sábado, 25 de junho de 2011

"NÃO MATARÁS"

- nÃO MATARÁS. e não farás uma porção de outras coisas. quando? como? as falcatruas da palavras escrita ou falada, já não se sabe mais. de boca em boca, de mão em mão, de papel em papel, de opinião em ilusão. de achar que só se mata na carne, com navalha, com faca, com tiro. que é só tiro que tira a vida de alguém. e que só assim se desrespeita aquilo que já não se sabe mais se foi bem assim que foi dito. bem dito ou mau dito. nem se foi... dito por alguém que não se conhece, que não se sente, que não está mais. pois quando se tira o direito de fazer o que quer, quando se tira o respeito do peito de alguém que mal se conhece, quando se tira o que quer que seja de outro alguém, se mata. então matar não é só fazer parar de bater o coração. não é só congelar o pensamento em um cérebro inutilizado. não é só dar como destino próximo aquele palmos debaixo de nós. existem palmos pra baixo que também matam. existem paralisações de órgãos vitais que também matam. existem mortes piores do que fechar os olhos e dormir um sono diferente do que se está acostumado. e então "não matarás" se escreve com letras minúsculas. entre aspas, mas com letras pequenas, tamanho da importancia que se dá. e depois de um tempo certamente irão embora também as aspas. e por fim o NÃO se retirará.
já que o motivo torpe toma conta de nossas desmotivações. e a cada dia que passa, passamos a desrespeitar as regras claras da sobrevivência. em prol de um sobrevivência que mata, que fere, que não sobrevive muito, se não aquele pouco tempo de matar e logo morrer. ainda penso que se morre quando se mata. e a cada vez que penso que se torna mais rápida a morte de quem mata. e como falar de motivo banal, quando a banalidade é vigor e moda nos dias atuais.
sem falsidade. sem muita pretensão. eu mato. tu matas. ele mata. nós matamos. se o ser "humano" é capaz de matar, eu sendo humana também sou. e não há como fugir da raça que me foi destinada. e se não matei até agora, só há dois motivos para que não tenha acontecido. primeiro porque não percebi, o que me torna uma tola matadora. o segundo é porque ainda não me foi dada a oportunidade. um planta. um peixe. um sonho. uma expectativa. uma vida. uma pessoa.
e com a reforma da lingua se dirá "não mais matarás", em letras miúdas, pra não dizer tanto, pra não impor, pra não maltratar a natureza deste ser que vos fala. e não se falará mais em crime ou castigo. já que sem culpa pressuposta não há o que castigar. e iremos aceitando os novos formatos. as auteridades na maneira de ver a vida. ainda que num "s" possamos reler au(s)teridade, mas que nada possamos fazer. a não ser deixar de ser o que sempre fomos. banalizadores banais.
já que não há mais como banalizar a vida, passamos a banalizar a morte. como se pudessemos dormir num dia e no outro acordar.

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