domingo, 15 de novembro de 2009

com o sol bem no meio de uma grande tempestade

o sol se abre em meio a uma grande tempestade, que tem trovões, que tem raios e explosão de geradores... um apagão em plena luz do dia... um apagão...talvez eu precise olhar mais fotografias, talvez precise fotografar mais dias assim e guardar dentro do porta-retratos, meus retratos...
meu peito com um coração dentro, bem no centro das atenções, das minhas atenções, é meia de seda, tenho unhas afiadas, um coração de meia-calça que se rasga com tamanha facilidade, com tamanha vastidão, se rasga puxa um fio que corre por toda extensão... tenho um coração de meia de seda, bem fina, bem frágil... não vivarina, não, só meia fina, de seda, vermelhinha, e unhas que volta e sempre puxam fio, desfiam o meu coração... quem dera fosse de papelão, quem dera...
lá fora o tempo corre calmo, clamo por mais uma gotas, clamo por umas a mais, mas o silêncio que vem lá de fora, de fora da minha vitrola, este silêncio silencia meus pedidos, inocenta minha boca que chama, que clama e por fim se cala, se fecha num silêncio gritante de batom vermelho...
minhas mãos poderiam ir de encontro, meus olhos poderiam faiscar, os gritos poderiam ecoar por vidas inteiras, poderiam ecoar pra dentro de sua alma, mas não... fica o que calo com uma dor resignante, fica o que deixo num ar plumbeo, fica o que é rastro da minha insatisfação perante o que meus olhos me mostram e só a mim, fica o desgosto do doce amargo que na boca se forma a cada palavra mal dita, mal falada que da sua sai e por sair deixa no ar o peso de uma vida inteira...
eu tenho o sol bem no meio e não sei o que isso significa, não sei o que significa ter um sol, nem o meio disso que não tem começo, meio ou fim... eu não sei se esse sol me ilumina ou me queima, só não sei...

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