você consegue ver meus olhos, consegue vê-los agora. eu deveria rir alto. eu deveria rir. sussurrar em teu ouvido. eu deveria gritar e por dentro grito, um grito mudo, tão mudo quanto as marcas que ficarão por aqui. incandescentes. um coração que pulsa na mesinha de centro, ao lado de bebidas e pó. um copo d'água, me veja um copo d'água por favor, é onde vou colocá-lo, e beber até o fim, até a gota que desce do olho. minh'alma está arqueada, sem ar, já sente o rasgar da pele pós o depois que há quando se fica e se vai. há uma náusea dentro dos meus pensamentos, que vem da música que se repete no quarto ao lado, átrio ao lado. um pequeno compartimento. eu não pude evitar. eu não pude. minha mão se abre, impreterívelmente se abre, vaza, vaza todo meu corpo mole e flácido de dor e gozo pelos vãos dos meus dedos.
particulaseunempedaçospartesencontrosseunemsesoldamsesolidificamerompemesaemevoltameeleeeuépartedotodoquesomos
e agora, o já, se foi. segundos e a explosão se dá. jorra. quente. segundos. fim. explodem partes indivisíveis de um ser. eu deveria ser mais feliz, ouço e digo ao mesmo tempo. sou eu ou é você. sou você ou é eu.
a música se repete, repete, repete. "por baixo das suas unhas, sem gerar sangue, é onde quero estar. onde quero estar no dia de hoje, já é noite. coisas que não sei. vou cair." e repete.
as marcas incandescem de dentro pra fora, água fria, água morna, água quente, nada. já estavam e ficarão. ao toque de um novo Midas surgem. ressurgem. não passará. como o tempo que dá voltas em seu eixo, tentando encontrar a saída de um lugar circular.
sempre.
é tarde. demais. demasiado. tarde.
há um depois que não queremos conhecer. eu.
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