segunda-feira, 26 de setembro de 2011

sob o amor

com os olhos dentro do seu eixo e um vento que perpassa por dentro e arrepia a pele na presença de uma imagem que se tornou a sua face em meu bolso que dói de saber coisas que nunca pude suportar e as palavras se tornam acessórios em nosso repertório de ilusões que criamos sob encomenda um para o outro e deixamos de nos falar por dias e nunca mais conseguimos retomar o percurso que nos levaram a fazer aqueles sentimentos expostos na sala como quadros imóveis de dor e pudor e as faces já vermelhas de tapas e vergonha de ser pulsante o amor que vive ali e uma recriminação pairando sobre o desejo de ser mais forte do que o desejo de ser com as mãos e pés dentro do corpo do outro que se mexe sem desmanchar os castelos de sangue que conseguimos fazer com pás e colherinhas de afeto e a água que pinga de nossos lábios selados em beijos de dor como se pudessemos voltar e fazer novamente as escolhas que fizeram por nós como as cores de um céu mudando o mundo que nos circunda e passamos a arranhar os corpos mortos que nos jogam sobre os ombros e cochichamos em nossos ouvidos gemidos de alegria e solidão eu vou olhar nos seus olhos e vou sentir meus poros pularem num precipício de palavras macias onde sonho morar