quarta-feira, 30 de setembro de 2009

parla que fa bene...

o frio não vinha de fora, não era possível que eu estivesse sentindo aquele frio na alma só pelo vento, pelo clima metereológico... precisava fechar os olhos, olhar pra dentro mais uma vez e perceber o que de fato estava me gelando, me deixando com aquele frio inexplicável...
e de dentro, como de costume, veio a explicação de que era um reflexo de uns sentimentos que deveriam ser explicitados e ficaram num canto, guardados, uma incomodação, uma não-aceitação, uma insurgência...
o frio vinha das relações que não se estabeleceram, mesmo quando eu quis dar as mãos, quando quis me dar, doar...
não-relações...
o amontoado de gente, o objetivo comum em primeiro lugar sem objetividade, a falta de apego, de desapego, de carinho, de amor, de entendimento...
uma porção de corpos colocados lá, pra fazer e desfazer, reprisar, reproduzir...
uma falta de tato no trato, uma falta de resiliência, de respeito, uma falta...
pensei o quanto poderia e deveria falar, e mais uma vez calei... mais uma vez, mas desta vez não por uma comodidade de parecer legal, pra não magoar, pra não ficar mau... uma calação por não conseguir encontrar meios de falar sobre algo tão delicado quando as pedras já estavam a tempos nas mãos...
deveria ter dito tudo, ter dito o que se passa aqui dentro, mas não o fiz... não podia falar dessas coisas, não naquele momento, não ali...
disse o pouco que era senso comum, acompanhei um pouco, discordei quase nada, desacreditei...
e o caminho de volta me fez lembrar o que raios estava faltando, o que de fato não havia naquelas "relações" e que sente presente nas demais, estava faltando de fato a relação... RELAÇÃO... não ser conivente com os erros dos outros o tempo todo, mas lembrar que erros são o movimento do aprendizado e da mudança, lembrar que generosidade é o tempo todo, é sempre... lembrar que tem coisas que se fala e outras que se cala... lembrar que nem todos são iguais e nem por isso existem uns melhores que os outros... tudo depende da janela em que você está... e que perceber isso é questão de fraternidade... de relação...
impossível?... não, mas sem relação, sem verdade humana, nem perto da possibilidade está...

terça-feira, 29 de setembro de 2009

...

eu bem sabia o quanto ia me custar, sabia, já tinha feito mentalmente os cálculos...
não sabia se podia abrir mão das minhas coisas, dos meus medos, não sabia se poderia fazê-lo naquele momento...
tive que pensar, repensar, meditar, calcular...
tive que abrir mão...
tive que ter coragem...
bem sei dos meus medos, das minhas entranhas, das minhas coisas guardadinhas aqui dentro...

sabia que os passos da chegada seriam lentos, que o abraço seria certeiro, que o carinho iria transbordar, transmutar dor em amor...
sabia que não tinha palavras, nem faladas, nem escritas, nem planejadas, nem improvisadas, sabia que não seria necessário usá-las, não naquele momento, não ali...
sabia que as cores eram compatíveis, sabia que os materiais eram os mesmo, que combinariam, que se misturariam, que deixaria tudo o que de bom pudesse deixar ali, sabia que tinha força para levar tudo de ruim que pudesse estar guardado dentro daquele peito...
sabia que o ruim era uma palavra ruim pra explicar aquilo que sentiu, não era raiva, nem uma dor do mau, nem ira, nada de negativo, mas uma dor, um vazio, um nada que se arrasta quase por uma eternidade...um tempo parado...
sabia que faria trocas, deixaria o seu ali e levaria o dele, sempre soube disso...
tinha a certeza de que não poderia olhar, chegar tão perto, sabia, sempre soube, sempre saberei...
quis...
fui...
fiquei ali, senti o cheiro, senti as cores, as descores, senti a dor passar pela ponta do conta-gotas para dentro do meu peito aberto, senti as minhas cores saindo, colorindo o outro, tão próximo, tão perto, senti e sabia que nada mais poderia fazer se não aquilo...
não sabia que caminhei lentamente para dar conforto e fui confortada, no abraço, no colo, na generosidade de quem nada tem e tanto dá...
senti uma ponta de vergonha, uma ponta de "o que os outros vão pensar", sempre sinto isso, sempre...
lembrei de que material sou feita, lembrei dos meus, trouxe mais uns pra dentro... trouxe e cimentei, deixei ficar...
experimentei o desafio de aceitar o que me foi dado como caminho, como ofício...
soube o que fazer, mesmo quando o ar me faltava, quando me faltaram as palavras, quando me tiraram o chão, a visão, os sentidos...
percebi coisas que há tempos estavam aqui dentro, só faltava atinar...
guardei na minha caixa vermelha as lágrimas secas que ele derramava... não quis entender, somente deixar marcado em brasa aqui dentro...
levei o quanto de dores pude levar...
abarrotei o peito delas, entupi até o último espaço, esbocei um sorriso, "está tudo bem"
desabei noutros braços, desabei como num colo de mãe, contei com lágrimas e soluços como doía carregar para longe a dor alheia, que por fim não é tão alheia assim...
percebi o quanto é bom ter pares...

sabia que os passos da volta seriam rápidos, mais rápidos do que as minhas pernas em dias normais poderiam suportar... corri o mais rápido que pude, arrastei quem me levava pela mão, arrastei para fora daquele lugar, para longe dali, queria correr para casa o mais rápido que desse...
corri até o ar sair por completo do peito, corri sem olhar para trás, simplesmente corri... e quando pouco longe, recostada no carro, o desabamento inevitável, a ânsia, as golfadas de ácido, as lágrimas que quase me afogavam, a dor querendo arrebentar tudo por dentro, a dor que sabia, só sairia por meio das minhas águas, derramei todas as dores, derramei, aguei...
corri para o meu lugar, tomei banho, joguei sal, tirei o cheiro do corpo, do nariz...
descobri que o cheiro não vinha dele, mas sim de mim...dos meus medos escondidos, velados...
descobri tantas coisas, fui atingida por um raio...
derramei mais algumas...
aquietei...
sequei o corpo, sequei os olhos...
fiquei sem carnes, sem ossos, sem pensamentos, palavras, ações, sentidos, nada...
fiquei vazia...
sabia que neste momento de vácuo Deus me dizia... está pronta para encher novamente, escolha o que quer colocar ai dentro...
dormi...
sinto hoje, num novo dia, com essa garoa fina, frio, gris... sinto algo inexplicável, muitas coisas se assentaram aqui, depois de baixada a poeira posso olhar pra frente e ver... as coisas sempre voltam para os devidos lugares...

