincar de passarinho

eu queria
agora não quero mais
quero tomar fermento
e me tornar um bom rapaz

pafuáhr

se eu soubesse falar em francês o que eu diria numa hora dessas... diria algo bem afrancesado, bem biquinho, diria e repetiria vezes e vezes... onde me vou e onde me encontro, nesse canto que encanta até sereia... nesse canto de um quadrado tão redondo que diria mundo de tão pequeno... o suor escorre no corpo quando a paixão já pulsa, ainda pulsa no peito... o suor derrete os pensamentos mais santos, me restam os de terceira... cuidado com o que fala, cuidado com o que escreve, você teme, não teme?, você deve? ou não deve?... e me viro na frigideira, me desviro na lareira que se torna minha cama quando não durmo a noite inteira, quando não durmo todo dia na mesma folia de outra feira... e a sexta continua sua sina de sexta-feira, e na minha e na sua um pafuáhr...quase uma brincadeira...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

como é que se fala disso assim?

perdi de vez a voz da ponta dos meus dedos, estou me estranhando, estou me esquisitando demais, perdi a fala numa hora dessas, com a cabeça a mil, com um sorriso novo estampado na cara, perdi a fala, perdi...
olhei por debaixo dos móveis, olhei dentro de inúmeras gavetas, olhei e olhei, não quis ir lá pra dentro, estava preguiçosa, talvez seria texto de 140 apenas...
olhei por aqui e achei uma fotinha perdida, olhei para ela que se mexia ao revés, ao invés de ficar paralisada como as fotos devem ser...
perdi a ponta dos dedos, gastas com as coisas que doem, e já que dessa não veio a dor, só uma cor diferente, já que desta está tudo plano, tudo calmo...fiquei assim, sem saber o que falar, sem poder paguejar, sem maldizer as coisas doloridas como abdominal...
olhei a foto por dois segundos ou mais, sorri de canto e depois de todo...sorri, entende como sorrir me deixa sem palavras em situações assim, em que normal seria chorar e não sorrir... olhei a foto, sorri, decidi e fiquei em dúvida logo em seguida, ri de mim com as pontas dos dedos escondidas pra dentro das unhas roídas, sem tinta... acho que dia desses me pinto e vou sair assim, sem pontas nos dedos e pinturas por todo o resto...
veja como parece cômico, comigo sempre é assim, se não é tragico é cômico, tragicomedia não deve ser tão risível assim, não deveria rir se não sei qual é a graça de ficar sem palavras numa hora dessas em que deveria dormir com os olhos rasos e a garganta em laço... mas a foto fica lá, me olhando de canto, enquanto o meu canto sorri...
acho que estou meio lêle das pontas, deve ser isso...querendo ficar ao léu, jogada, com uma cara que ri enquanto todo o resto não sabe o que fazer da minha vida assim. sem ponta, sem pontas...

mais um poema qualquer

de qualquer cor
eu sei decór
decorei os número
decorei as vogais

de qualquer jeito
de qualquer forma
em qualquer lugar
quando se precisa estar

redecorei os comodos
pintei as paredes de preto
coloquei pouca luz
mudei a cor do sofá

quando tudo muda
não fala
não cala
quando tudo escurece

os conceitos aprendidos
não compreendidos
estão apreendidos
um mundo de fudidos

é a lama
é o lodo
é iodo
é enegrecido

está tudo muito mudado
está tudo como deveria
abre a porta da sala
está tudo apagado, sorria

