terça-feira, 8 de junho de 2010

NÃO TE AMO MAIS...

que seja dito que sempre te amei, mesmo que a troca tenha sido pouca, mesmo que tenha sido via de uma mão só. mas mesmo assim te amei faz uns trinta anos, sempre te bem disse, sempre te acolhi, te absorvi, te desenhei em meus cadernos, recheados de corações pra ti. tirei fotos com você, quantas nem posso contar. te escrevi poemas, letras e mais letras, te escrevi. te amei muito mais do que poderia amar. mas você sempre fria, sempre dando a todos o que não dava pra mim. sempre ignorando a minha presença, soberba. com teus presentes aos outros filho, que nem de ti saíram. e eu num canto, aceitando de bom grado as migalhas que desde sempre aprendi a receber de ti, jogadas na minha cara, como maquiagem em noite de festa. assim me fiz. mas ultimamente as coisas mudaram, todos os dias acordamos e um dia desses resolvi também acordar. olhei pra ti e vi uma monstradisforme, que não tem nada de mim, que não me diz quem eu sou e que com quem nunca me pareci. e de lá pra cá as coisas tem ficado assim, insustentáveis, irreprogramáveis, irremediáveis. convivemos porque é preciso. estamos aqui, não é? convivemos porque é um mal necessário, desnecessário dizer que não é mais por ti que estou aqui. e cada vez mais difícil te engolir, remédio amargo que deve ser tomado à seco dia após dia. e venho amargando de lá pra cá, desde que resolvi te olhar na cara e dizer que NÃO TE AMO MAIS. que talvez fosse tudo mentira, que nem sei se ao menos algum dia te amei de verdade, te dizer que na verdade, só estou acostumada com você. que não suporto o teu jeito, as tuas sem-gracices, as mesmices, as rabugentices e tantas outras ices que tenho preguiça de descrever. não te amo e ponto final. e mesmo que chore e mesmo que grite e mesmo que venha me dizer que estou levando as coisas prum triste fim. mesmo assim eu volto a dizer, não sei se algum dia te amei, mas hoje, não te amo mais. e repetirei quantas vezes for necessário, quantas vezes puder e quiser. espalharei aos quatro ventos o mal que me fez. as mazelas que encontrei por tua conta, pelas vezes que me perdi e você nem ai. tenho mágoas encravadas no coração. tenho medo do que me transformei devido à sua supervisão, aos seus ensinamentos. eu não tenho vontade de falar com ninguém, não tenho vontade de sair de dentro de onde você me prendeu. não sei mais como é sorrir aberto, como é ter alguém que me gosta por perto. não sei. e tudo isso por que, porque tive que nascer de você. e peguei teu jeito e teu mal humor e peguei o teu jeito de vestir, de andar e de comer. porque me fechei no exemplo que tive e hoje aqui estou. sem rumo, sem amor. não te amo mais, não quero falar com ninguém e muito menos com você. e teu nome apaguei da minha lista, até da lista negra eu te apaguei, me desapeguei das coisas pequenas, me despeguei de você. e teu nome não quero mais em mim, o teu nome eu esqueci e daqui pra frente, não sei se vai ser diferente, mas pretendo te chamar só de CU. não mais o nome inteiro, já que aos pedaços me fez. daqui pra frente vou te ignorar, como sempre fizeste comigo. daqui pra frente, eis que aqui estou, despatriada, desaforada em uma cidade que nunca me amou...

4 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom hein... Deu até um nó na garganta...BAcana mesmo! Vc é ótima Nana...
bjao
Juliana

Rafael Pato disse...

Muito legal, me supreendi positivamente no final, prede a atenção. Parabéns

João Machado disse...

Eu Tb Só chamarei de cu!!!! e nem letra maiuscula coloco!!! te amoo!!!!

Nana Rodrigues disse...

scheila... acredita que vc disse "te amo" bem no dia dos namorados... ahahahaaaaaaaaaaaaaaaa

Rafa, veja como é bom se surpreender, é isso que a literatura teima em fazer...

juliana...
que bom que gostou, volte sempre!!!