Muda
Fica muda quando tudo muda
E ainda espera uma mão para lhe despir
A tempestade absurda lá fora e ele dorme agora
Ele sempre dormiu
Nada mais lhe assusta
Nem a cozinha fria
Nem o rosto que sorri
Nada mais lhe assusta
Ela não está mais ali
E então ele chora em um dia de sol
Enrolado na cama de calor e cachecol
E então ele não quer mais dormir
Ele não percebe que ela não está mais ali
Pra lhe ouvir a respiração
Para um olho que não
E desfaz a mala noutro canto
Com aquelas roupas enxuga o não pranto
Nada mais lhe assusta
Nem a sala vazia
Nem o rosto que sorri
Nada mais lhe assusta
Ela não está mais aqui
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