domingo, 24 de outubro de 2010

mais um dia comum, em tempos comuns e redundantes.

choveu muito, muito mais do que se esperava. disseram na televisão que choveu o que era esperado para todo mês de outubro. a água subiu muito rápido, não deu tempo de salvar nada. estavamos dormindo e quando vimos a água já chegava no andar de cima. subimos na lage da casa pra não morrer afogados. não pudemos pegar documentos, fotografias, papéis importantes, roupas, móveis, nada. tudo ficou molhado pela água da chuva. perdemos tudo. teremos que recomeçar, já que era tudo o que tinhamos, tudo o que tínhamos estava na nossa casa que foi inundada com a grande quantidade de chuva que caiu ontem de noite. choveu muito, mais do que todo mundo esperava. ninguém imaginou que a água fosse subir tão rápido, que fosse chover tanto assim. agora não temos as nossas coisas, não sabemos o que poderá ser salvo ou recuperado, já que está tudo molhado. muito molhado. vamos ter que começar do nada, do zero, ter que reconstruir nossas vidas, recuperar nossas coisas. choveu muito.


versus

a chuva. nossa casa, não há mais nada.



uma questão de estilo ou uma necessidade de se fazer entender por meio de muitas palavras e redundância. fica a dúvida, fica a dica, fica a sensação de não saber se há como saber a hora de parar, de dar fim sem deixar que se arraste e deixe um rastro ruim uma explicação, sim, explicação, que poderia ser mais simples e mesmo assim entendida. entediada.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

...

você consegue ver meus olhos, consegue vê-los agora. eu deveria rir alto. eu deveria rir. sussurrar em teu ouvido. eu deveria gritar e por dentro grito, um grito mudo, tão mudo quanto as marcas que ficarão por aqui. incandescentes. um coração que pulsa na mesinha de centro, ao lado de bebidas e pó. um copo d'água, me veja um copo d'água por favor, é onde vou colocá-lo, e beber até o fim, até a gota que desce do olho. minh'alma está arqueada, sem ar, já sente o rasgar da pele pós o depois que há quando se fica e se vai. há uma náusea dentro dos meus pensamentos, que vem da música que se repete no quarto ao lado, átrio ao lado. um pequeno compartimento. eu não pude evitar. eu não pude. minha mão se abre, impreterívelmente se abre, vaza, vaza todo meu corpo mole e flácido de dor e gozo pelos vãos dos meus dedos.

particulaseunempedaçospartesencontrosseunemsesoldamsesolidificamerompemesaemevoltameeleeeuépartedotodoquesomos

e agora, o já, se foi. segundos e a explosão se dá. jorra. quente. segundos. fim. explodem partes indivisíveis de um ser. eu deveria ser mais feliz, ouço e digo ao mesmo tempo. sou eu ou é você. sou você ou é eu. 


a música se repete, repete, repete. "por baixo das suas unhas, sem gerar sangue, é onde quero estar. onde quero estar no dia de hoje, já é noite. coisas que não sei. vou cair." e repete.


 as marcas incandescem de dentro pra fora, água fria, água morna, água quente, nada. já estavam e ficarão. ao toque de um novo Midas surgem. ressurgem. não passará. como o tempo que dá voltas em seu eixo, tentando encontrar a saída de um lugar circular.


sempre.


é tarde. demais. demasiado. tarde. 


há um depois que não queremos conhecer. eu.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

diga aonde dói...

...que lhe direi se o que você sente é dor. podem ser várias coisas, basta olhar melhor. basta tentar saber com honestidade como andam as coisas por ai. e por falar em honestidade... como anda sua honestidade? como ela anda se comportando com você? já que mentir se tornou a praxe dos dias atuais e nos acostumamos e mentimos e mentimos sem medir, mentimos todos, todos os dias, para todos, para nós. e mentira é coisa feia, me ensinaram um dia, e verdade é que é bonita, me disseram também. mas dai eu já vi mentira bonita e verdade feia. e dai? como é que fica? como é que faz? acordar, dormir, escovar os dentes, olhar no espelho, olhar, no, espelho, olhar, ver, não ver, mentir, honestizar a mentira, mentir honestamente. e vai seguindo o baile e todos dançam muito bem. e depois eu penso em amor. penso em amor, em amar o amor. penso em amor. volta e meia eu o encontro por ai. numa rua, numa quebrada dessas que a gente passa e nem vê. e eu nem sei se é amor. mas tudo bem também, pois minha intuição intui que é. e está bom assim, minto pra mim. é verdade? é mentira? nem verdade, nem mentira? o que é então? uma dor. uma dor? me diga aonde. me diga como dói. me diga quando começou, se diminuiu, se aumentou, se ardeu, se sangrou. amor. dor. or. e segue a vida a passos largos, largos e rasos. segue pois é assim que tem que ser. seguir. ir. devir. deve-ir. segue-se o que deixa rastro, o que dá pra seguir ou se perde, perde-se o que dá pra perder. tudo muito confuso. entre verdade e mentira. entre dor e amor.

domingo, 3 de outubro de 2010

a felicidade que dói

pois estamos acostumados a segregar, a nominar isso como isso e aquilo como aquilo, mas esquecemos que as coisas não podem ser circuladas e dentro deste circulo ficar. já que isso pode ser também aquilo e aquilo um misto de coisas. e quando descobrimos dores onde não deveria doer, e quando aprendemos com isso, fica mais fácil viver. saber que onde há felicidade pode haver a dor da escolha, saber que a descoberta pode nos causar saudade, saber que dentro de um sentimento há uma gama de pequenas partes. saber que não somos apenas isso que mostramos, que temos mais recheios do que podemos imaginar, nos faz mais humanos, nos faz mais entende(dores) de nós mesmos e por consequência entendedores dos que se assemelham.