terça-feira, 3 de novembro de 2009

essa faca tem nome

nome não, melhor ela tem caracteres... em tempo de uma virtualidade intensa, não profunda já diria lia, nada profunda, apenas intensa...em tempo de virtualidade total que falamos o que queremos e lemos o que não queremos, em tempos que somos mais virtuais do que reais, que temos amigos com o mesmo formato (de tela), com o mesmo número de caracteres, com os mesmos pontos de encontro, e não mais de carne e osso e sim de chip e programa, nesses dias descobri o grande vilão, o grande matador de tudo e de todos os que se virtualizam cada vez, o matador das comunidades, das postagens de longa data e longa escrita, ainda que de próprio dedo e não de próprio punho... descobri quem me rouba aos poucos as palavras e me deixa sem caracteres pra vir até aqui e expor as minhas coisas mais virtureais... ele tem nome, ou melhor... ele tem 140 caracteres e me domina, e me diz o quanto devo escrever quando a preguiça bate e espanca as minhas melhores idéias e as minhas melhores postagens... e vai até lá e começa uma discussão sem fim com um monte de subnomes e tudo com nada mais do que 140 letrinhas que ele teima em chamar de caracteres... estamos nos descaracterizanda cada vez mais...agora bem pouco, com apenas 140 caracteres... toda hora, todo dia, se descaracterizando e descaracterizando o nosso mundo, tirando daqui pra por lá... tampando o mundo com essa peneira virtual que acreditamos nos dispensar de viver um mundo real!!!

eu tenho marcas...

tenho marcas ocultas por todo corpo
tenho marcas expostas e marcas guardadas em profundo solo
tenho ferimentos que por vezes ainda sangram
tenho esquecimentos constantes que não apagam o que se foi
tenho essas coisas humanas
humanamente possíveis guardadas bem aqui
tenho medo dos dias que poderão vir
e mesmo assim espero por eles com ânsia

terça-feira, 27 de outubro de 2009

salve santa clara

"ela vem chegando e eu feliz vou esperando, a espera é difícil," mas eu espero escrevendo...

fazia tempo que eu queria falar disso assim, desse jeitinho, dessa forma disforme de falar de amor... esse amor maior, inacreditável, impossível, inviável, falar desse sentimento tão batido, tão surrupiado, tão folhetim... queria falar do amor não só pra ser romântica, pra ser amável, pra ser humana... queria falar do amor como forma de vida, como fonte de inspiração, como amor puro e simples... e na idéia surgiu "Salve Santa Clara"... essa história que fala de amor de um jeito humano e quase simples... fala desse sentimento que talvez não precise mesmo ser plantado, ou que precise ser plantado sim... dessa dúvida de sempre e da beleza que é sentir...
fazia tempo que minhas escritas me faziam rir, estava procurando motivos pra escrever de dentro, pra ir lá fora, me inspirar e voltar pra mexer nas minhas coisas, mesclar tudo e escrever... e numa noite dessas de domingo, veio inteira a idéia que me fez pensar em sentimentos não tão rasos... e me fez sonhar, e me fez emocionar...
fazia tempo que eu queria dizer o que sinto aqui dentro, fazia tempo que eu queria falar disso assim... o tempo desta fala chegou e eu não me calei...
salve santa clara...

agora com trinta e agora...

eles vieram, já avisavam faz tempo que viriam, eu sabia que chegaria o dia de trinta na cara, nas pernas, em todo corpo... sabia mas não ligava, não atendia... e numa manhã de segunda acordo com eles piscando em letras garrafais na minha frente, me dizem "tcharammmmmmm"... e agora com trinta e agora???... será que tudo realmente muda, que tudo se assenta, que tudo se fixa... o que será agora depois dos vinte e pouco que foram muitos e agora casa cheia 3 + 0... milhares de pensamento, mudanças queridas e outras nem morta, pensamentos e colágenos na bolsa, protetor solar e pílulas, coisas que ficam e outras que não... sugestões de leitura (balzaquiana??)... palavras que odeio... balzaquiana... e agora com trinta vergonha na cara, juízo, crescimento, envergadura... e agora talvez depois do susto desta que veio e nem disse nada fica a certeza que bom mesmo é temer os 40... o relógio já está fazendo seu tic... passado o susto devo perceber que nada muda a não ser o tempo que está passando...o tempo todo!!!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

feliz ano novo pra mim!!!

SALVE JORGE... SALVE OGUM!!!

