quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

será que você sabe...

que quando eu olho nos seus olhos a vontade que eu sinto é de correr descalço pela grama alta e sentir o capim entrando pela sola dos meus pés, pelo meio dos meus dedos e que a água de cachoeira ou riacho é o que vejo quando olho bem no fundo dos teus olhos e que vontade de rir e sorrir ao mesmo tempo não me faltam...será que você sabe que eu sinto cheiro de mel quando olho os seus olhos e depois reconheço que não é mel e sim capim limão...e que vontade não me falta de nadar em alto mar, nadar costas, nadar borboleta, nadar "crow"...e tudo isso se passa em minha mente quando estou na sua frente e olhando só e nos seus olhos brilhosos e lustrados...e que se eles se fecham eu fico imaginando que ainda estou vendo esses seus olhos e que fico sentindo uma porção de coisas que vou nominando como tirar pétala de flor de margarida, como passar as mãos em uma nuvem macia, como voar ou então comer pirulito de chocolate num domingo de tarde...sabe que de olhar os coitados dos meus olhos se perdem e voltam e depois tem vontade de gargalhar bem alto e então eles não se seguram, são assim meio descontrolados e gargalham e parece que os outros olhos param com o que estavam fazendo só pra ver o que os meus estão gargalhando...e percebem que é nos seus que estou olhando e logo sentem barulho de asa de libélula e logo estão todos olhando os seus que me trazem de volta essa brincadeira de criança que é comer o imaginário, que é beber o chá na "xicrinha" de plástico e sentir o gosto de verdade...pq olhar nesses seus olhos é brincar de sentir umas coisas indefinidas, mas só de pura verdade...

técnicamente despreparada...

eu estava tecnicamente despreparada, e isso se deu pq eu nunca estarei tecnicamente preparada para uma técnica que não faz sentido para os meus sentidos, não estava em mim a mecanicidade necessária para simplesmente estar lá e não sentir nada, mas o que nos interessa é o sentimento diz a voz que comanda, mas o que sentir não é pra mim tão simples assim, como verbalizar, como expressar, como deixar sair de mim...isso não é pra mim assim tão simples, tão normal...pq pra mim quando um olho busca o outro e encontra exatamente aquele que imaginava encontrar e quando mergulhados estão uns nos outros o medo do que pode surgir é inevitável, vai além de qualquer técnica, qualquer uma delas é falha nesse e em outros momentos em que se deve sentir...mas quando o olho que busca não encontra e se volta em outra direção e vê que outro já lhe esperava, sente-se mais do que podemos verbalizar...e o que povoava minha mente antes do dia de hoje eram apenas suposições de como seria se fosse, mas na hora do fato, na hora da proximidade que vai além do necessário, na hora em que o olho olha no outro que não me vê e a respiração se torna tão próxima que esquenta o rosto e se sente o café recém tomado, a água que acabou de passar por ali, ou o biscoito de outrora, o cigarro já tragado...nessa hora que demora uma eternidade até que pele com pele se encostam e trocam por situação algo que eu só trocaria por vontade...na hora em que vontade não é nada...em que o tudo que outros olhos olham, para mim se transforma em cara corada...em vergonha de demonstrar uma vergonha que estava muito mais do que estampada, nessa hora busquei uma técnica que eu já sabia que não era nada...pq eu não entendo alguém que faz por obrigação e não por gosto, eu não entendo os que buscam sem valor, eu não entendo uma boca que se abre perante outra que já não estava ali desde que começou...eu não entendo o pré-programado e muito menos o olho que olha e não sente que a hora já é finda e que nem tudo na vida tem que ir rumo as obviedades que já estamos tão acostumados, tanto quanto as novelas da televisão...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

tanto...

de tanto que tenho nas pontas dos dedos agora, que querem correr nas teclas, que querem gritar, que querem...de tanto que tenho resolvo calar...resolvo passar as pontas dos dedos em outros lugares que não nas teclas...resolvo ficar com isso guardado, pra poder respirar ainda mais um pouco da vida que se forma e que logo quer ir pras pontas dos meus dedos serelepes...resolvo até desresolver...

aos mestres com carinho...

os meus olhos não podiam acreditar, tinha que arregalar ainda mais, tinha que não piscar sequer um segundo pra poder ver e tentar quem sabe algum dia entender o que se passou por lá...dois mestres, em diferente estado, em toda diferença de ser que há no mundo, no tempo, mais dois mestres e eu lá...olhando, sentindo, pensando...e quando um fala o outro escuta e quando o outro demonstra aquele que agora mesmo falava, cala, se cala pra dentro do peito e eu, eu sinto a movimentação que acontece dentro do peito, quando um fala, quando cala, quando faz...uma generosidade sem precedente, eu nunca havia sentido assim tão de perto, não com toda a força que senti...uma doação, que só se doa assim quando há vida pra doar...quando se está tão vivo que se pode quebrar...saber despertar o sentimento com técnica, quem é que sabe fazer isso em dias assim, quem é que sabe se deixar levar pela maré e se coloca tão aprendiz quanto os demais, quem nos dias de hoje ainda faz isso assim á luz do dia...me diga quem???...e saia do peito, topo da cabeça, costa, braços, pernas, mãos uma energia, um fluxo de energia de chocar gente despreparada, se é que algum dia vamos estar preparados pra olhar e ver...dois mestres, com carinho, num carinho, numa força, numa sala de aulas...e talvez ainda hoje não tenha e pode ser que as palavras certas não venham nunca, é só uma tentativa de contar o que vi e senti, o que pensei estando ali, sentada no chão como uma criança, vendo outras crianças brincando, brincadeira das mais sérias, mas que nem por isso é pesada, nem por isso é adulta, nem por isso perde a graça, toda graça que tem as brincadeiras que nos dispomos a brincar, e dai se passa a ver outras coisas, outras janelas se abrem, outro vento entra por elas e pra mim sempre chove, seja enxurrada, seja garoa fina, mas sempre que estou assim, frente a frente com crianças que brincam, que jogam esse jogo que não é nada mais do que a vida que passa por elas e volta e passa e sempre volta, sempre que estou assim, frente a frente com a vida e suas crianças as lágrimas são presença certa, é a minha vida que escorre e volta e corre...dos mestres um carinho que poucas vezes senti, aos mestres um carinho que desprendo de dentro de mim...e só eu sei o que significa desprender de dentro de mim pra alguém...

é como se fosse...

em certas horas é como se fosse...já que os olhos olham e não vêem, a boca fala mais não diz, a mente pensa mas na hora de reproduzir o que será que é, o que queria que fosse...estar ali tão perto de si mesma o que significa, que sentimentos traz a tona quando se está tão perto de si mesma que se pode olhar pra dentro sem se perder...eram dois dias como outros que já haviam vindo e ido...dois dias inspiradores que trouxeram tanto quanto levaram, mas e depois, e depois da inspiração e do torpor o que fica, o que realmente fica...depois do contato físico e surreal com a realidade vista por uma janela tão diferente...o que será que pode e deve ficar, há algum dever nisso tudo???...o que fica sentido e entendido na pele é um cansaço de dentro e de fora que ainda se reflete e se refletirá por alguns dias, uma vontade de não pensar em nada depois de tanto fluxo, mas a vontade de fundo de peito de deixar ainda mais claro o que se abriu naquela fresta, deixar ainda mais forte o que era só suspiro, uma vontade que dessa vez eu espero que dure, é duro viver só de relâmpago e tempestade, quero ter brisa, vento, chuvinha fraca e dia de sol...