segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

onde ficaram as marcados nossos passos, em que chão

a estrada era grande, longa e larga, eu entendo que existiam momento em que poderíamos estar todos caminhando nela sem poder ver uns aos outros... mas estávamos indo na mesma direção, que eu me lembre, estávamos indo ao mesmo destino, fazíamos planos de chegar num mesmo lugar... aprendemos a caminhar passo após passo, os que já estavam mais firmes seguravam nas mãos dos que ainda experimentavam... estávamos todos lá, não estávamos?... depois de passado o aprendizado dos passos, me lembro que houve momentos em que tropeçamos, em que caímos, houveram joelhos ralados e bolhas nos pés, pés descalços, houve de tudo, mas tinha a impressão de que estávamos todos lá, lado à lado... de que não era preciso muita palavra, que não era preciso nada, sentíamos uns aos outros tão perto e tão ligados que qualquer suspiro, qualquer pensamento podia ser lido sem defeitos pelos pares... me lembro que conseguíamos ser tão iguais e tão diferentes e tudo isso junto, tudo ao mesmo tempo... lembro de uma força que vinha de todos, não era uma força isolada que não se sabia de onde vinha ou que era de um de nós apenas, não, era uma força da união de pessoas com o mesmo sangue, com a mesma raça, com o mesmo destino grudado na sola dos pés e que nos dava a dimensão da palavra "vida", que nos dava a energia que precisávamos pra saber que mesmo que fosse difícil, seria fácil, não seria problema de um e sim de todos... havia isso tudo, não havia?... eu tenho fotos que provam que estava lá, tenho fotos que provam que estávamos todos... eu tenho sentimentos e lembranças aqui guardados...
mas se olho no dia de hoje vejo coisas tão diversas, vejo o caminho, mas não vejo mais marcado neste solo sagrado os nossos passos, não há mais unidade, não há mais quase nada... tenho dificuldade sequer de saber do que gostam, o que fazem nas horas vagas, se tem problemas, se precisam de ajuda, tenho medo de que hoje não saberia como ajudá-los... tenho minha vida que parece que se dissipou das suas, parece que nas fotografias que vejo hoje, dos tempos de outrora, a impressão que fica é de que não estamos todos lá, nesta falta um, nesta outra um outro e numa delas faltam todos... já não sei dos seus sonhos, já não sonhamos acordados, já não fazemos planos pro futuro, já não andamos lado à lado... em que ponto se perdeu, em que ponto nos desconhecemos... quem será que mudou, fui eu, vocês ou mudamos todos? ...
fica então o sentimento do que foi perdido ou largado, da dúvida no meio do caminho, da saudade de uma unidade...

Nenhum comentário: