quinta-feira, 27 de novembro de 2008

por dentro...


e por dentro o que é que tem...e a pergunta quem faz, sou eu ou você...e quando os meus olhos não ficam sequer um segundo fixos nos seus será que posso olhar de verdade, será que a verdade está ali entre nós...já não havia mais verdade em meu conceito frouxo, já não havia mais nada que estivesse ali...só uma sensação de não querer, só um vazio que volta e meia era preenchido por uma negação, por uma revolta, por uma não razão...mas no fundo raso em que me encontrava, lá nesse fundinho que só serve em mim, pra mim, ali estava um vazio de sentimento, que de dor se transformou em negação e que de negação já não sabia mais o que era...e por vezes esse vazio se transferia para meus olhos, uns olhos tão molhados que chegavam a vazar do vazio para outro lugar, pra fora do rasinho...e por horas e mais e muito mais se mantinham molhados e vazados, e não por querer, só por sentir, só por não mais sentir o que sempre sentia e que como era tão bom, vivo...e cheia desse vazio, sem mais o que saber, mais uma vez molhei o olhar num lugar que pra mim sempre foi tão santo, mesmo que eu nem sabia que existia lugar assim, pra mim ali era lugar santo, e de lá e mais além é que veio a ajuda, da não fé, nasceu a confiança em algo que vai além do que os olhos podem ver, vai além da racionalização...e com olhos vazados de dor e sofrimento veio e foi um pedido tão especial, tinha planejado pedir tanta coisa, tinha imaginado outros problemas tão maiores, mas ali na hora da verdade, quando os meus olhos se abriram pra deixar sair a dor que ali estava, foi só que pude pedir de verdade...foi só o que me restou pedir, nem por mim e nem por ti, mas por nós, mesmo que depois disso nunca mais existisse um nós, mas mesmo assim, queria os olhos secos daquela dor que já estava a tempos demais por ali...e as palavras que eu disse me vieram direto do coração, eram palavras que pulsavam numa dor dilacerante, era quase um grito mudo que ardia, queria poder voltar acreditar em um "pra sempre" que não acaba...queria poder voltar a ver, olhar, sentir...queria poder estar de verdade naquele lugar...minha dor (que nunca foi só minha) era clara como lampejo e a ajuda veio de onde menos eu imagina, veio com uma força surpreendente, veio com o poder que eu sem querer acreditava que havia naquele lugar...ascendi a vela, rezei com os olhos molhados e apertados com tanta força que achei que nunca mais poderia abri-los, arregalá-los...e depois um abraço cheio de luz,uma luz que todos temos, mas que só se vê em quem deixa estar...e depois o zero, o nada, nem pra mais, nem pra menos...um vazio bom, uma chance de tornar a encher, mas agora sabendo o que por pra dentro de si mesma...e depois sai dali, voltei ao meu suposto lugar...meu toque se tornou tão leve que uma pluma seria mais pesada, meu coração estava refletindo o que sentia, leve, zerada...deitei a cabeça no travesseiro e fiquei ali contemplando o que talvez nunca mais pudesse acontecer...adormeci sem brigar com o sono e sem perceber, sonhei com você...seu sorriso iluminava toda a sala, tinha uma beleza que nunca havia notado, falava com tanta calma, e quando não havia mais nenhuma palavra, quando já não era mais necessário falar, em minha mente, dentro do sonho, as coisas se esclareceram de tal forma que não havia mais porque brigar...o motivo a tempos parecia inesistente, sabia do erro que havia cometido, tinha isso muito claro, sabia do perdão que deveria pedir com uma verdade de alma, sabia que ainda não era chegado o dia de pedir com o coração puro, mas sabia que esse dia estava tão perto quando o sorriso agora em sua boca...e ao despertar o que poderia fazer senão olhar para o céu e agradecer a Ogum o que me foi dado de presente, meu pedido muito mais do que atendido...seu olhar de novo, um tanto de vida que me foi trazido de volta, quando mais precisava viver...salve Ogum...salve Jorge...salve saber mais pedir perdão do que perdoar...salve bem amada...

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