quinta-feira, 16 de julho de 2009

A CARTA

com um cuidado especial SARAH abriu a carta, retirou do envelope o papel já amarelado, colocou-o perto do rosto, eram cartas ainda perfumadas... a caligrafia tão conhecida, como pode esquecer o passado, como pode deixar o passado não se transformar em presente...como pode não se presentear por tanto tempo... abriu delicadamente o papel, estava levemente gasto, lembrava exatamente de quantas inúmeras vezes leu e releu os escritos dali... lembrou uma porção de coisas, eram gostos, cheiros, sabores e umas lágrimas a mais... passou os olhos rapidamente pelo contéudo, não era preciso reler, estava tudo registrado em sua memória... estava tudo muito presente... retirou todas as cartas de seus envelopes, colocou uma por uma perto do rosto, parecia sentir a textura que bem conhecia...aquele cheiro lhe levava para um mundo a parte...esse era um passado que quis muito esquecer, quis o impossível, quis ser irreal...como um quebra-cabeça montou sobre a mesa 10 anos de sua vida, cada cartas, cada ano, cada memória trazida à tona por simples folhas de papel...tinha certeza de que havia vivido um grande amor, tinha a certeza de que esse era um passado que ficou para trás... tinha decorado seu papel, esperava a peça começar, esteve ensaiando aquele amor por tanto anos, queria tê-lo estreado, mas foram dez anos de cartas que ao fim de tudo eram só papel e lembranças... sua cabeça tentava articular o porquê de tudo aquilo, quis tentar entender algo que nunca foi claro... sua lógica era a seguinte... ama-se e se é amado... sua lógica sempre lhe pareceu ilógica...

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