Lutar ou se acostumar?
Qual o tamanho da sua resiliência?
Até quando devemos lutar contra o que se mostra cada vez mais presente?
Quando éramos crianças, lá pelos anos 80, todo mundo se visitava, se escrevia, mandava cartas, cartões e afins. Todo mundo ia tomar um café na casa do Fulano, um almoço na casa do Ciclano e recebia Beltrano para um churrasquinho em sua casa. As pessoas costumavam "passar o dia" na casa de amigos e parentes, no melhor estilo "all inclusive". Dava tempo de comer, conversar, jogar cartas, das crianças brincarem e por fim, assistir alguma coisinha na televisão ou ver uma porção de fotos recém reveladas.
Eram dias diferentes. As pessoas falavam por horas ao telefone. E a tal mania de "teclar" ainda não era prevista pela maioria. Tempo não era um artigo de luxo, e sim de necessidade básica, disponível e na maioria das vezes pouco notado. As pessoas não andavam para cima e para baixo com seus relógios-bomba grudados no pescoço.
E então se passaram uns 30 anos.
Quando foi a última vez que você passou um dia inteiro na casa de alguém? E este alguém, quem era?
Temos conversado muito sobre isso. Sobre convidar e ser convidado. Sobre este tempo que nos acorrentou uma bomba no pescoço e agora nos assola. Temos conversado sobre os amigos, sobre os parentes e sobre os conhecidos. Temos conversado sozinhos.
Aquele costume parece que tem se tornado cada vez mais démodé. Temos tido cada vez menos tempo e por conseguinte mais preguiça em convidar e sermos convidados. E quando acontece, lá de vez em quando, tudo tem hora certa. A hora certa de chegar. A hora certa de comer. A hora certa de conversar. A hora certa de postar e fazer check-in, sim, temos que fazer check-in! E mostrar que somos antenados, conectados e com internet de alta velocidade, fulltime!!
E agora?
Devemos nos acostumar com isso ou lutar?
Como é que devemos agir nesses tempos? Aceitar que tudo mudou, que as pessoas não são mais as mesmas, que nós não somos mais os mesmos... Ou lutar com unhas e dentes para passar dias inteiros na casa dos amigos? Cavar tempo para estar presencialmente com as pessoas que presamos? Ou ficaremos mandando posts de onde estamos (sozinhos!), contando ao mundo que estivemos ali, aqui e acolá, sem saber sequer com que roupa ou sentimento estavam os que nos acompanhavam?
O que devemos fazer?
"Olá! Tudo bem? Como é que você está? E qual é a senha do seu wi-fi?"
OBRIGADA POR TER SIDO CONVIDADA PARA ES-TA FES-TA!
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