Chagas abertas, Sagrado Coração todo amor e bondade, o sangue do meu Senhor Jesus Cristo, no corpo meu se derrame hoje e sempre.
Eu andarei vestido e armado, com as armas de São Jorge. Para que meus inimigos tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me exerguem e nem pensamentos eles possam ter para me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrarão sem ao meu corpo chegar, cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrarem.
Jesus Cristo me proteja e me defenda com o poder de sua Santa e Divina Graça, a Virgem Maria de Nazaré, me cubra com o seu Sagrado e divino manto, me protegendo em todas minhas dores e aflições, e Deus com a sua Divina Misericórdia e grande poder, seja meu defensor, contra as maldades de perseguições dos meus inimigos, e o glorioso São Jorge, em nome de Deus, em nome de Maria de Nazaré, e em nome da falange do Divino Espírito Santo, me estenda o seu escudo e as suas poderosas anulas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, do poder dos meus inimigos carnais e espirituais e de todas sua más influências, e que debaixo das patas de seu fiel ginete, meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós, sem se atreverem a ter um olhar sequer que me possa prejudicar.
Assim seja com o poder de Deus e de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.

saravá ogum...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

SOBRE BIBELÔS

vai abre a goela e fala
mas fala algo para os meus ouvidos ficarem felizes
fala com verdade
das cicatrizes
fala algo que seja mais do que duas ou três palavras foscas-toscas
fala alguma coisa que se aproveite
me aproveite
me siga
me faça sinal de ok
vai fala alguma coisa que preste
que não seja só leste ou oeste
que não seja só ingresso pra festa do interior
vai fala
comenta alguma coisa real
comenta que foi bom
que foi mau
que foi
fala
diga coisa com coisa
diga
escreva na lousa
faça alguma coisa afinal
vai abre a boca e bota pra fora palavras
mas não aquelas que você já tem decoradas
adornadas em sua mente de vagão
vai fala pra mim o que você acha
o que você perdeu
fala pelo amor de Deus
fala
não me deixa nessa raivagonia
de te ver todo dia com a mesma expressão
fala
não me deixa com essa sensação de que a escolha feita foi errada
que tua boca é só boca mal falada
que você não tem noção
fala
diz alguma coisa pertinente
nem que seja temporariamente
fala algo de coração
fala
minha filha
fala de uma vez
tira essa bola de pelo da garganta
espanta todo mundo com uma oração
fala mais do que sobre o tempo ou sobre alguma repetição
fala de alguma sensação
sensação que seja sua e verdadeira
fala da sua maneira
sem que seja ela uma bobeira
mesmo que seja alguma baboseira
pois prefiro isso do que uma gravação
fala
não concorda com a cabeça
faça
aconteça
seja algo mais do que um belo bibelô
fala
sente alguma coisa por favor
bota a caixola pra funcinar
deixa a fumaça espalhar pelo ar
mesmo que cheire a queimado
fala
dá seu recado
chega de repetição
chega de não pensação
chega de estampar as conversar com um sorriso odontológico
fala alguma coisa nem que seja o lógico
fala
pensa
seja
esteja
ouça
veja
seja de verdade
não uma peça de coleção!!!

ligação completada...

