quinta-feira, 19 de junho de 2008

dá série de contos curtos: "o telefone novamente tocou..."

e quando o telefone tocou neste dia eu soube que era você, o trinlindar era sempre meio melancólico quando se tratava de ti, não tive dúvida e usei uma melancolia na voz para atendê-lo, achei que lhe caia bem...mas uma vez você me ligou sem saber ao certo o que dizer, sem saber ao certo o que lhe fez ligar, mas uma vez eu atendi sem saber ao certo porque o fiz...mais uma vez...e derramou todas aquelas palavras por meio daquela linha que nos dividia ao meio e derramou como todas as vezes faz, e eu pausadamente ouvi, ouvi e desta vez me pus a pensar...por que raios as pessoas tem tudo e estão em meio a sua multidão particular e mesmo assim se sentem só...comecei a pensar e voei com aqueles meus pensamentos, enquanto você gralhava do outro lado coisas que já nem sabíamos mais o que queriam dizer...aqueles minutos que temos certeza que estão sendo jogados fora, mas que servem para alguma coisa, ainda que de maneira não tão clara...servem para voar com balões de pensamentos e tentar responder a perguntas que nunca terão resposta, talvez não sejam nem ao menos perguntas...servem para se olhar para as coisas que achamos tão sem graça e ver que muitas vezes nos dão o ar da graça...serve para pensar no por que das coisas e saber que ligações telefônicas com toque melancólico não tem porquê...o telefone tocou novamente, tocou no meio da manhã de um tom azul gélido, poderia ter tocado de tarde, ou em uma noite vazia...o telefone tocou com seu falar melancólico, mas em nada mais tocou...somente no aparelho que estava em cima da mesinha...e os porquês se perdem pelas companhias telefônicas e se perdem em contas astronômicas e se perdem as razões por que você ainda se sente tão sozinho...

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