terça-feira, 16 de novembro de 2010

o telefone...

quando ele toca, toca em algum outro lugar não é? como uma voz pode passar por dentro de um fio que está lá em outro lugar e chegar aqui. e aqui chegando entra ainda mais, mais fundo, funde as coisas de dentro com as de fora. como posso estar aqui? como posso estar lá? como podemos? quando o telefone toca, do outro lado ele chama, mas do lado de cá também há o chamado, uma dúvida de quem está do lado de lá... uma dúvida se devemos atender ao chamado de quem chama. responder, ouvir, falar, sentir. e se não atende, se não ouve o que se diz do lado de lá, a dúvida do que era, do motivo, das palavras que ficaram presas na garganta de quem chamava e não foi atendido. sempre que o telefone toca me dá um sobressalto, um assalto no peito, nunca é corriqueiro quando o telefone toca por aqui. ainda mais se os que tenho aqui dentro, tenho dentro do aparelho também, e sempre que eles ligam eu sei... e se não atendo na hora, retorno, chamo... toda vez que o telefone toca um botão vermelho se acende em mim, toda vez que atendo ao telefone me coloco ao seu lado, te trago bem aqui...

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