domingo, 27 de setembro de 2009

no vácuo

estamos todos ouvindo as nossas músicas preferidas no vácuo, em meio ao nada declamamos poesias, dizemos tudo e mais um pouco, estamos ali, cada qual em sua pequenamicroesfera de pensamentos, vivências, atitudes, amores, dores, sabores, "desaberes", dissabores, vivendo de um pouco, quase nada...
um vazio permanente que de uns tempos pra cá parece que nos preenche, que nos completa... estamos no meio de uma crise mundial de vida, não sabemos mais ao certo o que isso significa...vida...
andamos de uma lado para o outro, umas baratas tontas desempenhando seus papéis amarelados, rasgados, com impressão gasta e a impressão que fica é de que é assim mesmo, é assim deve ser e é assim que será...
dizemos que estão se perdendo valores os quais nem ao menos sabemos com o que se parecem, não sabemos de muitas coisas, cada vez mais, cada vez menos...
estamos vivendo isso, essa coisa que se formou dentro e fora de nós... essa coisa que nos corrói e nos enche ao mesmo tempo, que nos satisfaz e nos torna tão insatisfeitos que nos leva a buscar a cada dia mais de algo que não existe, buscar uma coisa, sim, coisa, que não significa, que não é, que não...
amamos cada vez mais idéias e perdemos cada vez mais as atitudes... perdemos o jeito, perdemos a mão...
ficamos aqui passando o tempo, lendo gibi, vendo revistas, sentindo uma coisinhas aqui, outra ali... mas nunca mais do que o de sempre, do que o prato feito que tem sido nossa vida. (vida?)...
vamos perdendo as noções e olhamos com mais frequência aquelas fotografias, olhamos cada vez mais para que elas nos tragam de volta o que nem nelas está...
onde iremos parar?
iremos parar?
iremos?
ficaremos?
estamos?
somos?
todos?
?
?
?
?
?
?
estabelecem-se ligações perdidas, celulares, moleculares...
estabelecem-se ligações á cobrar...
estabelecem-se ligações de nada a coisa alguma...
e nós satisfeitos ficamos ao telefone, ficamos nestas ligações por vidas inteiras...




após o sinal
após o sinal
após o sinal
diga
diga
diga
diga
diga
diga
seu nome
s
e
u
n
o
m
e
e a cidade de onde está falando!

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

querências...

depois de passear pelo "pequenas bobagens e outros passatempos" me deu uma vontade de escrever, na verdade é uma vontade de falar e gritar, mas como só me restam as teclas e não microfones e ouvidos, escreverei...
sobre as escolhas que fazemos na vida e sempre nos levam para alguma lugar, ainda que não saibamos bem disso quando escolhemos... fico pensando todo dia, e quando digo todo dia não é todo dia de vez em quando, é todo dia mesmo, sempre... pensando como nós somos engraçados, pra não dizer outros adjetivos não tão palatáveis... somos engraçados por sempre desejar diferente do que temos, do que somos, poucas são as vezes que aceitamos as coisas como elas são/estão, sem pensar que poderia ser assim ou assado. eu não digo nascer e morrer no mesmo lugar e do mesmo jeito, não é ter complexo de "gabriela"... mas saber que tudo passa e que tudo passará... hoje é um dia, amanhã é outro e assim por diante...
e isso não é um dedo na cara de ninguém, é um dedo enfiado no meu próprio nariz... já que das insatisfeitas eu deve ser a chefe-mor... essa mania de dizer que as coisas deveriam, pois há tempos esquecemos o que é poderiam, como as coisas deveriam ser e acontecer comigo, porque sou assim, porque não tenho isso, porque não tenho aquilo... essa mania de estar lá quando tudo acontece aqui e somente aqui.
e ai perdemos boa parte da vida reclamando e pensando em como as coisas deveriam ser e não são e nem ao menos nos damos conta de como elas realmente são... essa mania de comprar idéias "super" legais, que por fim eram só descanso de tela...
tudo isso por causa de um texto simples que minha amiga postou no dela sobre um blog dos solteiros, suas putarias e aflições, e eu como boa "bicho ruim" que sou retruquei, não por despeito de ser casada, o que sempre rola, mas não hoje... e sim por esse entendimento que temos de que a felicidade está no outro e não em nós. de que só assim ou assado serei feliz, que só com alguém do meu lado, já que o tempo está passando e estou ficando velha e meu tempo sozinha já foi, já deu... não!!!!... depois de ficar muito tempo do lado de alguém você vai descobrir uma porção de coisas na sua vida de solteiro que eram ótimas e umas outras tantas que realmente eram uma merda, mas por outro lado vai descobrir que vida conjugal como se conhece é só descanso de tela e que o programa em si é bem mais complicado de operar do que você imaginava...
não é uma ode ao ser humano solto, aliás, livre, leve e solto... é bem bom saber quem você vai beijar ou transar esse fds, mas não é só isso... ser feliz sozinho já exige um esforço do cão, ser feliz com outra pessoa que definitivamente não é você e nunca será é ainda mais penoso, o que não deixa de fazer disso um estímulo, mas como tudo na vida tem três ou mais lados... é bem bom cuidar com os desejos, já que há muitas possibilidades deles serem atendidos e você pode descobrir tarde demais que nem tudo é o que parece ser...
enfim, deixa eu lavar a pilha de louças sujas que se formou na minha pia... que eu ganho mais...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

por no gráfico?

saiu de casa de saia, fazia tempo que não as usava. sabia que a natureza havia sido generosa com sua aparência, sabia e preferia esquecer-se disso boa parte do tempo. seus cabelos castanhos quase cobre estavam soltos e rebolavam contra o vento que brincava nos entre meios. um batom rosa, herança de sua mãe, que não saia de casa sem um batom. caminhou pelo calçadão sem dar ouvidos aos vários sons emitidos pelo galanteadores de plantão. caminhou absorta em seus pensamentos, que não tinham forma, eram apenas pensamentos. olhou para o mar, olhou por tanto tempo que quis estar lá dentro, quis ter nascido lá, ser da lá... tirou os chinelos, pisou na areia áspera, molhou os dedos na água fria. voltou para a calçada, limpou os dedos milanesados e voltou a colocar o chinelinho. caminhou mais alguns metros e entrou na padaria. o padeiro, os fregueses do pingado médio, o cara do caixa, todos voltaram imediatamente seus olhares para ela. não se constrangeu, estava acostumada. não era melhor ou pior do que as outras mulheres, mas estava acostumada com os olhares intrusos. foi até o balcão e antes de proferir seu pedido foi impedida pelas gracinhas do balconista. - quer uma baguete dona? quis balbuciar. esperou.
- quer um salame dona? respirou. - quer uma salsicha então? sorriu com paciência. - talvez uma banana lhe satisfaça dona, eu tenho uma para lhe dar. o balconista riu largo e grosso. riu até não querer mais e foi acompanhado pelos outros. ela não corou, não odiou, não explodiu em ira de mulher ferida pelas grosserias machistas. estava acostumada, tinha todo tempo do mundo. sorriu da piada, inclusive riu com eles. deixou morrer o riso deles no seu. olhou com certo desejo desdenhoso para o tal. olhou tão forte que envergonhou o piadista. - não lhe pediria mais do que pode me dar, um cacetinho está de bom tamanho pra mim. não riu em troco. não fez absolutamente nada. esperou o pequeno pacotinho com o pão devidamente pesado. encaminhou-se ao caixa e deu ao homem umas moedas, fez com a mão que o troco era troco. era uma gaúcha como aquelas que não se encontram mais.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

o "ser" humano...

