sexta-feira, 11 de setembro de 2009

nÃo sense - COMO eu COMO?!?

- ola, eu gostaria de pedir pra entregar gás aqui no meu apartamento. sim, 403. por favor. obrigada.
camisola, ok! calcinha, ok! velas pela casa, bom melhor não, gás é sempre gás...
toca o telefone.
- alô? oi. não, eu pedi gás. sim, ele virá certamente. sim, vou trepar com ele. sim, ele deve ser exatamente como imaginei, sujo, com uma ponte de dentes falsos na boca, sujo não, imundo, deve ter um cheiro de suor, sujeira e poeira urbana. a campainha está tocando, vou ter que desligar.
vou esperar um pouco mais para atender, quero que ele sue ainda mais esperando com o gás nas costas. certo, vou abrir a porta agora.
- ola...
- dona, é aqui o gás?
- sim.
- onde eu coloco?
- no meu quarto, por favor...
- no quarto?
- sim, e se puder tirar a roupa... eu prefiro assim.
eu sorrio pelo canto esquerdo da boca, estou jogando...
ele coloca o gás no chão, olha para os lados. retira a roupa toda, uma cueca imunda, umas meias que algum dia deveriam ser brancas. fica tudo no chão da sala. tudo inundando o ar com um cheiro nojento, um cheiro de gente de verdade. aquele bolo de roupa cinza e ele parado. coloca o gás novamente no pescoço, suas mãos e ombro ficam prateados. tem cheiro de butijão de gás no corpo.
- me acompanhe, por favor...
rebolo tanto no caminho até o quarto, que minha cintura parece querer quebrar. ele acompanha, quieto, ciente do seu papel. chego ao quarto antes dele, me deito na cama. abro as pernas em borboleta. ele coloca o gás no chão e pula por cima de mim.
- oh, yeah...
ele morde meu corpo e quando percebo o líquido quente escorre. estou sangrando, ele me comeu de verdade. um tosco. um grosseiro. faço menção de reclamar. ele cala minha boca com uma das suas mãos prateadas. cala com tamanha força enquanto come mais um naco de carne. que a respiração fica rala e por fim inexiste. ele percebe que morri, fode meu olho esquerdo, minhas duas orelhas, e todos os outros buracos maiores que um poro que encontrar.
entra meu marido que escuta os barulhos que ele faz ao comer.
- quem tá ai?
vai até o quarto e se depara com sua mulher nua, um entregador de gás nú e uma cama vermelha. vai calmamente até a cozinha. pega a faca. volta ao quarto e enfia a faca nas costas do entregador estúpido que sequer olhou para trás.
-filho da puta...
deita ao meu lado e me come. trepa comigo e nem percebe que morri. vou voltando a respirar, voltando, voltando e em segundos estou ali novamente. pronta para outra. que começa imediatamente.
- ai, ui...
-oh, yeah...
ele retira do pescoço a gravata que estava vestindo desde de manhã, exatamente 8:46 da manhã de hoje, coloca como uma coleira, um afogador, no meu pescoço. enquanto transa comigo puxa com ferocidade a coleira, que me afoga mais uma vez. o ar aos poucos vai sumindo, se tornando rarefeito. morro. ele continua me comendo e não percebe que voltei a morrer. exausto ele se deita de lado e passa as mãos nos meus buracos carcomidos.
-oh, yes...
não percebe o entregador de gás que se levanta e vem a cama por suas costas e lhe come. ele não percebe. não percebe, mas geme.
-ai, ui...
o cheiro de sangue, e gás, e carne perfurada, e suor e fedores se juntam.
-oh, yeah...
ele retira a faca pelo peito do entregador estúpido de gás e afunda em outra parte qualquer do corpo nojento do homem. o entregador cai. ele retira de dentro do travesseiro um cigarro de maconha que a tempos estava ali guardado, quem sabe até para um ocasião especial. toca o telefone. ele não atende, mas já imaginava que não é simples assim sumir com um entregador de gás. as entregas não podem parar, ele aliás, entrega água mineral também. o telefone para de tocar. ele fuma com prazer e fica completamente fora de si. eu volto a respirar aquela fumaça lentamente.
levanto, levanta também o entregador. afrouxo um pouco a gravata. o outro retira a faca do corpo e limpa na perna. o marido não percebe o que está acontecendo, está fumado...
- são 47,23 dona...
- olhe bem, são cinquenta reais... não vá errar no troco.
...
- deixa pra lá. pode ficar...
ele embola a muda de roupa nos braços e sai. pinga um pouco de sangue pelo corredor e outro tanto na sala. ele vai pingando sangue até chegar em sua casa. pego um pano molhado. limpo a sala, o corredor, já que da porta pra fora do meu apartamento não tenho obrigação nenhuma.
amarro a gravata no chuveiro e deixo o corpo escorregar no chão repleto de shampu para cabelos crespos. espero um tempo.

nada...











nada de nada.

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