quinta-feira, 26 de junho de 2008

em suas mãos...

em suas mãos entrego minhas coisas, que toca com cuidado, que me diz e me faz pensar, me faz tirar de dentro do peito o que há tempos estava encerrado...toca com cuidado em minha alma mesmo em dias que ela se encontra tão flácida e fria, me faz pensar mesmo sem querer fazê-lo, me faz pensar em como estão todos os meus ossos, todos os meus corpos e meus sentimentos nisso tudo, nessa caixa de pele e carnes e peles, os sentimentos onde estão, quanto disso tudo eles ocupam...retira de mim meus piores sorrisos e minhas melhores lágrimas, quando já não acreditava nessa possibilidade, me mostra mais de uma delas...ri das minhas mazelas, das minhas pobrezas e me diz que é o que deveria fazer também (sem ao menos falar)...retira meu ego, o segura em suas mãos gélidas e gentis, me faz ser eu mesma, me faz não querer apenas me representar...me dá apoio sem ao menos me tocar...me traz dores que me fazem lembrar que ainda estou tão aqui...deixa de castigo a minha criança mimada, me destrói e já vem com seus instrumentos me refazer, me faz em mínimos pedaços e me lembra como é ser minimalista, dadaísta, realista ou qualquer vanguarda que eu quiser...me faz pensar que estou roubando sorrisos, quando me oferece os seus sem que ao menos eu possa perceber...me cobre com sua sombra e me faz ver uma alma translúcida que cobre meus olhos e me faz respirar tão fundo que me reviro ao contrário, que me mostro nua, desmascarada em pleno baile de máscaras...pinga em meus olhos esse colírio, uma espécie de colírio da verdade que me arregala os olhos até a dor,dor da luz, dor da escuridão, juro estar cega depois de tanto disso, fecho meus olhos, derramo mais duas ou três lágrimas, passo por mil noites mal dormidas, acordo num dia de sol, saio sem meus óculos escuros...caminho pela "cale"...não cabe mais fechar os meus olhos, já não me cabe mais...sinto as dores tal qual parto...sinto todas as dores que nem são tão minhas, tomo gotas de sua homeopatia...vai demorar muito tempo para que eu me sinta curada...mas estou a caminho de uma verdade que jamais experimentei...uma verdade que se aplica direto na alma...neste conta gotas que carrega em seus olhos e que não me canso de olhar...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

sempre são bem vindas...

sempre são bem vindas...sempre me fazem acreditar que existe um novo dia, mesmo que esse ainda não esteja terminado, nada está "devéras" terminado...sempre serão bem vindas, ainda que passageiras, essas idéias de beira de estrada, esses sonhos passageiros feitos de nuvem, a lua cheia e encoberta...sempre muito bem vindas...essas idéias que nos furtam minutos e que nos fazem sonhar...como "A Colecionadora", que surge em um dia que já não esperava mais nada...

em santo...em vão...

é quando a solidão entra pela veia, corro com os braços abertos pela Paulista, de olhos fechados, está tudo tão calmo, hoje é dia de domingo...caminho pelas ruas, ando mais duas quadras, já estou perdida, macacos pendurados nos galhos destes prédios, nesta selva concretada sob nossos pés. e se eu estivesse mesmo aqui, como será pensar nas coisas de lá e se lá estivesse, no que iria pensar. são esses dias, quando se pensa que melhor seria não pensar em nada. são esses dias com cheiro de churrasquinho, em que os desejos são meros supérfluos, melhor sonhar...

dá série de contos curtos: "o telefone novamente tocou..."