é verdade que somos divinos, é verdade que temos semelhança com Deus... quando acordamos, abrimos os olhos, quando nosso coração bate e faz o sangue circular, quando choramos, quando sorrimos... quando temos a nossa disposição essa máquina-corpo que funciona sem precisarmos dizer o que ela tem que fazer...quando formamos dentro de nós outro corpo que irá funcionar tanto quanto o nosso... isso é o que temos de mais divino, de mais próximo ao criador...
mas é quando somos humanos que mais nos distanciamos dele... quando pensamos, quando agimos sobre nossas referências, isso é o que me faz pensar que nos distanciamos Dele e nos tornamos apenas humanos... isso me faz lembrar que erramos a um tempo atrás sobre o que a palavra Humano significa e continuamos a errar...

domingo, 20 de setembro de 2009

sobre te antropofagitar

as vezes as lágrimas correm, correm mais rápido do que os sonhos, do que o tempo, que por horas para, que por horas corre...
as vezes as lágrimas lavam o rosto imundo de dor, de fome, de vontade de antropofagitar...
as vezes as lágrimas escorrem e embargam a voz que tanto ainda tem pra falar, pra te dizer que amor, na verdade amor, não é só isso, não é uma fórmula fechada que tem manual que se pode ler e seguir... é vertigem, é lágrima que escorre, é sorriso que se abre, é tudo e nada no mesmo instante...
que amor é um nome que se dá pra algo que é impossível de descrever, de fechar numa caixinha, de saber se não vivendo...
as vezes as lágrimas escorrem por dentro e por fora, mas é por um bom motivo... as vezes é pra nos lembrar o que a tempos estava esquecido...
por nana rodrigues

o texto* que acabei de ler foi entrando em minha alma através das veias e da garganta ao mesmo tempo e numa fração de segundos transpassou meu coração com a força de uma adága daquelas que são feitas do metal mais forte que já se criou em todo o univierso...
percebo que as palavras e a verdade profundas que se corporificam na escrita são de uma doçura e ao mesmo tempo tristeza irradiantes e impactantes
meu Deus, a intensidade do diálogo - muitas vezes deixado de lado ou evitado na vida real, quando transpassado para este texto que li, nos levam a uma viagem sobre o auto conhecimento e sobre nossas falsas verdades e concepções sobre o real sentimento do amor que é difícil pra caramba, pois convencionaram que o sentimento atrelado de perda acaba castrando a verdadeira emoção.
a técnica vem construída com o tempo, mas quando as palavras e o sentimento brotam de forma sincera elas refletem a verdadeira alma e amor do ser humano
estou "estaziado" e um pouco mais humano.
luciano ehlke rodrigues

* "antropofagito-te", peça de teatro de Nana Rodrigues.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

paixonite aguda

por inúmeras vezes, nem eu mesma noto a paixão com que falo das minhas coisas... eu me empolgo muito na vida...
as vezes me parece que está tudo calmo por aqui, que isso não representa mais algo que me move, que me deixa pronta para a ação...
as vezes as pessoas me falam e tenho medo de acreditar, tenho medo de assumir...
mas sou uma apaixonada crônica, já passei da fase de paixonite aguda, a coisa se cronificou... sofro de paixonite crônica... não há cura...
me empolgo com as coisas mais simples, e me empolgo muitas vezes com a mesma coisa, de tempos em tempos, de hora em hora, de minuto em minuto...
os meus olhos brilham com facilidade, já que tenho aqui dentro, um brilho que não se cala, que não se aquieta...
e em alguns dias ou noites, me percebo escrevendo em caderninhos, em livrinhos, fazendo diários, essas coisas de gente empolgada...
certas vezes me pego olhando para a vida com os olhos iluminados...
apaixonada pelas coisas simples, sabendo que o que há de mais complexo na vida, é a simplicidade...
ontem escrevi inúmeras coisas, comi as palavras e falei de boca cheia... me empolguei com o conhecimento, com o conjunto da obra... hoje acordei apaixonada pela escrita, por essas coisas de criação, de inspiração, de vida...
engraçado...
ontem disse que minha busca é pela minha corporeidade, pelo movimento, pela ação do corpo no espaço e no tempo...
fico cada vez mais feliz...
estou descobrindo que não há outra maneira de movimentar o que tenho por fora, se não for mexendo no que há por dentro...
bom saber que certas coisas na vida passam, bom saber disso assim, sem dor, sem dó, sem nada... saber que as vezes um dia após o outro pode ser uma tortura, pode ser o tempo passando sem nosso controle, mas noutras vezes, um dia após o outro pode ser limpeza, faxina, remoção de umas coisas que só atrapalham e que não deveriam estar no patamar que se encontravam...
olhar pra frente, ver o que vejo e não me importar mais, isso é bom demais pra ser verdade, mas é, a mais pura verdade...
olhar pra trás e ver que errei feio nas minhas escolhas, mas que hoje não faz diferença, traz uma sensação que não tem igual... saber que algumas coisas mudam e outras não... já que não é tudo que tem que mudar...
perceber que existem inúmeras vertentes, e não se precisa beber de todas, não é preciso entrar no lago e molhar corpo e alma, talvez alguns goles dali ou daqui já sejam o suficiente para o que precisamos naquele momento...
e assim eu sigo, olhando pra frente e as vezes voltando minha cabeça pra trás... voltando as lembranças que me trazem pensamentos, pensamentos de que as coisas podem ser assim, calmas, sem furacão, sem vertigem, sem dor...
pensar no lisandro que tanto me inspira e dizer bem alto... agora, neste momento... é tudo o que eu tenho e é tudo o que há... e não me importa, é mais do que suficiente, é mais do que bom... nem tudo é preciso ter aos montes, tem coisas que se demais só envenenam, só fazem mal...
"es todo lo que tiengo y es todo lo que hay" (lisandro aristmuño)

a minha versão...

umas folhas de papel
um celular
uma caneta quatro cores
meu pai
é tudo o que tenho
é tudo o que há
um céu nublado
poucas certezas
perguntas demais
um par de pés
é tudo o que tenho
é tudo o que há
minhas bagunças internas
um vestido preto
uma sapatilha
um pouco de fé
é tudo o que tenho
é tudo o que há
muito trabalho a fazer
perguntas sem resposta
dedos no teclado
um coração que pulsa
é tudo o que tenho
é tudo o que há
se eu precisasse de tudo
se eu tivesse que ter
se estou onde estou
o sol no seu lugar
es todo lo que tiengo
es todo lo que hay

