sábado, 9 de julho de 2011

pra dentro

ou com os olhos fechados do lado de fora. do lado de dentro aberto. os poros. de quem são? e fica abrindo e fechando perto da minha bochecha e os cílios tocando a pele vazia de cor. a melancolia lhe cai bem e lhe dá uns tons que não existem. não mais. como é bonito daqui e com os olhos fechados. bem fechados quanto mais abertos estão. e nada importa, não é? não é não vai ser mais quando não for, mas ainda será. e sempre. e se você escolhe os seus calçados eles não lhe machucarão os pés pois terão piedade de dar-lhe só dor quando por ti foram escolhidos e lhe cabem e lhe fazem sentir melhor do que sair com os velhos, os mesmos de sempre. como as pontas de dedos que batem de leve que quase não se sente. como as pontas dos dedos dentro da boca que não se sente muito. como as pontas dos dedos dos pés tocando couro de sapato novo. a reprise de um sonho. quando se acorda de leve e tudo pode ser leve e se abre os olhos até então fechados. e se termina de leve um sonho que ainda persiste. e se sente que poderia dormir de volta e não tem volta o sonho que se termina e continua sonhando acordado. sem a alegria de braço abertos. sem braços. sem dedos. sem pele. de leve. como se a solidão pudesse te achar num canto escuro do quarto de hora em que se encontra sozinho. como se a saudade pudesse voltar sozinha e acompanhada da solidão que teima em não te deixar só. como se o canto não fosse um canto e sim um conto arredondado por dedos de barro que moldam o mundo que não cabe em si. como se a melancolia fizesse de ti um cachecol que carrega na bolsa e espera um dia  fazer frio aqui no sol e poder te usar no pescoço, no colo de ninar tristezas. e vai. naquele sonho que não espera você dormir. que não espera sonhar.. que só dá de volta o que recebe e ainda dá um pouco mais da solidão que lhe sobra. não mais.

Um comentário:

Bel disse...

Ai ... Um ai! Daqueles que fizemos quando a dor congela até os pensamentos. E o que vem do que foi é só um Ai! E o que se quer que venha seja menos latente do que o que ainda é. E o sapato novo insiste em ir sem saber pra onde. Bestamente ... Besteiras de quem só sabe dizer Ai! Pra certas coisas que de tão incertas nem cabem mais num sapato velho de antes.
No fim de tudo há sempre o inesperado. Esse eterno inesperado que degela a alma e abre novad sensações como num sonho vivo. Daqueles coloridos que se sonha de olhos meio abertos pra se precaver de qualquer incoveniente do sub-consciente mais ciente do que prevê.
Nossa ... Só quis te dizer ... Que doeu essa melancolia revirada por aí.
Muito bom a leitura musicada.
Beijo e mais um Ai!