fui até o orelhão... generosa porção de fichas nos bolsos do casaco... puxei o fone até o ouvido, ouvi sinal de "podefazeraligação", coloquei as fichas e disquei os números que estavam anotados em minha mão esquerda... esperei alguns segundos, mais do que alguns, mais do que segundos, esperei por muito tempo, parada no tal orelhão... um dia, que eu já não sabia que dia era, nem onde estava e sequer lembrava da tal ligação... a chamada enfim se completou, as fichas caíram e eu ouvi o som de "chamadasendoatendida"... estava completa a ligação, estava feita a chamada e agora era só colocar em dia os assuntos, mesmo que eu não tivesse mais o que falar... muito tempo em espera gera não-falação... mas fiquei ali, com orelha no orelhão, ouvindo palavras sem sentido, com sentido, sem sentimento, com sensação... fiquei ali ouvindo e olhando para os lados, olhando para ver onde estava e se era realmente pra mim aquela ligação... meio do deserto, só eu e o orelhão, achei difícil que fosse para outra pessoa, mesmo que não conhecesse o interlocutor, achei difícil que não fosse pra mim... e fiquei ali ouvindo, ouvendo, fiquei ali e fui me abismando... a conversa foi ficando cada vez mais pertinente, fui reconhecendo aquele tom, aquela voz... e o abismo foi se criando, foi se delineando e por fim tornou-se a nova visão que eu tinha dali do orelhão... um abismo imenso e do outro lado um telefone e uma pessoa, noutro canto mais outra, noutro outra e assim fui colocando mais ficha e escutando as indicações e as fichas foram caindo uma a uma... a cada interlocução uma ficha... e por fim o abismo virou infinito, virou divisória da cabine telefônica... toda as fichas que eu tinha se foram, caíram dentro do orelhão... e no final só um tututututuuuuuuuu... era tu, não era mais pra mim. coloquei o fone novamente no orelhão, desliguei a ligação e sai caminhando por aquela imensidão de abismos, ainda ecoava em meus ouvidos o barulho de "fimdeligação", aquelas palavras mal ditas que vieram em bendito tempo... caminhando e pensando numa metáfora pra fichas caídas, nenhuma delas figurou minha mente, nenhuma... por fim, enfim pensei que tem ligações que terminam por motivos nobres, tem ligações que terminam e fica no ouvido um gosto de discar de novo ... mas tem essas ligações que fazemos e ouvimos até caírem todas as fichas e que depois disso, são só ligações que terminam, nada mais...
tem conversas que devem ser ouvidas, tem outras que devem ser desligadas... você fez uma boa ligação???
caminho mais um pouco, escuto um barulho no meu bolso, talvez nos dois... coloco as mãos pra dentro, e de lá tiro uma porção de mini-mascaras... não eram fichas as do orelhão...

terça-feira, 20 de outubro de 2009

"baforada certeira"

a baforada já que vem, já que vem em minha direção, sem pedido, sem apelo, já que vem que seja certeira. já que se projeta como projétil, em minha direção, que venha bem no meio, que não erre a mão. que venha com toda pressa, com a qual saiu de lá. que venha sem modéstia, que venha!
a língua que se propõe, a sair de sua toca, já que se pressupõe que outra ela foca, então que saia como palavra, daquelas mal faladas, então que venha de supetão. eu não gosto de lesma. a língua tem que ser precisa, tem que ser certeira. caso contrário, de sal, a minha já estará cheia...

dele pra ela, dela pra mim

ele acha que é recado
dela pra ele
ele acha que o escrito
diz dele

ela acha que é pra ela
dela pra ela
ela acha que o escrito
diz (d)ela

eles acham que é assim
falando deles falo de mim
eu acho que é assim
falando deles não falo de mim

ele lê e interpreta
ela lê e decreta
dele fica a boca aberta
dela fica a palavra incerta

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

talvez tal vez

talvez eu queira dizer que as imagens se apagam. que nada dura muito tempo aqui dentro. que as coisas se evaporam. que se esvaem, se acabam. talvez eu queira dizer que isso não tem nada a ver comigo, nem com você. talvez tenha a ver com o tempo frio e chuvoso que faz nessa cidade. talvez com as efemeridades que a vida nos impõe. talvez eu queira dizer que ainda olho a fotografia, mas que ela já não remonta sentimento, está fria. talvez eu queira falar pra resgatar o que houve, saber o que sempre soube, o que evaporou. talvez eu queira esclarecer as minhas obscuridades, ler as minhas obscenidade, saber de verdade o que se passa por aqui quando eu não estou. saber o que tanto evapora e vai com o suor que escorre no rosto molhado de lágrimas, de desilusão... talvez eu queria falar e escrever bem rápido pra ver se passa a agonia latente, se passa de gosto amargo para pasta de dente, pra ver se consigo entender o que nunca entenderei. talvez eu precise olhar a fotografia com mais frequência, falar das nossas coisas com mais elouquencia, viver essa demência que é o nosso amor. talvez eu tenha que voltar aos primórdios, ter menos ódio do que poderia ser e não foi. talvez tenha que verificar a memória recente, retirar o apêndice, ficar de repouso e depois começar a correr. talvez eu tenha que andar sem olhar pra trás, sem olhar pros lados, sem olhar...
talvez eu tenha que aquietar o coração e deixar falar a alma, talvez eu tenha que descobrir que alma e coração tem sim uma ligação, ainda que breve, ainda que curta. talvez seja o caso de encarar o presente, desembrulhar todo dia a mesma caixa e ainda se surpreender com o que há por ali. talvez seja o caso de perceber que essas coisas de esquecimento e fotografia, não tem nada a ver com os outros e sim comigo, está bem aqui.
talvez eu precise olhar todo dia para aquela fotografia pra saber que o que muda são os dias e não o tempo, a chuva hoje não vem.