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

pela rua Xv de novembro

anda pela calçada com os pés em saltos altos certos de onde quer chegar... sabe o que acontecerá ao chegar, sabe...
vai assim mesmo, vai por vontade própria, sempre teve esse dom, de fazer as coisas que quer, na sua hora, no seu momento, como quer...
cantarola algumas canções, cantarola alto e por fim baixa o tom, guarda a canção que mais gosta, a preferida, dentro do peito, continua a caminhada, firme, certeza é o seu jeito.
compra um chicletes de tutti-frutti, misto de restos de outros chicletes que sobram na fábrica, é o que pensa, era o que sempre pensava dos tutti-fruttis da vida. masca ruidosamente. odeia o barulho da boca enquanto come, enquanto masca, mas não o seu barulho, ele era ouvido por dentro, ele sim faz sentido. faz bolas tão grandes, que tem medo de entrar dentro delas. tem medo de ficar colada numa goma de mascar. faz mais bolas, não há espaço para o medo, não naquele momento.
senta no banco de madeira, espera até o horário combinado, espera mais um pouco do que o combinado. espera por muito tempo. o chicletes perde o gosto, sua mandíbula doí. cospe no chão e observa por algum tempo se alguém pisa no chicle, se xinga, se tenta limpar a sola, ou se como de costume, pisa e nem vê no que pisou, se segue colando chicletes pelo chão. ninguém pisou. olhou para o relógio, parece parado. levantou. olhou em volta. olhou novamente para o relógio e confirmou, está parado.
abriu a bolsa, mais uma vez retirou de lá milhares de folhas de papel branco sulfite A4. pega fita durex e sai caminhando novamente. sem tanto ímpeto, sem tanto. cola nos postes e em todo lugar visível que encontra, distribui para os transeuntes. olha nos olhos de todos. que não vêem...
"procura-se macaca desaparecida que tem o costume de imitar gente. cuidado perigosa. dá-se boa recompensa."
andou até o final da rua XV.
parou no orelhão.
discou 190.
eu tenho notícias da macaca desaparecida. ela está distribuindo panfletos em plena rua XV, neste momento. tutututututututututuuuuuuuuuuuuuuuaaaauuuuuuuaaaaauuuuuuuuaaaa
joga os papéis para cima num ato violento de desespero. rasga as roupas, coloca as duas mãos no chão, anda de um lado para o outro, bate contra o peito, uuaaauuuaaauuu!
ninguém olha, o chicletes continua no chão, o relógio não marca o tempo.
- mãe, olha, um macaco...
- esse menino, sempre inventando mentiras...
recolhe as roupas rasgadas do chão, sobe na velha árvore em frente ao Girafas... se nega a olhar os humanóides dali de cima.
veste os trapos rasgados. desce com os sapatos nas mãos.
calça os sapatos e anda novamente pela rua, já não sabe o que é ímpeto.

pra não dizer que nã falei de Kafka...

estou exatamente no meio do caminho, ainda não posso dizer que é pleno em mim o sorriso, ainda não posso dizer com certeza que reina o "drama", ainda... estou no meio do caminho entra a comicidade e a dramatização, estou exatamente no meio do caminho, tal qual um pato, que faz uma porção de coisas, mas nada bem feito, nado mais ou menos, vôo mais ou menos e ando daquele jeito... me encaixo no meio termo, na medianidade que me irrita cada vez mais... começo uma busca interna e externa por verdade cênica, e já vou tarde...
tenho agora essa vontade imensa, que vem se delineando e que agora se torna um desenho completo, essa vontade de conhecer mais e melhor o meu corpo, as minhas possibilidades, saber o que ativa os meus comandos, o que traz à tona os meus sentimentos, as sensações...
e pra não dizer que não falei de Kafka, pra não dizer que ficou só por lá os sentidos de tudo aquilo que foi visto e dito... pra não dizer que não falei de nada, parafraseio com minhas palavras... se olhar por fim toda a minha escala evolutiva, o que fiz de lá pra cá, o que fiz até aqui, não me satisfaço e nem me dou por vencida, prefiro continuar minha busca, permanecer em intensa caminhada...
tenho que lutar contra diversas forças que me regem, e que sempre me levam a desistir... tenho que lutar contra a preguiça e o preconceito que estabeleci sobre mim mesma, tenho que lutar todo dia... mas mudei as peças do jogo, ao invés de dizer que luto, vou dizer que jogo, já que é de jogo que sou feita, já que jogar é o que gosto... então daqui pra frente vou estabelecer pra mim um novo jogo e jogar com prazer...
hoje começa uma nova fase, uma nova fase do jogo, passei aquelas outras pra chegar até aqui, passei não por nada, mas porque tinha que passar, era jogo, era caminho... e agora, hoje, segunda-feira, lanço um novo desafio a Nana Rodrigues... ir além de descobrir o que há por dentro, ir além das coisas internas e externar com verdade cênica os sentimentos...
minha rima tem voltado com frequência, seria algo que diria deplorável a algum tempo, mas não hoje... pois aprendi a me compreender... e sei que quando ela volta, é porque algo está para mudar, e agora mais do que nunca anseio por estas mudanças... que virão de dentro pra fora, é claro... mas que se farão notar ... saio do mundo do pensamento e venho para o mundo das relações, das formas, do movimento!!!
hoje é segunda-feira, 14 de setembro...

domingo, 13 de setembro de 2009

seletivismo natural...

eu não como qualquer coisa, só as melhores, as que eu realmente gosto... já passei da época de fome, que comia o que via pela frente, sem saber do que era feito, dos ingredientes...
agora escolho delicadamente cada coisa na feira, terça-feira, quarta-feira, sábado-feira ou outra feira qualquer...
não é tudo que eu ponho pra dentro... já que depois que entra é só comigo, então escolho o que vai aqui dentro...
desenvolvi aos poucos esse seletivismo, natural eu diria, escolho de maneira aleatória os meus alimentos...
eu não fiz daqui um templo, um altar, um lugar sagrado, apesar de saber que era exatamente isso que deveria ter feito... mas escolho com certo cuidado (descuidado) o que entra, o que vai por dentro, já que depois só eu sei como fico... só eu sei como digiro os meus alimentos...
houve um tempo que eu tinha uma "fome oculta", uma fome que não se sabia de onde vinha, parecia que eu estava alimentada, tinha acesso ao alimento... mas vinha aquela vontade, de por pra dentro alguma coisa doce, algum salgadinho, algum sentimento que sabia o gosto que tinha, e lá ia, atrás de uma coisa pra comer, uma porcaria... enchia a parte de dentro dessas coisas... me enchia...
depois no outro dia, ou até no mesmo, só eu sei o que é que vinha lá de dentro, o que jorrava pra fora pelos meus buracos, até pelos poros... só eu sabia dos meus sentimentos...
então decidi depois de um tempo que tinha preferência na vida, nos alimentos, que iria escolher o que por pra dentro, que não sairia engolindo qualquer coisa, qualquer vento... depois de um tempo percebi que é o que se come, o que se deixar morar aqui... depois de um tempo não como mais tudo o que vejo pela frente, tudo o que aparece, tudo o que me apetece, só como o que me agrada com os olhos e as pontas dos dedos, só como as coisas com certificado de procedência, com nota fiscal do fornecedor... já que depois de comido, é caso perdido, já está por dentro...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

nÃo sense - COMO eu COMO?!?