e quando o telefone tocou neste dia eu soube que era você, o trinlindar era sempre meio melancólico quando se tratava de ti, não tive dúvida e usei uma melancolia na voz para atendê-lo, achei que lhe caia bem...mas uma vez você me ligou sem saber ao certo o que dizer, sem saber ao certo o que lhe fez ligar, mas uma vez eu atendi sem saber ao certo porque o fiz...mais uma vez...e derramou todas aquelas palavras por meio daquela linha que nos dividia ao meio e derramou como todas as vezes faz, e eu pausadamente ouvi, ouvi e desta vez me pus a pensar...por que raios as pessoas tem tudo e estão em meio a sua multidão particular e mesmo assim se sentem só...comecei a pensar e voei com aqueles meus pensamentos, enquanto você gralhava do outro lado coisas que já nem sabíamos mais o que queriam dizer...aqueles minutos que temos certeza que estão sendo jogados fora, mas que servem para alguma coisa, ainda que de maneira não tão clara...servem para voar com balões de pensamentos e tentar responder a perguntas que nunca terão resposta, talvez não sejam nem ao menos perguntas...servem para se olhar para as coisas que achamos tão sem graça e ver que muitas vezes nos dão o ar da graça...serve para pensar no por que das coisas e saber que ligações telefônicas com toque melancólico não tem porquê...o telefone tocou novamente, tocou no meio da manhã de um tom azul gélido, poderia ter tocado de tarde, ou em uma noite vazia...o telefone tocou com seu falar melancólico, mas em nada mais tocou...somente no aparelho que estava em cima da mesinha...e os porquês se perdem pelas companhias telefônicas e se perdem em contas astronômicas e se perdem as razões por que você ainda se sente tão sozinho...

sexta-feira, 13 de junho de 2008

e foi passando...

foi passando como nuvem ao vento...foi se afastando e agora está tão longe que já não se vê mais...não se pode distinguir dentre o céu imenso que se apresenta...o que era dia de verão, o que era céu claro e aprazível...o que é o céu, que em instantes se fecha para chuva e chove, chove dentro e fora de nós mesmos, e já não lembra dos dias de sol e já não se lembra de como é aquele azul imenso que nos faz nos perder por lá...já não se lembra de tanta coisa, como naquele dia você também não lembrou...como se fechou em tempestade...como se fechou...raios e trovões que não pensava ver por lá...vi e não quis me lembrar...fui afastando de mim cada um dos pensamentos, fui soprando essas nuvens de perto de mim...fui afastando pensamentos, lembranças e tudo mais que pudesse me trazer a tempestade que se fez, quando ainda era dia claro...fui me defendendo da chuva como pude, abri guarda-chuva, que guardou pedaços daquele instante e que ainda está aqui...o que seria uma garoa e se fez tempestade em mim...o que era garoa e me molhou até a alma...tempestade que diluiu todas as coisas boas que vivi por ai...tempestade de fúria que não diz a verdade, tempestade que só molha sem necessidade...não se pode viver molhada por tal chuva, não se pode assim...e hoje seco os cantos ocos que ficaram...e ainda guardo o guarda-chuva...ainda...e quem sabe na próxima tempestade eu volte a abri-lo e volte a lembrar desta chuva e volte a saber que um dia de sol sempre pode se transformar em tempestade ou até chuva de granizo...mas lembrar também que nem por isso irei desejar viver em dias nublados, nem por isso irei me acostumar com as tempestades, nem assim...e foi passando, e foi passando e agora já não é mais....céu claro se abre novamente, céu claro que se abre para quem gosta de um céu assim...

sempre soube...


ontem foi aquele dia...você sabe, não é...aquele dia de todo mundo eu te amo...de todo mundo receba as flores...de todo mundo enamorado...engraçado que nunca deixamos de comemorar, qualquer que seja a data...e se for dia dos pais...comemoro como meu "paizinho

e se das mães sou eu sua "mãezinha" e se dia da bandeira, comemoramos a nossa a flamular sempre...e assim vamos de comemoração em comemoração...não que isso seja necessário, não que isso seja o essencial...não que isso represente alguma coisa...mas nos faz lembrar da alegria de ter o que comemorar e nos afasta da ilusão de que todo dia é dia de festa...sabemos da vida real, sabemos de como ela se apresenta diariamente mascarada em nossa frente, sabemos disso e de muito mais...e se no dia da árvore não pudermos comemorar a semente plantada em nós, não faz mal, logo haverá outra data comemorativa e brindaremos esse nosso jeito incomum de amar...esse nosso jeito infantil de adorar surpresas e presentes...esse nosso jeito de menino e menina que adora ter um dia só nosso, mesmo que esse dia os calendários não mostrem...aliás, o necessário mesmo é não mostrar...
em profundo play...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

é cedo...