domingo, 18 de outubro de 2009

dia de estréia
coração na mão
dedilho notas no violão
me faço uma pequena canção

dia de estréia
de mostrar o escondido
de mostrar que temos medo
mas que nada está perdido

dia de estréia
dia de diversão
dia de alegria
dia de sim ou não

dia de estréia
mais que um dia corriqueiro
mais uma agulha no palheiro
dia de estar inteiro

dia de estréia
dia de respeitável público
dia de estar em público
dia de estre(l)ar

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

eu não sei

ela anda conversando com alguém
eu não conheço
desconheço
não sei quem
mas ela anda conversando com alguém

os seus olhares são furtivos
sua boca fugitiva
fingitiva da minha que tanto quer
seus olhares
eles nunca mais serão só pra mim

ela anda escondida
anda pelas calçadas das ruas
com roupas coloridas
com sorrisos na cara
está perdida

ela não é mais igual
não é mais tal qual
tal qual um dia conheci
tal qual imagem e semelhança minha
ela não lembra mais nada de mim

ela anda trocando palavras com alguém
alguém fala e ela diz amém
ela anda escutando conversas
anda fazendo controvérsias
ela... as coisas não são mais assim-assim

ela anda abrindo os ouvidos
anda deixando entrar
anda me deixando sair pra passear
ela anda pisando fora da linha
ela anda imitando bicho-galinha

ela passa hora na frente da tela
meus olhos ainda pintam ela
ela passa horas no computador
meus olhos ainda sentem amor
ela passa por ela e não por mim

ela não está normal
ela não está
ela não
ela
e

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

as vezes eu tenho o "dom" de sentir a dor dos outros, de ver o que muitos não percebem, não sentem...
as vezes eu tenho essa mania de olhar na cara dos outros e lhe roubar as dores, as tristezas, as alegrias...
as vezes eu sento no ônibus, eu ando na rua, eu subo no elevador, eu fico parada.
as vezes eu tenho a impressão que é tudo tão claro.
que claro que nada!
as vezes eu tenho a impressão que meu mundo é um paralelo do mundo dos outros.
as vezes eu não durmo direito.
quase nunca durmo direito.
sou canhota.
sou.
as vezes eu tenho a impressão que o mundo todo é cheio de energias que andam junto com as pessoas de lá pra cá, da cá pra lá...
eu sinto...
sinto muito.
muito!
as vezes...
não sempre.
só quase todo dia.
as vezes eu tenho a impressão.
de
que nem
tudo
é como
deveria
ser.
escrevo
pra
poder
reescrever
as
coisas
como
as vezes
eu vejo
ou
como
eu gosta
ria
que fossem.
as vezes eu tenho um tempo diferente.
as vezes nem tenho tempo.
só isso.

.O PONTO.