- ola, eu gostaria de pedir pra entregar gás aqui no meu apartamento. sim, 403. por favor. obrigada.
camisola, ok! calcinha, ok! velas pela casa, bom melhor não, gás é sempre gás...
toca o telefone.
- alô? oi. não, eu pedi gás. sim, ele virá certamente. sim, vou trepar com ele. sim, ele deve ser exatamente como imaginei, sujo, com uma ponte de dentes falsos na boca, sujo não, imundo, deve ter um cheiro de suor, sujeira e poeira urbana. a campainha está tocando, vou ter que desligar.
vou esperar um pouco mais para atender, quero que ele sue ainda mais esperando com o gás nas costas. certo, vou abrir a porta agora.
- ola...
- dona, é aqui o gás?
- sim.
- onde eu coloco?
- no meu quarto, por favor...
- no quarto?
- sim, e se puder tirar a roupa... eu prefiro assim.
eu sorrio pelo canto esquerdo da boca, estou jogando...
ele coloca o gás no chão, olha para os lados. retira a roupa toda, uma cueca imunda, umas meias que algum dia deveriam ser brancas. fica tudo no chão da sala. tudo inundando o ar com um cheiro nojento, um cheiro de gente de verdade. aquele bolo de roupa cinza e ele parado. coloca o gás novamente no pescoço, suas mãos e ombro ficam prateados. tem cheiro de butijão de gás no corpo.
- me acompanhe, por favor...
rebolo tanto no caminho até o quarto, que minha cintura parece querer quebrar. ele acompanha, quieto, ciente do seu papel. chego ao quarto antes dele, me deito na cama. abro as pernas em borboleta. ele coloca o gás no chão e pula por cima de mim.
- oh, yeah...
ele morde meu corpo e quando percebo o líquido quente escorre. estou sangrando, ele me comeu de verdade. um tosco. um grosseiro. faço menção de reclamar. ele cala minha boca com uma das suas mãos prateadas. cala com tamanha força enquanto come mais um naco de carne. que a respiração fica rala e por fim inexiste. ele percebe que morri, fode meu olho esquerdo, minhas duas orelhas, e todos os outros buracos maiores que um poro que encontrar.
entra meu marido que escuta os barulhos que ele faz ao comer.
- quem tá ai?
vai até o quarto e se depara com sua mulher nua, um entregador de gás nú e uma cama vermelha. vai calmamente até a cozinha. pega a faca. volta ao quarto e enfia a faca nas costas do entregador estúpido que sequer olhou para trás.
-filho da puta...
deita ao meu lado e me come. trepa comigo e nem percebe que morri. vou voltando a respirar, voltando, voltando e em segundos estou ali novamente. pronta para outra. que começa imediatamente.
- ai, ui...
-oh, yeah...
ele retira do pescoço a gravata que estava vestindo desde de manhã, exatamente 8:46 da manhã de hoje, coloca como uma coleira, um afogador, no meu pescoço. enquanto transa comigo puxa com ferocidade a coleira, que me afoga mais uma vez. o ar aos poucos vai sumindo, se tornando rarefeito. morro. ele continua me comendo e não percebe que voltei a morrer. exausto ele se deita de lado e passa as mãos nos meus buracos carcomidos.
-oh, yes...
não percebe o entregador de gás que se levanta e vem a cama por suas costas e lhe come. ele não percebe. não percebe, mas geme.
-ai, ui...
o cheiro de sangue, e gás, e carne perfurada, e suor e fedores se juntam.
-oh, yeah...
ele retira a faca pelo peito do entregador estúpido de gás e afunda em outra parte qualquer do corpo nojento do homem. o entregador cai. ele retira de dentro do travesseiro um cigarro de maconha que a tempos estava ali guardado, quem sabe até para um ocasião especial. toca o telefone. ele não atende, mas já imaginava que não é simples assim sumir com um entregador de gás. as entregas não podem parar, ele aliás, entrega água mineral também. o telefone para de tocar. ele fuma com prazer e fica completamente fora de si. eu volto a respirar aquela fumaça lentamente.
levanto, levanta também o entregador. afrouxo um pouco a gravata. o outro retira a faca do corpo e limpa na perna. o marido não percebe o que está acontecendo, está fumado...
- são 47,23 dona...
- olhe bem, são cinquenta reais... não vá errar no troco.
...
- deixa pra lá. pode ficar...
ele embola a muda de roupa nos braços e sai. pinga um pouco de sangue pelo corredor e outro tanto na sala. ele vai pingando sangue até chegar em sua casa. pego um pano molhado. limpo a sala, o corredor, já que da porta pra fora do meu apartamento não tenho obrigação nenhuma.
amarro a gravata no chuveiro e deixo o corpo escorregar no chão repleto de shampu para cabelos crespos. espero um tempo.

nada...











nada de nada.

uma profusão

sim, minha pele está ótima hoje...



eu não preciso sentir somente isso, ou unicamente aquilo num determinado momento...


ser feliz não me impede de ficar brava, triste ou ainda mais feliz, isso tudo num mesmo dia, num mesmo momento...
cansei de achar que a vida é uma linha reta e que tenho que andar sobre ela e não sair dali um segundo sequer. descobri por mim mesma que a vida é feita de tantas coisas quantas pudermos encontrar pelo caminho. que um dia triste não precisa necessariamente começar e terminar assim, que um dia feliz pode se desfazer ou não, e muitas vezes isso não depende de nós e o que podemos fazer, se não dançar conforme a música?
é tão engraçado quando começo a olhar pra mim, pras minhas coisas e vejo que há tanto a descobrir, tanto a fazer...
é certo que ontem as coisas não estavam assim tão claras, talvez não estejam exatamente claras hoje... mas não preciso me fixar no ontem, nem esperar tudo para amanhã, posso viver o momento... enjoy!!!
tenho umas coisas encravadas aqui dentro, uns comandos que não sei de onde vem e que sigo sem nem perguntar como e porque, mas chegou esse dia de descobrir que a vida é feita dessas misturinhas, que um monte de coisas não são "pecado", que talvez pecado seja fazer o que não se quer, o que não se acredita... e dai acordei hoje com a pele ótima, com um bom humor, visitei meu pai no hospital, contamos piadas e demos ótimas risadas, pois pode rir na UTI sim! e depois olho pra mim no espelho e confiro que apesar de ter dormido pouco, estou com uma "cara boa" e que buscar respostas, ainda que cada vez mais suscite perguntas, é o que me move a continuar meu jogo diário...
a gente pode não gostar da música, mas se aprendemos a dançar do jeitinho dela, fica bem mais fácil aguentar...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

MiX

com a solidão as coisas vão desaparecendo
receio que de tão sozinha tenha acabado de desaparecer
melhor deixar um bilhete caso alguém apareça

o constrangimento é algo complicado de esconder, disfarçar, me parece algo que quanto mais se esconde mais se mostra...

tem risadas que realmente saem com um som de rá!

é engraçado que se tenha tantas idéias na cabeça, que tenha que parar pra reorganizar as coisas no meio de uma frase ou conversa.

unhas bem cortadas, mas tão bem cortadas, que o limite é a carne, a cola. essas unhas trazem uma pureza que beira a alma.

as pessoas estão o tempo todo se justificando
as vezes quando piscam
as vezes quando respiram
as vezes quando não fazem nada
absolutamente nada
se justificando o tempo todo
quase com a força da própria saliva

as vezes a voz some
acaba
mas ainda há muito o que falar...

