quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

1,2,3 e foi...

ele já sabe o que é liberdade e não sabe ainda que eu também sei que ele sabe...e "inda" ontem tava lá preso nos cueiros, todo pequeno e delicado, todo cheio de chororôs e caixinhos dourados, até ontem, pq esse ontem se foi tão rápido que nem pude perceber o quanto ele cresceu, e se fosse só em tamanho ainda vá lá...mas ele já sabe o que é a dita cuja da liberdade, e pra mim que a tenho calçada nos pés d'alma, nos pés do corpo, pra mim, saber que ele já sabe da existência dessa dona, só Deus sabe o que significa...e dai eu fico como de costume com os olhos ainda mais molhados e chorosos do que sempre, e dai eu olho aquele tico de gente todo libertoso, todo todo e me dá um misto de alegria e dor, me dá uma vontade de dizer pra ele um montão de coisas, mas ele sabe o que é liberdade, eu não posso dizer mais nada disso que queria dizer...ele sabe o que é liberdade e não tem um pingo de juízo, ele não sabe o que é juízo, tai o motivo de não ter nadinha de pingo...e tem coisa "mais boa" na vida do que conhecer a dona e não ter um pingo...tem coisa melhor, pq quando ele me fala aquelas coisas que "Deusulivre" nos meus ouvidos, quando ele fala com propriedade das coisas da sua vida...ele fala com toda a liberdade que meu juízo apagou, aquela lá de longe que um dia eu tive e que sei lá porque deixei morrer, deixei partir, deixei ou nem sei se deixei... mas se foi, se libertou de mim...e dai ele olha com aquele olho de céu de domingo e me diz das liberdades dele, eu toda tola com medo de cair, se ralar, se quebrar, me esqueço que liberdade naquela época tinha haver com comer todas as balas e colocar todos os chicletes de uma vez só na boca pra fazer a maior bola do mundo, mesmo quando ainda não se sabe fazer bola...ai eu digo uns virgem santíssima pra lá, uns credo em cruz pra cá e me esqueço da liberdadezinha pura que invade o serzinho que se encontra ali...só falta poder voar, mas ele nem precisaria disso, já vive lá no alto, bem longe dessas nossas amarras e juízos...já troquei fralda, escutei chorinho e berro, já dei de comer na boca, já fiquei noite acordada, e o que é que eu posso cobrar agora, nadica de nada, pq quando olha com aquelas duas buricas arregaladas e me chama de Mada ( a Mada queriiiiida...), sou eu é que fico devendo uns tantos de vida pra ele...e olhe que eu nem precisei parir, mas a dor do parto esteve sempre presente e o cordão ligado...e certo dia me aparece com essa de saber o que é liberdade...saímos de carro para um passeio comum, os vidros abertos e alta velocidade, minha dosesinha de liberdade...o vento no cabelinho de anjo bem curto, ele abre os braços e grita, uhuuuuuuuuuuuuu...o vento lhe toma a cara, os braços e o corpo, o cinto de segurança lhe prende a cintura e o peito, ele dá uma daquelas risadas e de novo...uhuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu...e eu mera espectadora da liberdade pura nascendo em pleno retrovisor...ele já sabe o que é liberdade quando eu quase me esqueci...

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