ele estava dentro do ônibus e seu maxilar ruminava o que estava em sua cabeça, martelando, batendo...
ele estava fisicamente dentro do ônibus, não tinha carro, menos ainda dinheiro para um táxi, a urgência poderia tê-lo feito ir correndo a pequena distância que o separava daquele ponto, mas não tinha mais pernas para isso... estava velho.
os dez minutos que separavam aqueles dois pontos eram imensos, talvez os maiores. sentou no fundo da caixa metálica amarela, sentou e ficou lá quase para sempre...
lembrou dos tempos de juventude, lembrou de tanta coisa, o que lhe fez pensar na lonjura de distância entre aqueles pontos, os dois pontos, o de chegada e o de partida.
lembrou que nem no dia do casamento estivera tão nervoso, tão impaciente. o tempo no dia de hoje era o mais longo e tedioso de sua vida. era um tempo injusto.
queria que passasse depressa, queria que não tivesse chegado, queria que o hoje não tivesse amanhecido, simplesmente queria que o dia de hoje nunca tivesse existido.
mas ele está, acontece a cada longo momento em que ele olha pela janela do ônibus, que ele vê os pontos passarem, mas o seu não chega...
um chapéu na cabeça onde outrora haviam vastos cabelos castanhos, olhos levemente apagados por molhações corriqueiras, mãos não tão firmes, pés inchados, calça social clara, camisa branca com listrinhas bem fininhas cinza, cinto, uma pasta amarela de documentos. os documentos, quissá pudesse acender uma fogueira no meio da praça Tiradentes e queimar todos os documentos, queimaria a pasta também.
o ônibus vazio, as pessoas em seus bancos, e ele ali, parado na eternidade de um momento vazio, inóspito, insólito... ele dentro daquela lata amarela, com calor nas têmporas, com as axilas suadas, com um trilindar de dentes que era imperceptível para os demais passageiros... tudo é passageiro, lembrou da piada tímida de outros tempos... quase sorriu, mas no exato momento em que se formou no canto da boca, o peito ardeu tão violentamente, que quase teve que levar a mão a camisa e desabotoar alguns botões.
as pessoas no ônibus, a vida correndo solta, o tempo passando, o tempo dos outros, não o dele. ele no vácuo existente entre aqueles dois pontos. as pessoas não notaram nada, nunca notarão. ele deixou a pasta em cima do banco ao lado do seu, estava vago.
o banco ao seu lado estava vago.
o banco.
o banco do ônibus.
a caixa amarela de lata.
o banco ao seu lado no ônibus.
ele estava vago.
vazio.
desocupado.
não havia ninguém ao seu lado.
ele não resistiu e sua face se contorceu em uma humilde-humilhante expressão de uma dor tão profunda que demora tempo para chegar a superfície, demora tempos pra chegar na cara do sujeito uma dor assim.
o banco ao seu lado.
olhou ao redor.
olhou 360° ao seu redor, procurou uma pequena explicação que fosse.
procurou um ponto de referência, um ponto de coesão, um ponto de apoio. um ponto!
estava na lata amarela.
o banco ao seu lado vazio.
uma pasta amarela sentada ao seu lado na lata amarela.
uns documentos.
um atestado.
um atestado sentado ao seu lado.
ao seu lado, no banco da lata amarela, uma pasta, um atestado, um vazio, um ponto, um nada.
ele balbuciou para a moça com fones de ouvido que estava em sua diagonal mais próxima. - minha esposa morreu!
a subida difícil e longa do ônibus terminou.
ela disse que aquele era o ponto, "aperte se não ele não para".
aperte.
é o seu ponto.
ele tirou os óculos de grau.
colocou no bolso da camisa branca com listras cinza.
retirou de lá um óculos escuro.
hoje sem colírio.
retorceu a cara mais um pouco.
escorreu no canto.
maxilar em diagonal, cruzado, mordida cruzada, aflição, afeição, desgaste.
pegou a pasta.
a amarela.
levantou.
deixou mais um banco vazio na lata.
apertou o botão.
disse: - quase passei do ponto.
sorriu amarelo dentro da lata amarela com uma pasta amarela.
um atestado.
desceu.
havia uma outra moça da lata.
ela pensou que as pessoas fazem isso todos os dias, entram no ônibus com pastas de documentos, entram em um ponto e descem impreterívelmente em outro, apertam o botão para descer, pedem informação para não se perder, tem tiques nervosos, tem cadeiras vagas ao seu lado, dizem até logo, dizem obrigada, não dizem, levantam, sentam, falam, rezam baixo, rezam alto, revezam.
ela pensou que a distância entre dois ponto é relativa.
pensou que seu olhos estavam molhados.
quando ele desceu, o tempo estava parado, o dele... quando ele desceu no ponto certo, era o ponto errado da história pra descer, pra sair, pra derramar e apertar botões.
quando ele desceu.
quando.
o vazio se tornou imensurável.
ele não conhece a moça.
a moça não conhece ele.
não sabem seus nomes.
mas estava dentro da mesma lata.
amarela.
verdade não se esconde, não se mascara.
só o amarelo era de lata.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