sorrisos só escapam pelo canto, só por lá...mas esses são os melhores
as pontas dos dedos já gastos
os gostos na boca já esparsos
as palavras que não se sabe se substitui
as palavras que não se sabe o google tem
nata foram uma capa por cima do leite
nada por dentro
nada por fora
nada em piscina com cloro

branco

acho que agora quero escrever só em branco
talvez o branco seja mesmo a mistura de todas as outras cores
numa roda bem rápida
girando
girando
misturando
e todo colorido se transforme em branco
acho que vou escrever daqui pra frente só em branco
não precisarei escolher por outras cores porque todas já estarão resumidas aqui
parece mesmo que todas as cores se resumidas são o branco
branco colorido

estou ficando com medo

com medo de mim mesma, das minhas mudanças, frequentes, confusas, profundas, tenho medo de acordar um dia resolver ser homem, e. t. , ou outra coisa impossível qualquer. tenho medo das minhas paixões, que se resumem a um dia, uma hora, um segundo, milésimos. fico imaginando que estou assim agora porque resolvi olhar pra dentro e mexer nessas coisas que a tempos estavam aqui paradas, que quando terminar de mexer elas vão se assentar e vou sossegar. aliás, tenho que em apegar em alguma coisa, ainda que não acredite muito na verdade dela. parece que dentro é sempre tempestade, que tenho que viver andando na beira do precipício, que tenho que correr riscos calculados, mal calculados, todos os dias. dai penso, que ser humano vive assim(?), mudando da água por vinho todo dia, tendo que se desmontar e se reconstruir de hora em hora. parece que estou "emaluquecendo", antes achava que era aos poucos, mas agora tenho certeza de que é bem mais rápido do que lentamente. preciso escrever, e escrever, e escrever e falar comigo mesma pra ver se coloco alguns pingos nos is... i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i i no computador o i já vem pingado. o tempo já nublou de novo, o sol não saiu quadrado, não nasceu hoje pra mim. parece que minha cabeça vai estourar e não é de dor é de tanto pensamento fosco que existe aqui dentro. queria ficar umas horas sem pensar em nada e não pense que eu não meditei hoje, tentei, mas meditar é coisa pra gente normal, gente comum e eu não estou nem perto da comunidade...
acho que vou pra minha sinesfera, estalar os dedos do lado esquerdodireitoaltobaixolateraldentrofora pra ver se encontro o centro de gravidade do meu corpo e deixo ele um pouco menos grave, mais agudo quem sabe...
acho que vou entrar na minha sinesfera e ver se recupero alguns dos meus pensamentos perdidos, talvez até a chave do meu paraíso perdido, talvez faça como o pai do maneco, talvez pegue um piano e coloque em cima de um caminhão e vá até ai, nos pequenos campos fazer uma serenata pra você ao som de "la comparsita", talvez até cante, talvez até cante, dance e toque piano ao mesmo tempo, sapateando em cima da cauda de madeira de lei.
vou entrar na minha sinesfera e ficar por lá gastando energia, quem sabe com as energias bem gastas eu pare um pouco de achar que o centro do meu universo sou eu, talvez.
estou ficando com medo
será que quando se chega aqui
será que tem ainda pra onde ir
estou ficando com medo
talvez seja até um medo de ser normalzinha novamente
talvez eu seja mesmo uma confusão total
talvez me falte apenas não pensar sobre isso
nunca mais
talvez seja só entrar na sinesfera...

saliva, SUOR e algumas gotas de MUITA paixão

estava parada por dentro e por fora. as minhas pernas mexiam volta e meia, ficava nas pontas dos pés e voltava ao chão quando sentia formigarem os meus dedos. tinha na bolsa um caderno, uma caneta de quatro cores, azul, verde, vermelho e preto. quatro cores. não me parecia que lá fora estivesse tão quente, lá fora. tirei o casaco e coloquei no colo, mexi na bolsa mais uma vez. não sou das que mais tem paciência na vida, não sou. virei na cadeira, meu termômetro de paciência apita quando começo a me mexer com frequência, já se sabe que é o meu limite de tolerância. limite que se estende até muito mais, mexendo ou não, se estende. bocejei, esfreguei as mãos contra os olhos e fechei-os por um longo minuto. sinal de que estou esperando a tempos é bocejo+sono+mãos nos olhos. quando fechei os olhos me veio um lampejo de sonho, daqueles sonhos que sonhamos de propósito. sonhei com um amor de verdade, um daqueles amores que aparecem do nada e ficam e ficam e amam, um amor de verdade que na verdade não é bem de verdade e nem bem amor. não pude resistir, fiquei ali esperando, impaciente e sonhando com os olhos levemente fechados. pensei no amor chegando com passos leves, desses que se escuta tão pouco que não dá pra notar que são passos, perfume que invade a sala, desses perfumes que de tão perfumados parece se sentir de verdade, e com uma voz tão, tão, tão, bom, tão inexplicável que seria como ouvir a voz de Deus. uma mão tocou nos meus joelhos. meus olhos se abriram de susto. não me assustei por que estava dormindo, sonhando e fui acordada. tinha realmente ouvido passos, o perfume estava no meu nariz e quando os meus olhos se abriram vi o amor de verdade, que não se parecia nem com a verdade e muito menos com amor. na minha frente, com a voz inexplicável, com uma beleza tão incompreensível que tive que fechar os olhos e abrir de novo para ter certeza de que estava realmente acordada. um amor de verdade que nem de verdade parecia, ali na minha frente e verso e frente e verso. se algum dia me dissessem que seria esse meu padrão de beleza aos 30 anos, se me dissessem eu duvidaria. duvidei. tive que articular milhares de pensamento pra sacar o que na verdade estava sentindo. tive que articular muita coisa aqui dentro pra me dar conta do que estava acontecendo ali. e pra mim foi o fim de um ciclo, sabia que dali pra frente nunca mais poderia prestar atenção a mais nada, sabia que não entenderia mais as coisas de maneira tão simples assim, sabia que daquele momento em diante as coisas seriam muito mais perguntas do que respostas. sempre duvidei dos amores de verdade, sempre duvidei. mas quando os meus olhos se abriram e uma gota de suor e paixão escorreu pela lateral do meu rosto. quando minha boca precisou falar um mero "oi" e a saliva me pareceu cola, densa, espessa e que solapava minha boca e nada mais saia dali. precisarei de muito mais tempo para digerir. na minha bolsa tinha uma caneta de quatro cores, vermelho, verde, azul e preto. um caderno inteiro. uma caneta de quatro cores e um caderno. pela primeira vez as coisas não foram exatamente assim, eu não tive que correr pra ele escrever desesperadamente por hora, eu não tive que escrever meu nome junto ao seu, não tive que desenhar uma porção de corações. pela primeira vez senti algo que não é cognitivo aqui dentro, senti algo que me deixou sem linha, sem cor, sem caderno. senti um vazio que preenche. não me parecia que lá fora estava tão quente. já tinha tirado o casaco. não poderia tirar mais nada. na minha bolsa tinha uma caneta de quatro cores, era pouco quatro cores naquele momento pra mim. quando fechei os meus olhos para me deixar levar por um sonho bom. quando abri os meus olhos. quando vi a cara de Deus. quando ouvi a sua voz. tenho muito mais perguntas dentro de mim. tenho essa vontade de abrir e fechar meus olhos a todo instante e ver se sonho novamente. são quase palavras de um sonho bom. quase só palavras sem nenhum sentimento. só uma histórinha dessas de novela, ou livro de romance. li uma sabrina essa noite, fechei meus olhos e imaginei acordar, fechar os olhos e poder sonhar um sonho bom, poder sonhar um daqueles sonhos que se direciona, que se premedita. fechei os olhos novamente, mas infelizmente agora, neste momento, é melhor não abrir.

sem sentido...