ainda é tão cedo para dizer qualquer coisa que seja...ainda é cedo...é cedo demais para saber o que há de certo nisso tudo, para ver os erros, talvez cedo demais até para errar...o dia acabou de raiar e sinto que é cedo...cedo para sentir o que há tanto tempo já sinto...para saber das coisas da vida, para saber das tuas coisas em mim...é cedo do dia, é cedo do tempo, é cedo da vida para estar onde estou...mas estou aqui, cedo ou tarde...as coisas se movimentam tão lentamente que chego a duvidar deste tempo que me diz que é cedo ou tarde demais...chego a duvidar da existência de certas coisas, pois o tempo por vezes pára e por vezes corre e por vezes só passa...e se perdem palavras como cedo ou tarde ou tempo, se perdem coisas bobas que não nos dizem respeito...se perdem todos os tempos, pois eu sinto que ainda é cedo, mas não posso perder tempo, só me resta esperar...o tempo que for para que não seja nem cedo, nem tarde demais...fecharei meus olhos no encontro com os seus, cerrarei meus dentes para não lhe dizer, pois julgo que ainda é cedo para o que quer que for...te encerro em meus braço e duvido de quem duvide que isso se chame amor...e duvido de coisas bobas novamente e te olho por mais dois minutos e te olho...e nunca será cedo para esse encontro de olhos que nos diz tanto, mesmo sendo cedo ou tarde demais...

quinta-feira, 5 de junho de 2008

de momentos...

quarta-feira...um toque que não toca, mas que demonstra todo cuidado que se pode ter quando há em suas mãos algo vivo...ter nas mãos algo vivo...tão simples saber quando estamos assim, mas tão difícil de perceber o real sentido que isso nos traz, as implicações de ser ter nas mãos algo assim...a pele íntegra, as carnes e ossos, tudo pulsando em suas mãos e você ali...defronte ao divino, contemplando o que de mais perfeito existe...ter tempo para parar ali e só olhar, ter a felicidade de poder tocar em algo que se entrega em suas mãos sem temores, sem preconceitos, sem medo, poder estar inteiramente lá...é uma das "coisas mais linda, dentre as mais lindas" do mundo...pois todos os dias estamos em contato com outros seres vivos e sequer nos damos conta disso, esbarramos em outro corpo que pulsa e nada...nem um som, nem uma reverberação...em certos dias nem mesmo nossa vida nos toca, não percebemos o quanto pulsamos também...e ter na vida inteira, um momento em que se possa ficar contemplando essa verdade...é ver a vida em movimento sempre...é saber do que a vida é feita, de momentos onde se pulsa, de momentos onde se olha, de momentos em que se sente...de momentos...

segunda-feira, 2 de junho de 2008

olhos...

olhos nos olhos dos olhos do além...olho o que vejo ou o que vejo me olha também...esses olhos que percorrem toda sala que já não está mais tão vazia, esses olhos que perseguem uma verdade que há tempo já não existia...esses olhos que cruzam com os meus em mais uma esquina escorregadia, que se cruzam com os meus onde eu nunca estive e quem sabe um dia...quem sabe um dia esses nossos olhos se encontrem, quem sabe um dia haja motivo para tal encontro em uma rua tão vazia que nos faça parar, que nos faça pensar, que nos faça...uma rua vazia que nos traga pensamentos bem mais fortes do os de hoje em dia, pensamentos de verdades escondidas nas entranhas das esquinas escorregadias que nos cercam vez por outra...cercados por esquinas está toda a nossa vida, por esquinas duvidosas que não sabemos se podemos ultrapassar, por esquinas melindrosas e fechadas, que não nos dizem nada, mas nos levam dali para outro lugar, sem nos tirar do lugar de onde nunca deveríamos ter saído um dia...um dia quem sabe e quem souber virá me contar essas coisas que nunca contamos a ninguém...e será num dia desses, e será numa esquina e será diante de seus olhos um pouco abertos, um pouco cerrados e talvez até arregalados nos cantos, será neste dia em que se revelará uma verdade que há tempos já não existia, será num dia de olhos criptografados e os meus bem abertos ou tão fechados, que se revelará essa trama, e eu me deitarei neste dia em uma cama de gato e terei sonhos disformes, com os olhos que vejo e me vêem, será um dia e um dia de fato...