terça-feira, 19 de março de 2013

Muda


Muda



Fica muda quando tudo muda
E ainda espera uma mão para lhe despir

A tempestade absurda lá fora e ele dorme agora
Ele sempre dormiu

Nada mais lhe assusta
Nem a cozinha fria
Nem o rosto que sorri

Nada mais lhe assusta
Ela não está mais ali

E então ele chora em um dia de sol
Enrolado na cama de calor e cachecol

E então ele não quer mais dormir
Ele não percebe que ela não está mais ali

Pra lhe ouvir a respiração
Para um olho que não

E desfaz a mala noutro canto
Com aquelas roupas enxuga o não pranto

Nada mais lhe assusta
Nem a sala vazia
Nem o rosto que sorri

Nada mais lhe assusta
Ela não está mais aqui


Nenhum comentário: