terça-feira, 23 de setembro de 2008

nanocomunicação

lentamente se aproxima e se sente a respiração que primeiro toca a pele ainda morna da boca semi-aberta...se sente a pele do outro que toca a pele que fala da boca pra fora...e de leve, sem pressa, sem trauma, sem pretensão a boca do outro toca os lábios da minha boca que já espera ansiosa por uma certa violência, por uma certa invasão...que ávida abre-se e morde a pele sensível do outro lábio e que sente a mordida lhe colher os frutos e que instala ali aquela certa violência desejada por fim...e que uma vez instalada a força se aproxima e faz com que o toque leve dê lugar a uma imensidão de sensações, a força traz à boca a profundidade que ela sempre teve mas que por tempos ficou escondida debaixo das palavras que dali saiam...e com posse a boca alheia se torna parte da minha, que forma na outra uma junção que leva a um lugar onde nunca estive ou não mais lembrava...e a saliva morna embebe a boca que define com a língua o contorno da outra que ali está soldada a sua...e o olho permanece fechado por fora mas se abre por dentro para inúmeras possibilidades, e o calor poderia se tornar insuportável diante de tanta proximidade, mas se torna suave...e o contar do relógio já não representa realidade quando está a minha boca colada a sua nessa "nanocomunicação", o tempo nessa hora, em que a minha na sua se encosta, se torna lânguido e preguiçoso...se esquece o que há fora deste universo interno e te devoro com saliva, mucosa e pele e você, me devora pela alma que me toma quando encosta a sua boca na minha e me deixa um pouco de ti e me leva um pouco embora...

Nenhum comentário: