quinta-feira, 16 de agosto de 2012

PARA PINTAR FORA DO QUADRADO.

AINDA é preciso que exista um quadrado. Ao menos para mim. Admiro que consegue pintar fora de figura qualquer, sem que a figura seja necessária. Mas para mim e meu lado cartesiano, o desenho ainda é presença importante. Eu sempre vou e volto. Eu sempre estou aqui e lá. E cada vez que eu vou eu penso. E cada vez que eu volto eu repenso. E desta vez tive uma visão espetacular. 
RECLAMAMOS muito de tudo. Nós brasileiros. Aqui em Curitiba não é diferente. Somos retos. Duros. Queremos o preto no branco e o branco no preto. E as coisas tem que ser assim. Talvez em poucos outros lugares as coisas sejam tão "senda reta" como aqui. Lixo que não é lixo, não vai para o lixo. SE-PA-RE! Esquerdo é esquerdo e direito do outro lado. 
ENTÃO é ai que surge a vontade de transgredir. De fazer diferente, de colorir o cinza, de pintar fora do quadrado. Entende? Na minha mente ficou claro de onde vem essa vontade de fazer diferente e fazer a diferença. De tanto ver tudo certo demais. De tanto ver as aparas muito aparadas. E então isso me instiga em ter um movimento contrário.
LOGO me vejo em Salvador. Uma cidade colorida. Em que é preto no branco, azul, amarelo. Em que lixo é lixo e depois a gente vê o que faz. E lá fico eu. No meio do caminho contrário. Tentando ordenar logicamente as coisas. Querendo colocar tudo no mesmo quadrado. 
FAÇO então de mim a mais curitibana de todas. Sou lá, muito mais curitibana do que sou aqui. Quero dar ordens que não são ouvidas. Quero reproduzir lá o que os outros fazem aqui e que sempre reclamei. Quero ficar o tempo todo puxando a vina para o meu lado.
PERCEBO  então que numa cidade que já tem todas as transgressões possíveis e imagináveis, minha vontade primeira é a de ficar dentro das linhas. É ordenas, ordenar, ordenar...
CADA coisa tem a sua hora. Cada coisa tem o seu lugar. E perceber os quadrados que aqui pinto do lado de fora e os quadrados que eu quero desenhar por lá, me fez ver o que é o que. E já diria meu pai: Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. 
FICA a lição e a dica. Cada um sabe o que precisa na vida, ou em um determinado momento da sua vida. As vezes é preciso extravasar os limites do desenho e pintar fora da linha para poder sobreviver. E perceber que o desenho é seu e não há motivo para impor os seus desenhos para quem já sabe pintar, alivia a alma e faz voltar a respirar... 

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