preciso dizer, não vejo muito sentido pra tudo isso que está acontecendo por aqui...
tudo bem que muitas vezes acredito num plano superior, numa missão, num caminho a percorrer, mas hoje, agora... não vejo muito sentido pra isso tudo...
porque colocar umas pessoas na terra e depois tirá-las daqui, porque uns morrem jovens e outros bem velhos, o que de fato deve ser feito enquanto o nosso tempo passa?
tenho mais uma vez milhares de perguntas e nem por perto respostas...
tenho um furacão aqui dentro que come meus pensamentos perguntando inúmeros porquês e nada de respostas aparecerem...
não entendo mesmo o que estamos fazendo por aqui...
era mais fácil quando eu pensava em morrer e ir para o céu, era infinitamente mais fácil, mas agora isso me parece tão irreal, no que acreditar então... porque ficar aqui na terra, por quê?
preciso conversar com Deus urgentemente, preciso de uma audiência...
eu não quero morrer agora, não é um tipo de pensamento suicida, não é estar aqui sem dar valor, mas é que não vejo sentido em nascer, crescer e morrer, não vejo mesmo, não vejo agora...
pra variar um pouco estou confusa, estou bastante confusa, já que existem os que fazem muito e logo se vão e os que não fazem nada e ficam, mas também não posso acreditar que o meu tudo e o meu nada possam servir de referência...
estou perdida mais uma vez... talvez seja a milésima vez que me perco, na vida??...não, na semana...
mas fico parada pensando qual é o sentido da vida, qual é o sentido de acordar todo dia e fazer as coisas que fazemos se por fim tudo terá fim e não se sabe se será um fim de fim ou um novo começo...
me perco, logo existo...

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

caixinha musical

o humano me fascina, me impressiona, me deixa boquiaberta... o humano me seduz, mas ao mesmo tempo me assusta de uma forma que não posso compreender, sequer relatar...
em minha pequena cabeça não cabe saber das fragilidades, de quão fracos somos tanto por dentro quanto por fora, tanto em carne como em alma... somos de uma fragilidade, de um material altamente perecível...
somos lá em casa uma grande caixinha musical, tem que dar corda pra funcionar, tem que estar sempre por perto, tem que juntar pra fazer musica... damos corda uns nos outros, damos corda a nossa caixinha... minha mãe é a bailarina, meu pai o soldadinho que dança no espelho e nós a música que faz com que eles dancem bem bonitinho...
ontem o soldadinho ficou cansado demais pra poder dançar... seu imã não rodava, e nós sem querer quase paramos de tocar, de dar corda, de cantar... a bailarina sem ele não dança, não consegue nem se movimentar, ele sem música quase não existe mais...
por um segundo a corda acabou e nós paramos de cantar... tirei de dentro um restinho de força que havia guardado para um momento especial e entoei um cantinho num canto da sala bem baixinho... os outros conseguiram tirar alguma forcinha e entoaram também... era quase um canto de dor, um canto descolorido, mas serviu pra ver ao menos a bailarina se movimentar um pouquinho mais pra perto do seu eterno soldadinho, deu pra ver o soldadinho mais uma vez dar corda na gente, deu pra cantar um pouco mais...
somos mesmo uma caixinha de música, que não funciona se não der corda, que não funciona se não estiver toda junta, com soldadinho e bailarina por perto...
somos mesmo uma caixinha de música e hoje sabemos que não sou eu, nem a bailarina, nem o soldadinho e nem um dos componentes que dá corda sozinho, a corda só é dada por todos juntos...
melhoras para o meu soldadinho!!!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

UM lugar ALGUM lugar

eu respirei todo o ar que havia de uma vez só, de supetão, de susto, respirei e prendi aqui dentro do peito estufado, crescido de ar... esqueci da mania que se tem de dizer que respirar é toda hora, todo dia, todo sempre... esqueci que hematopoiéses tem que acontecer aqui dentro, que trocas mantém tudo funcionando em perfeito estado de conservação... respirei como se fosse a última vez que um humano pudesse respirar...
pois os meus olhos estavam abertos, mas não tão abertos assim, e num piscar de olhos as minhas pálpebras foram roubadas da minha face, foram retiradas e guardadas nos seus bolsos de calças cinzas ou pretas e meus olhos nunca mais se fecharam...
com o tempo sei que vão saindo de nossa boca os sabores que tanto nos agradam, perdem-se os cheiros, os perfumes, com o tempo perde-se... com o tempo se apagará de dentro das minhas pálpebras já roubadas a imagem que guardei...
por mais que eu preencha a minha vida de porquês, por mais que procure respostas, elas ainda não foram feitas, só me resta perguntar, novas perguntas todos os dias, as não-respostas que sempre vagam por meus pensamentos, minha doce confusão...
com o tempo essa sensação de não-solidão vai passar, com o tempo até o tempo passa, ficam os borrões, ficam as imagens já tão gastas daquilo que já não sabemos ao certo o que é, fica a poesia, fica a ilusão do que foi...
com o tempo se instala a efemeridade, se instala e diz que veio pra ficar...
talvez eu não queira que seja assim, talvez grave a ferro quente, talvez rememore cada dia para não apagar, para não esquecer, para ter sempre em mãos o cheiro, o gosto, a fotografia que tirei quando meus olhos abriram...
confesso, estou confusa, confesso...
vivo em plena confusão...
uma bagunça que até então eu entendia, me entendia...
até então...
confesso...
muitas coisas mudaram por aqui...
ainda em não-respostas...
mas com mais perguntas do que nunca...

sábado, 5 de setembro de 2009

nana of the "jangle-monkei"

por tempos procurava, por tempos me empedernia, por tempos...
uma liberdade sem saída, que não me leva, me prendia...
o pensamento não era saída, não era liberdade, era vazio, era preenchimento de uma nada que com outro nada preenchia...
por tempos procurava, nada encontrava, nada via, a não ser o que queria, a não ser o que já estava o que já tinha...
pensava por cima dos verdadeiros pensamentos, pensava por cima do que estava em foco, pensava por cima de mim mesma
uma liberdade em formato de cárcere, uma liberdade nos pés enterrados em pensamentos que cavam mais um buraco, mais cimento
amadure-cimento
liberti-nagem
liber-dade
pensa-mentos
pensa-fresh
pensa-...
com os olhos fechados pra dentro, com os olhos aberto pra fora, com o dentro encerrado, com o dentro por dentro de dentro
com um vácuo
com um vazio
com um vazio cheio
com uma miséria
com uma postura
com uma postura
com uma im-postura
com uma impostadura
com a cabeça cheia de um vazio imenso com uma chave nas mãos e um cárcere aqui dentro com um condicionamento que se reproduz e evolui me involuindo com a comodidade com o pensamento com as coisas ao redor acontecendo com as coisas aqui dentro acontecendo com a mente pensando que pensa
não se pode não pensar, corpo e mente estão misturados aqui dentro, não se pode parar de pensar, não se pode parar, não se pode deixar tomar conta o pensamento de que se está pensando agora, agora, agora, no momento, no momento, no mo-me-n-to
eco eco eco eco eco eco eco eco eco eco macaco marreco eco eco eco eco eco eco
uuuAAuuuuuAAUUUUUaaUUUUUaaUUuuAauuuuuAAuuuuuuaa
quadrado-retÂngulo com lados de fora de dentro de baixo de cima de diagonal esquerda direita ao mesmo tempo me acompanhem o som o movimento o pulso que pulsa do lado de fora do seu lado de dentro
não se separa pensar de pensamento
não se separa
não se-se-pa-ra
n-ã-o-s-e-s-e-p-a-r-a
nãosesepara
penso
existo
penso que penso
desisto
esqueço
fujo
minto
invento
imito
macaco
pensamento
estou em boa companhia agora, é o que sinto, é o que penso?
estou agora
boa
imito
companhia
penso
estou
agora
momento