360°

eu sempre achei que na torre em que ela estava, aquela bem alta, aquela cercada de jacarés e água, naquela sem ninguém por perto, sempre pensei que a porta estivesse fechada, trancada por fora, mas que a chave estivesse no pescoço dela... que ela não abria por que não tinha coragem, porque ficava lá e gostava da vista de 360°, pensava que talvez os seus cabelos eram curtos demais pra pedir pra alguém subir, pensava até ver o gigante...
o gigante com olhos de faísca, com palavras de chicote... andando de um lado para o outro, querendo as suas coisas na sua hora e no seu devido lugar...
pobre da princesa... dias e mais dias naquela masmorra, quem sabe morrendo de vontade de sair dali, de saber como é além do só ver... querendo sentir o que olha dali de cima, todo dia, toda noite, toda vida...
pobre princesa, nem ao menos se parece com uma princesa... parece só uma pobre mulher que deixou o tempo escapar pelas mãos e que fica ali, em forma de retrato ou paisagem, naquela horrenda masmorra...masmorrendo de vontade de sair dali...
acho que um dia ela vai perceber que o gigante tem umas manhas pra parecer tão grande, que na verdade nem tudo é o que parece ser... vai perceber que com uma das mãos bem fechada ela derruba o gigante... vai perceber que ele não passa de um anão...
acho que um dia eu rezo pra que esse dia chegue logo e ela se torne de verdade uma princesa e não uma foto na janela...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

na minha mesa

vou te dizer de uma beleza
que belo você diz que não é
que você não sabe
que nunca viu igual


vou te contar de uma beleza
dessas que não se compra
dessas que não se apronta
dessas que em ti não há

vou te falar de uma beleza
que é bela por si só
que não precisa de pó
que não precisa de camadas
que não precisa de cor

vou te dizer de uma beleza
que transpassa o mundo das princesas
que não está dentro das tuas delicadezas
que não tem nada haver com tua leveza
que não se compra loja inglesa

vou te contar de uma beleza
dessas que a revista não tem
que nos salões não se encontra também
que nem em sonhos você conhece
que você não tem

vou te falar de uma beleza
uma beleza verdadeira
uma beleza inteira
uma beleza fora da geladeira
uma beleza sem amém

vou te mostrar uma beleza
que não há na sua mesa
que na minha está posta
que pra muitos não passa de bosta

POEMA (DI)FUSO

FAZ CARINHA
mon'amour
faz beicinho
MY BABY
reclama dos bichinhos
não reclama de mim
fala pra dentro
mia pra fora
faz só exatamente o que sabe fazer
dissimula
descepciona
desconsola
desgasta
desgosta
falseia a vida real
nessa sua realidade boba
nessa sua realidade irreal

REBOLA
meu bem
EMBOLA
os pensamentos
é puro ouro
ouro de tolo
latão
xinfrin
nem morta podes cair
nem morta
nem morta terás um lugar seu
não é sua
não é de ninguém
não é nem

maqueia por fora
macaqueia
maqueia a cara
macaqueia as mentiras
a mentira que é
a mentira que se conta todo dia
a que acredita que te faz
que te faz uma princesa
uma princesa sapesca
uma princesa que nem beijo de principe tosco
poderá salvar
macaqueia
maqueia a cara
já que alma não é o teu lugar
não é lugar que você frequente
nunca, não frequentemente
lá você não vai
não é o seu lugar
o seu é aqui fora
o seu é na passarela
na vitrine
na inverdade das suas coisas irreais

oh, ma cherry
faz-me rir
faz-me chorar de rir
do teu jeitinho moça
mosca morta por raquete eletrizada
oh, my dear
não cai
não cai do salto
se não pode quebrar
espalhar seus pedaços disformes, te espalhar

