ELA sempre ficava intrigada com uma porção de coisas. um dia cismou com os assentos flutuantes do avião. passou boa parte do vôo imaginando o que faria deles "flutuantes". depois de vários momentos observando e apalpando o assento, em busca de explicações, sentiu a necessidade de saber como funcionava. sabia que não poderia mais viver com a dúvida, e esse não era um dos mistérios com o qual queria conviver.
desde pequena, a história que mais gostava era de ìcaro, o que queria voar. ela, apesar do medo congelante que sempre teve encalcado em si, também desejava, no fundo, voar como um pássaro. logo pensou, se voa o avião inteiro, não há dúvidas de que flutua o assento. articulou um plano. mediu delicadamente todos os detalhes. abriu a grande sacola que havia trazido, retirou tudo de dentro e colocou sob seu banco. esperou a aterrisagem. esperou o desembarque da maioria dos passageiros. olhou cuidadosamente para ver se não havia nenhum comissário de bordo próximo. colocou a bolsa no ombro, arrancou o assento flutuante e colocou dentro da sacola em apenas um movimento. correu para fora do avião o mais rápido que pode. saiu do aeroporto à passos de gigante. não quis ir direto para casa. tinha planos melhores. foi até o centro da cidade. subiu no edifício de 40 andares. olhou tudo lá de cima. a mão dormente com o peso da sacola. abriu a porta do terraço. deixou a bolsa e a sacola no chão. vestiu óculos escuros. sorriu. saudou ìcaro. amarrou o assento flutuante no ventre com seu cinto. num gritinho pulou lá de cima com os braços bem abertos. sentiu o vento forte no rosto. sorriu de novo, agora com todos os dentes expostos pelo excesso de ar. bateu asas. lá embaixo juntou um povinho pra ver o que estava acontecendo. viu o chão cada vez mais perto. procurou em vão, em seu assento flutuante, um botão que a levasse novamente ao alto. o chão estava em frente. voltou a abrir os braços, desafivelou o cinto. sabia que os vôos não duram para sempre, logo estaria ao lado de ícaro.
desde pequena, a história que mais gostava era de ìcaro, o que queria voar. ela, apesar do medo congelante que sempre teve encalcado em si, também desejava, no fundo, voar como um pássaro. logo pensou, se voa o avião inteiro, não há dúvidas de que flutua o assento. articulou um plano. mediu delicadamente todos os detalhes. abriu a grande sacola que havia trazido, retirou tudo de dentro e colocou sob seu banco. esperou a aterrisagem. esperou o desembarque da maioria dos passageiros. olhou cuidadosamente para ver se não havia nenhum comissário de bordo próximo. colocou a bolsa no ombro, arrancou o assento flutuante e colocou dentro da sacola em apenas um movimento. correu para fora do avião o mais rápido que pode. saiu do aeroporto à passos de gigante. não quis ir direto para casa. tinha planos melhores. foi até o centro da cidade. subiu no edifício de 40 andares. olhou tudo lá de cima. a mão dormente com o peso da sacola. abriu a porta do terraço. deixou a bolsa e a sacola no chão. vestiu óculos escuros. sorriu. saudou ìcaro. amarrou o assento flutuante no ventre com seu cinto. num gritinho pulou lá de cima com os braços bem abertos. sentiu o vento forte no rosto. sorriu de novo, agora com todos os dentes expostos pelo excesso de ar. bateu asas. lá embaixo juntou um povinho pra ver o que estava acontecendo. viu o chão cada vez mais perto. procurou em vão, em seu assento flutuante, um botão que a levasse novamente ao alto. o chão estava em frente. voltou a abrir os braços, desafivelou o cinto. sabia que os vôos não duram para sempre, logo estaria ao lado de ícaro.
Um comentário:
Eu amei esse teu texto, sabias?
Essa inocência lúdica suicida. Essa curiosidade foraz.
Esses pensamento corriqueiros que se transformam em arte.
Tua técnica vem se lapidando e tuas jóias já reluzem, Aline.
Um beijo,
Bel.
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