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

prefiro acreditar que as nuvens não tem dono
prefiro não vendê-las como se fossem algodão doce

que as vozes aqui de dentro não me dirão nada que ainda não sei
mas que quando resolverem falar saberei

é engraçado
mas eu não tenho medo ou vergonha
não agora

cores todas misturadas
cheiro que se vê
visão que se ouve
uma dor que não dói, não mais

são Jorge desceu a terra
olhou nos meus olhos e me disse com os seus
meu corpo todo ouviu
meu corpo todo

a carne quando é esfregada com toda força contra uma superfície rígida
a carne quando é esfregada
não se rasga pele com facilidade
não se rasga
estouram por dentro os vasos sanguíneos
estouram e pintam a subpele de roxo
vermelho misturado com rigidez dá roxo escuro
a pele é só envoltório?
ou "delicada embalagem"?
de dentro se vê a pele por dentro ou só vermelho
se fricciona um corpo todo contra o rígido ele fica roxo por dentro ou permanece vermelho?
a carne quando se esfrega
carne é sempre carne
vermelha ou roxa
carne é para carnívoros
carne é carne
pele é pêlo, tegumento, capa, roupagem, desenho, cor, suor, sal, pigmento

eu sei o que é a beleza

minhas NOVIDADES...

NÃO SÃO NOVAS as minha novidades, o mesmo de sempre, a de hoje é "estou mudando"... de hoje, de ontem e de amanhã... mas a novidade é que hoje eu me dei conta de uma porção de coisas ao mesmo tempo, racionalizei umas paradas que estavam aqui gritando e eu não queria ouvir, processei uns códigos que tinha dentro da minha parte de dentro... por fora não foi muito o que mudou, cimentei umas coisinhas que certamente logo sofrerão com a picareta, mas agora me parece hora de edificar aqui dentro... hora de construir umas coisas que faz tempo que estão me pedindo aqui dentro...
coisas minhas, é certo que possam não fazer sentido a mais ninguém, mas pra mim está tudo muito claro agora... e agora é o que me importa...
e me sinto bem de ter acordado, de ter respirado hoje cedo, de ter caído em mim no sentido real da coisa, me sinto bem com a perna toda roxa e dolorida, pois quando tudo se chacoalhou e se misturou aqui dentro surgiram umas combinações que não existiam, mas que já faziam falta faz tempo...
como diria a Divah, "ainda não é tempo de falar tudo...", mas muito mudou e muito ainda irá mudar... e me parece no dia de hoje que viver é isso, chacoalhar as coisas de dentro até que se façam outras combinações e se tornem claras umas questões que não sabemos o que é, mas que nos fazem pensar e pensar...
hoje foi um dia importante, levantei, sai, andei, comi, cai, levantei, vi, olhei, senti... e ao fim de tudo não tenho grandes palavras, grandes coisas, só o que está aqui dentro e que é suficiente pra mim...

ela voltou...

com o tempo vem a inspiração...
ela voltou com uma força de furacão...
me disse que talvez dessa vez tenha vindo pra ficar...
talvez...
mas voltou e me trouxe junto coisas inexplicáveis...
trouxe nos braços a verdade do universo...
meu universo...
ela voltou e parece que veio pra ficar...

COMO É QUE SE DIZ...

como aquela música que você não sabe o que a letra significa, mas que gosta mesmo sem saber porque, aquela que quando você escuta te dá um negócio dentro do corpo todo, uma sensação que você não sabe o que é mas que está lá, inteira, dentro, viva... aquela melodia que faz seu corpo falar, que faz todo seu corpo falar, falam seus cabelos, suas pernas, seus braços, seus olhos, seu sangue... você faz micromovimentos que vão em direção daquela melodia que te toca e reverbera por todo seu corpo...
pois o que é a beleza se não uma conversa que seu corpo tem com o que lhe parece belo e só a você... o que é a "buniteza" se não as informações que você recebe e processa bem por dentro e devolve... essa beleza que não tem em loja, nem em desfile e muito menos em novela... essa beleza tão forte que choca, que dói, que toca, que faz perguntar como é que se fala desta beleza, como é que se diz isso assim, desse jeito sem cair no clichê do modelo pré-processado, congelado e vendido em qualquer supermercado por 12 reais...
como é que se fala do efêmero que lhe informa que veio pra ficar, como se fala de coisas que ainda não estão processadas dentro de nós...
os meus olhos por vezes me cegam, me cercam de belezas tão intensas que tenho medo até de piscar... meus olhos que me levam por caminhos que me fazem entregar meu âmago sem nem mesmo olhar, de mão beijada, abraçada e selada numa beleza que se eu contasse seria de duvidar...
tinta fresca, cheiro de novo, novidade, amanhecer sem sol, não dá pra explicar como é olhar para algo e descobrir que o que você tem por dentro pulsa ao som do batuque e seus poros se abrem e sentem, e você não compreende o que é o sentimento, mas sente e seu corpo dialoga com algo que você mesma não sabe dizer em palavras...
meras palavras, tolas palavras, mau costume de nomear tudo o que se sente e que se vê...
um certo dia você descobre o que é a beleza, ela é jogada na sua cara, no seu colo, na sua cabeça, é jogada em você, e está lá, não há como negar, não há...
um certo dia você percebe que pode abrir seus olhos além do que sempre estiveram abertos, percebe que ver é algo que vai além de olhar, percebe que são infinitas as combinações, as possibilidades...
chega o dia em que seus olhos se abrem e se deparam com a perfeição êfemeramente infinita e você deseja não fechá-los nunca mais...
o que é a beleza, se não um punhado de gotas de suor, saliva e sangue, escorrendo por fora e por dentro na frente de olhos bem abertos...

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

indomável ;-)

minha paciência não anda dando muito as caras por aqui, eu ando meio sem ela, essa menina indomável que as vezes me visita, mas que depois passa tempo sem aparecer...
ando meio irritada com umas coisas óbvias, mas que infelizmente só são óbvias pra mim, e fico me perguntando por que é que só eu vejo as coisas assim, como é que passa tudo tão batido pros demais...
é um saco saber que você já sabe uma porção de coisas, e na verdade é um saco ainda maior porque o que eu deveria saber bem certinho, eu simplesmente não sei, não é que não sei, sei mais não consigo dar conta de fazer...
eu olho uma situação, uma parada qualquer e já sei o que vai acontecer, fico pasma como as pessoas não se dão conta de que tudo é muito previsível... ou será que eu estou lá na frente enquanto deveria estar aqui?
não sei se sei se sei não sei... só sei que tem dias que a minha paciência não é minha, simplesmente não está, não temos... eu fico assim, irritadinha e as coisas ao redor me irritam ainda mais...

terça-feira, 1 de setembro de 2009