MARIA ISABEL

MARIA ISABEL... uma maria que não é qualquer, que não é comum, que não é maria... uma maria isabel que me diz calada coisas que preciso ouvir, que preciso sentir, que preciso saber, saber que já sei...
saber que sempre soube que as coisas iriam ser assim, que teria que ir para saber que precisava voltar, que precisava de maria isabel por perto, tão perto quanto possa estar, tão perto quanto seja possível respirar e sentir a respiração...
saber que os pares são os que discordam por coisas idênticas, que por igualdade também se briga, por ser par... que as intensidades se tornam mais intensas quando juntas e que como todo fogo aquece e também queima, temos que aprender a dosar...
saber que o tempo que nos passa aqui dentro, maria isabel, nos é comum, cotidiano, mas só a pessoas como nós, poucas, quase nenhuma...
que carregar o mundo nas costas não é para qualquer um, só para nós, e isso nem sempre é bom, quase nunca é bom...
enquanto os outros se preocupam com as futilidades, com as superficialidade lá estamos nós no fundo, dentro do dentro, enquanto os demais penteiam os cabelos e passam maquiagem na cara, lá estamos nós sujas de graxa, com os cabelos desgrenhados, pintando a alma...
as vezes, sempre é preciso ir e voltar para perceber o óbvio... as vezes, sempre é preciso sair pra saber que o melhor é poder voltar... as vezes, sempre é preciso olhar de longe pra ver o desenho melhor delineado...
meu desenho é muito igual ao seu... lá de fora é o que vi... o que senti... sou mais feliz com você por perto... MARIA ISABEL...

ÚNICA

na minha forma nada mais foi feito... da minha forma nada mais... já que sou bem única e isso não é exatamente um privilégio, isso não é exatamente uma dádiva e sim uma quase solidão... um deslocamento do comum, do normal...
por fora bela viola, mas por dentro uma misturança de coisas em ebulição... um vulcão, uma pira que se mantém acesa desde 1979...
eu não me encaixo, eu não me acho, eu não... as minhas coisas são sempre tão particulares, tão peculiares, tão tão...
me distancio dos demais, porque quero, porque não quero, me distancio, não tenho meios de viver exatamente no mesmo tempo deles, no mesmo mundo, no mesmo pensamento, no mesmo lugar-comum...
é tudo tão intenso aqui dentro que contando eles não acreditam, contando parece "causo", parece exagero contar que aqui dentro é tudo tão exagerado...
fico no meu mundo de vulcões, ebulição, de lava descendo e lavando tudo o que há por dentro com o calor mortal, com a pressa, com a efervescência das minhas coisas, dos meus pensamentos, das minhas ações...
um dia eu disse paixão... um dia eu disse que tinha uma doença chamada paixonite crônica, escrevi uma crônica sobre isso, escrevi o que na hora me parecia mais parecido com o que rola aqui dentro... mas agora vejo que sou deslocada, tresloucada, sou dessas que a forma não faz mais nada, que é jogada fora depois da facção... dessas que não se encaixam, que não se copia, que não se exemplifica, dessas que só vendo pra (des)crer...
e nada disso me faz uma pessoa melhor do que as outras, talvez mais confusa, talvez mais desgastada, desgostada das coisas normais, das coisas comuns...
tenho um tempo todo meu, acelerado, descompassado, sou um samba em alta rotação... tenho que ter um tempo todo meu, nele eu me acho,, me encaixo, me encontro, me convenço de que sou mesmo única nas minhas piras e erupções...
talvez um dia seja triste ser assim, tão diferente por dentro e tão igual por fora... talvez algum dia seja complicado viver assim... talvez neste momento ser única signifique ficar só...
estou tentando entender o que há por fora e expressar o que há por dentro, pra ver se me acho, pra ver se me encontro, se encontro um encontro marcado com os demais, algo que não me agrida, que não me resfrie, que não me apague...

ainda não... ainda...