sexta-feira, 27 de novembro de 2009

aos abutres com carinho

vou retirar meus olhos da face e jogar aos abutres, vou contratar uma dúzias deles para me seguir até o fim do mundo, onde jogarei meus olhos como pagamento pelo trabalho...
vou retirar da face sem lacrimejar e atirar ao alto, vou gritar bem alto números de um até três e arremessar para que sejam devorados ao vivo, ao morto, para que sejam devorados e tenham mais serventia como alimento de estômagos do que tem servido à minha'alma...
vou retirá-los de onde agora estão já que não me cabem, já que não mais me servem, já que olham o que não se pode ver, olham o que não devem... vou retirá-los e deixar de aviso para que os demais órgãos possa saber de maneira cruel e pontual o que é que acontece quando um deles desobedece os meus desmandos...
vou retirá-los sem aviso, sem prejuízo ao meu juízo abalado pelas fotografias que tiram meus olhos sem que ao menos eu possa me defender, me revelar... vou caminhar sem sentido no sentido da minha intuição, tateando no escuro a beira do muro da minha sanidade mental...
vou retirá-los e esquecer que um dia os tive, que um dia olhei, que um dia vi... retirá-los e colocar no lugar duas cobras, dois escorpiões, dois venenos, dois desagrados, duas buricas foscas... colocar no lugar qualquer coisa que minta pra mim e não me revele verdades envenenadas pelas imagens que se formam adiante da minha retina...
vou retirar os meus olhos num dia de sol e jogar aos abutres, já que carcomidos eles já estão por dentro, só me resta levá-los ao júri do meu pensamento que os condena a virar alimento de ácidos e não das minhas amargas desilusões...

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