quinta-feira, 3 de setembro de 2009

COMO É QUE SE DIZ...

como aquela música que você não sabe o que a letra significa, mas que gosta mesmo sem saber porque, aquela que quando você escuta te dá um negócio dentro do corpo todo, uma sensação que você não sabe o que é mas que está lá, inteira, dentro, viva... aquela melodia que faz seu corpo falar, que faz todo seu corpo falar, falam seus cabelos, suas pernas, seus braços, seus olhos, seu sangue... você faz micromovimentos que vão em direção daquela melodia que te toca e reverbera por todo seu corpo...
pois o que é a beleza se não uma conversa que seu corpo tem com o que lhe parece belo e só a você... o que é a "buniteza" se não as informações que você recebe e processa bem por dentro e devolve... essa beleza que não tem em loja, nem em desfile e muito menos em novela... essa beleza tão forte que choca, que dói, que toca, que faz perguntar como é que se fala desta beleza, como é que se diz isso assim, desse jeito sem cair no clichê do modelo pré-processado, congelado e vendido em qualquer supermercado por 12 reais...
como é que se fala do efêmero que lhe informa que veio pra ficar, como se fala de coisas que ainda não estão processadas dentro de nós...
os meus olhos por vezes me cegam, me cercam de belezas tão intensas que tenho medo até de piscar... meus olhos que me levam por caminhos que me fazem entregar meu âmago sem nem mesmo olhar, de mão beijada, abraçada e selada numa beleza que se eu contasse seria de duvidar...
tinta fresca, cheiro de novo, novidade, amanhecer sem sol, não dá pra explicar como é olhar para algo e descobrir que o que você tem por dentro pulsa ao som do batuque e seus poros se abrem e sentem, e você não compreende o que é o sentimento, mas sente e seu corpo dialoga com algo que você mesma não sabe dizer em palavras...
meras palavras, tolas palavras, mau costume de nomear tudo o que se sente e que se vê...
um certo dia você descobre o que é a beleza, ela é jogada na sua cara, no seu colo, na sua cabeça, é jogada em você, e está lá, não há como negar, não há...
um certo dia você percebe que pode abrir seus olhos além do que sempre estiveram abertos, percebe que ver é algo que vai além de olhar, percebe que são infinitas as combinações, as possibilidades...
chega o dia em que seus olhos se abrem e se deparam com a perfeição êfemeramente infinita e você deseja não fechá-los nunca mais...
o que é a beleza, se não um punhado de gotas de suor, saliva e sangue, escorrendo por fora e por dentro na frente de olhos bem abertos...

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