terça-feira, 8 de setembro de 2009

UM lugar ALGUM lugar

eu respirei todo o ar que havia de uma vez só, de supetão, de susto, respirei e prendi aqui dentro do peito estufado, crescido de ar... esqueci da mania que se tem de dizer que respirar é toda hora, todo dia, todo sempre... esqueci que hematopoiéses tem que acontecer aqui dentro, que trocas mantém tudo funcionando em perfeito estado de conservação... respirei como se fosse a última vez que um humano pudesse respirar...
pois os meus olhos estavam abertos, mas não tão abertos assim, e num piscar de olhos as minhas pálpebras foram roubadas da minha face, foram retiradas e guardadas nos seus bolsos de calças cinzas ou pretas e meus olhos nunca mais se fecharam...
com o tempo sei que vão saindo de nossa boca os sabores que tanto nos agradam, perdem-se os cheiros, os perfumes, com o tempo perde-se... com o tempo se apagará de dentro das minhas pálpebras já roubadas a imagem que guardei...
por mais que eu preencha a minha vida de porquês, por mais que procure respostas, elas ainda não foram feitas, só me resta perguntar, novas perguntas todos os dias, as não-respostas que sempre vagam por meus pensamentos, minha doce confusão...
com o tempo essa sensação de não-solidão vai passar, com o tempo até o tempo passa, ficam os borrões, ficam as imagens já tão gastas daquilo que já não sabemos ao certo o que é, fica a poesia, fica a ilusão do que foi...
com o tempo se instala a efemeridade, se instala e diz que veio pra ficar...
talvez eu não queira que seja assim, talvez grave a ferro quente, talvez rememore cada dia para não apagar, para não esquecer, para ter sempre em mãos o cheiro, o gosto, a fotografia que tirei quando meus olhos abriram...
confesso, estou confusa, confesso...
vivo em plena confusão...
uma bagunça que até então eu entendia, me entendia...
até então...
confesso...
muitas coisas mudaram por aqui...
ainda em não-respostas...
mas com mais perguntas do que nunca...

Um comentário:

Unknown disse...

Querida.... primeiro, li seu comentario´lá no blog, e lendo aqui entendo o "perdidinha".... segundo, sempre quero e vou querer ouvir suas coisas, e acho q aquele nosso almoço vai ser providencial - para conversarmos, solucionarmos as dúvidas, quem sabe até responder algumas dessas suas não-respostas.... enfim... a boa notícia é q os olhos, mesmo qdo depositados aos cuidados de outros, sempre acham um jeito de voltar para nós... e a noticia melhor ainda, é q sempre vemos tudo melhor e diferente qdo eles voltam... beijos flor.