quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

aos mestres com carinho...

os meus olhos não podiam acreditar, tinha que arregalar ainda mais, tinha que não piscar sequer um segundo pra poder ver e tentar quem sabe algum dia entender o que se passou por lá...dois mestres, em diferente estado, em toda diferença de ser que há no mundo, no tempo, mais dois mestres e eu lá...olhando, sentindo, pensando...e quando um fala o outro escuta e quando o outro demonstra aquele que agora mesmo falava, cala, se cala pra dentro do peito e eu, eu sinto a movimentação que acontece dentro do peito, quando um fala, quando cala, quando faz...uma generosidade sem precedente, eu nunca havia sentido assim tão de perto, não com toda a força que senti...uma doação, que só se doa assim quando há vida pra doar...quando se está tão vivo que se pode quebrar...saber despertar o sentimento com técnica, quem é que sabe fazer isso em dias assim, quem é que sabe se deixar levar pela maré e se coloca tão aprendiz quanto os demais, quem nos dias de hoje ainda faz isso assim á luz do dia...me diga quem???...e saia do peito, topo da cabeça, costa, braços, pernas, mãos uma energia, um fluxo de energia de chocar gente despreparada, se é que algum dia vamos estar preparados pra olhar e ver...dois mestres, com carinho, num carinho, numa força, numa sala de aulas...e talvez ainda hoje não tenha e pode ser que as palavras certas não venham nunca, é só uma tentativa de contar o que vi e senti, o que pensei estando ali, sentada no chão como uma criança, vendo outras crianças brincando, brincadeira das mais sérias, mas que nem por isso é pesada, nem por isso é adulta, nem por isso perde a graça, toda graça que tem as brincadeiras que nos dispomos a brincar, e dai se passa a ver outras coisas, outras janelas se abrem, outro vento entra por elas e pra mim sempre chove, seja enxurrada, seja garoa fina, mas sempre que estou assim, frente a frente com crianças que brincam, que jogam esse jogo que não é nada mais do que a vida que passa por elas e volta e passa e sempre volta, sempre que estou assim, frente a frente com a vida e suas crianças as lágrimas são presença certa, é a minha vida que escorre e volta e corre...dos mestres um carinho que poucas vezes senti, aos mestres um carinho que desprendo de dentro de mim...e só eu sei o que significa desprender de dentro de mim pra alguém...

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