quarta-feira, 2 de julho de 2008

caqui...

ela era assim...tal uma árvore de caqui, fiquei anos ali parada observando seus jeitos, seus modos, suas falas várias vezes por muitos anos...e chegado o fim , pude lhe dizer, como árvore de caqui...brotada em meio a terreno fértil, gostava de sol, era jovem, passou por secas, se adaptou, passou por chuvas e se garantiu...era tal um árvore, mas não qualquer uma delas, uma das de caqui...ficou vistosa e começou a produzir seus frutos...era isso o que dizia, frutos...eram grandes, eram verdes, eram indigesto...eram frutos do tempo...precisavam dele para se tornassem amistosos...precisavam de tempo para alaranjar, eram palavras adstringentes, precisavam ser adoçadas por alguém que bem o faz...e em algum tempo (e sol) eram doces suas palavras, ficavam amolecidas e tornavam-se atrativas a quem pudesse olhar...fazia pássaros cantarem mais altos em dias assim...fazia o sol querer brilhar mais forte...fazia...e depois dessa leva de doces alaranjados, se recolhia...esfriava junto ao tempo-clima que lhe mandava, escurecia, morria aos poucas dia após dia, queda após queda de cada uma de suas agora escuras folhas...achava que não sobreviveria...passava meses nessa solidão nua...ali nasceu, ali ficava...já não mais esperava por dias claros...já não mais esperava por nada...e sentia um formigamento nas pontas e ardiam os olhos nessa época...e vinha verde claro o que lhe nascia...e vinha...e novamente era vida...e novamente respirava e outro ciclo se seguia...encontrava as adstringências que logo se adoçavam...e era assim aquela sua vida...tal qual caquizeiro...e era assim que via as coisas, por meio de um verão e um inverno inteiro...

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