sexta-feira, 27 de junho de 2014

Ser ou não ser?

Qual a diferença entre ser bom e ser bobo?

Quantas vezes é possível perdoar a mesma pessoa?

Eis a questão...



Sempre me pergunto se estou sendo boa ou se estou sendo boba. Você já teve essa sensação? De estar sendo tão boa que pode ser que esteja sendo feita de boba. E muitas vezes, sendo feita de boba por você mesma...

Perdoar é uma das coisas mais difíceis de se fazer. Porque só perdoar é fácil... Quero ver perdoar, esquecer e continuar como se nada tivesse acontecido. E está ai a chave do meu problema. O tal do "como se nada tivesse acontecido". Uma vez ouvi um senhor falar que os relacionamentos, qualquer um deles, são como cristais, uma vez que você derruba, não são mais os mesmos, criam marcas que não poderão ser apagadas. E sempre penso nisso quando preciso praticar o perdão. Perdoar... Mas e as marcas?

Sempre que alguém me faz alguma coisa ruim, cria em mim uma arranhadura. Meu desejo é o de perdoar, mas e o que fazer com aquela marca? Sempre que olhar para ela, saberei porque ela está ali. Como esquecer?

E então fico pensando...Quantas vezes é possível perdoar uma mesma pessoa? Pelo mesmo erro? Por erros diferentes?  

A pessoa comete um erro. Ok.

Eu erro.
Tu erras. 
Todos nós erramos.

Digamos que na primeira você perdoa e volta a conviver como se nada tivesse acontecido. Mas você e a pessoa sabem que aquilo que a pessoa fez te magoou. Tudo bem... Assim como ela te magoou por algum erro, você também deve tê-la magoado em algum momento. Vocês decidem ir em frente. Mas então a pessoa te magoa novamente. E novamente.  E again. E você continua perdoando e ela continua fazendo, já que você acredita que você também está caminhando e errando e seguindo a canção.

Mas e se a pessoa faz a mesma coisa sempre. Sempre te magoa, sempre vê que você fica magoado com tal atitude e continua fazendo. Qual é o limite entre ser boa e ser boba?

Pois não basta dizer um basta. Não basta dizer que não quer mais ser ferido. Se você continuar tendo esta relação, tenho a impressão que isso se repetirá, a pessoa te magoando e você se sentindo magoado. E se você resolver dar um basta e cortar a pessoa da sua vida, não terá mais a convivência com essa pessoa, o que pode causar grandes feridas...

Difícil né?

Deve ser assim mesmo, caso à caso. Decidindo a cada mágoa o que fazer... Colocando cada coisa em seu devido lugar. 
Acho que cada relação é reflexo de uma construção, sua e do outro. Acredito que existem aquelas pelas quais vale a pena lutar e outras que devemos abandonar para poder voltar a andar.
E cada mágoa terá seu peso, seu risco e seu rabisco em nossa vida.

Vida é assim mesmo.
Cada dia de uma vez... 
E nada mais.


segunda-feira, 16 de junho de 2014

Onde mora o seu desejo?




Uns tem o desejo morando na sola do pé. Outros bem no meio da cara, estampado. Tem aqueles cujo desejo mora na virilha, nas partes íntimas, no meio das coxas. Tem gente que o desejo mora no corpo inteiro. E ainda tem aqueles que o desejo é transitório, mora cada hora em um lugar diferente e nunca se sabe bem ao certo onde estará, sabe-se somente que estará.

E agora eu lhe pergunto: Tem coisa mais esquisita do que lidar com o desejo do outro?

Quando acontece ao mesmo tempo, tudo bem! Um olha o desejo do outro e reconhece no outro desejo o próprio. Tudo se facilita. Tudo se comunica. Tudo se ajusta e fica.

Mas quando o desejo é desencontrado? Do idoso pela menina. Da professora pelo aluno. Do pai pela filha.

É quando tudo se complica. Quando se nota o desencontro. Quando o desejo bate e não tem nada que venha de encontro. 

Pois desejo não se explica. Pode ser por um pedaço de corpo. De carne. De doce. De céu. De vida. De tudo. De tão pouco. Desejo não se explica. 

Se sente. Se sente muito. Se sente pouco. Mas sente...

E então vem a repressão. A dor contida de um desejo correndo no próprio corpo sem ter saída. Dor de sentir sem poder. Sem poder não sentir. A dor de ter que esperar passar. De ter que fechar os olhos. Os poros. Fechar o corpo todo para não desejar. 

Eu acho o desejo uma coisa ardida. Queimante. Sabe? 

Uma dessas coisas das quais somos feitos, mas que não podemos controlar.

Você controla o seu desejo?

E volta e meia nos deparamos com ele. Numa face meio retorcida. Num sorriso de canto. Num dedão do pé erguido. Num pele que se eriça. 

Volta e meia no deparamos com um desejo perdido, andando por ai, sem saber onde é que vai parar...

Desejar é tiro no escuro, ninguém sabe. É como andar de olhos fechados. É como se jogar. 

E quem reprime seu desejo, fica assim, meio morto. Meio sem viver, vivendo. Fica assim, procurando no outro um defeito, um desejo e reclamando de tudo que possa reclamar. 

Coisa triste essa de desejo, não é? 

Mas experimente desejar. Seja uma roupa, uma comida, um dia de sol, seja o que for... Experimente e vai saber do que estou falando... Não há nada neste mundo tão bonito e cruel como desejar...

E em tempo... Te desejo uma semana bem desejada ou desejosa... Enfim... Te deseo!


quinta-feira, 12 de junho de 2014

love - amor - amour - liebe



eu tenho aqui dentro um desejo
uma fome
uma sede
um beijo
não.
isso não vai passar
como passa o tempo
isso é raiz
é chão
e é sentimento
isso não vai passar tão tarde
nem tão cedo
eu tenho aqui dentro um medo
um olho
pão e queijo
e isso não vai passar
nem pra fora
nem pra mais dentro
vai ficar estufando o peito
vai ficar mascando
secando e molhando
ao mesmo tempo
não vai passar
eu tenho medo

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Quando eu era criança...




Desde pequena minha família sempre gostou muito de televisão. E por gostar de televisão, gostávamos muito de tudo que nos motivasse a assisti-la. Sendo assim, campeonatos, programas de auditório e novelas eram os preferidos. E acredito que minha família seguia o padrão nacional das família de classe media (bem média!).
E então me lembro que desde sempre torci para todas as copas do mundo e para os campeonatos de fórmula 1. 


Hoje em dia não torço mais...


Era muito legal sentar com meu pai na sala e ver o Airton Senna do Brasiiiiiil ganhar uma corrida. Ficar ali parada, umas boas horas torcendo para que ele subisse ao pódio e erguesse a taça com aquele orgulho nos olhos que só ele ( e nós que o assistíamos religiosamente...) tinha. E depois quase sentir as gotas de champagne em nossa cara. Uma alegria e uma felicidade imensas. Mas então ele morreu. Morreu na nossa frente, num dia que deveria ser de exaltação e que se transformou, por fim, num dia muito-muito triste. Me lembro até hoje de ter um momento de esperança, enquanto o carro ainda estava lá, todo estatelado. Me lembro de ter juntado as mãos e rezado um pouco para que nada tivesse acontecido. E me lembro de ficar grudada na televisão, esperando por alguma noticia, que por fim veio e não agradou. Fiquei com vergonha de chorar por um cara que eu nem conhecia pessoalmente, mas fui encorajada por meu pai, que já chorava quando me olhou... Ele havia morrido. Morrido na nossa frente. E nunca mais consegui torcer na Fórmula 1. E nem sequer assistir... Como muitos outros brasileiros.

E então só restou ver novela e futebol. Quando falo futebol quero dizer especificamente Copa do Mundo de Futebol... Assisti todas elas. Desde que pude começar a torcer, sempre torci. Sempre vesti uma roupa com as cores da nossa bandeira e fiquei na frente da televisão, com  mão no peito, cantando o hino nacional. Sempre fiquei muito feliz de não ter aula, de ser férias quando tinha copa. Feliz por estarmos todos em casa... Assistíamos na minha própria casa, na casa de parentes ou amigos ou, bem depois, no trabalho. Sempre esperei a copa como se fosse uma viagem que programava a cada quatro anos... Sempre me preparei para a copa! E me lembro muito bem que quando era criança imaginava quando a copa fosse no Brasil. A última copa "brasileira" que havia existido era muito anterior a minha existência... E eu imaginava quando é que seria uma nova copa aqui, comigo no mundo... Eu imaginava o Brasil inteiro contando os minutos e segundos... Imaginava um pais inteiro em verde e amarelo. Aquelas multidões de gente feliz e animada marchando rumo aos estádios em dias de jogos. Fossem jogos do Brasil ou não... Um clima de festa em casa! Uma preparação... Uma adesão!



E agora estamos aqui... Sem Airton, sem novela que preste e sem ânimo para a Copa... Estamos aqui com o eco do "Imagina na Copa" nos intimidando... É claro que sendo criança eu nunca imaginei as implicações e trabalhos de fazer uma Copa em casa... De ter que reformar tudo e todos, de ter que investir um dinheiro que não temos e talvez nunca tenhamos... Quando criança só imaginei a festa, a alegria e felicidade. Só... E agora fico sem saber se é a Copa ou se sou eu... Fico imaginando se quando tudo começar vou sentir aquela alegria de sempre... Vamos ver... Hoje só sei que ter uma Copa no Brasil não tem sido como eu imaginava e fico imaginando se eu é que pensei errado essa tal de copa brasileira ou se a copa está toda errada mesmo...

E você? 

Como imaginou?

Como está se sentindo?


#vaitercopa
#nãovaitercopa