quarta-feira, 6 de julho de 2011

um conto insignificante.

é sobre uma caixa repleta de outras caixas de bala. as balas são de mente. aqui não devemos confundir menta com mente. não devemos cometer erros crássos ou crássicos de digitação. aqui não erramos e temos a noção do que este conto significa. as balas são de menta. cobertas por uma fina camada de baunilha. são balas doces. doces balas. as crianças as costumam chamar de "balas de bafo", tendo em vista o poder que estas tem de retirar da boca de todas as pessoas do mundo que se propõem a isso, o "bafo" e trocá-lo por um hálito saudável de menta. hálito de menta é o que se tem como padrão. para os demais hálitos verificar tabela. então se trata dessas balas de bafo e das pessoas que as consomem. num recorte específico da pessoa que as consome. se consome.
então esta pessoa compra pela primeira vez as balas e percebe, assim como quis o fabricante, que há um envoltório de baunilha em uma bala de menta. uma pequena bala de menta que consegue esconder pelo lado de fora um segredo, que se torna uma incógnita. essa pessoa de quem estamos falando ou que nos fala percebe o sabor de baunilha, que dura ínfimos instantes de fugacidade e logo em seguida sente o sabor vendido, a menta. e então depois de terminar de consumir a pequena caixa de balas de bafo. depois de refinar seu paladar, sua vida e suas escolhas mais profundas, a pessoa percebe ter uma preferência quase exclusiva pelo sabor de baunilha. percebe não fazer sentido consumir algo que não lhe apetece. toma uma decisão definitiva.
a pessoa que nos fala decide comprar uma caixa completa e fechada de balas de bafo, por assim dizer. tendo em vista que essa expressão não pode ser usada em outro lugar que não este, que é o lugar de onde esta pessoa nos fala diretamente. sabendo-se que se chegarmos em qualquer local do comercio local de varejo, jamais conseguiremos comprar uma bala de bafo, sem ter que dar amplas explicações ao vendedor especialista de doces e balas doces. a pessoa compra a caixa repleta de outras nanocaixas. a pessoa é objetiva. a pessoa já tem a sua decisão. essa pessoa que se comunica diretamente conosco chupa as balas. mas somente enquanto há o sabor de baunilha. não menta. somente a baunilha. néctar maravilhoso extraído de um lugar que desconhecemos. depois de e no exato instante em que se tem menta, a bala é expelida da boca com um cuspe econômico sem saliva extra. a bala volta ao mundo em sua forma mais cruel e justo por isso, mais natural.
a pessoa tem o filing de percebe onde começa a baunilha e onde ela acaba. não onde termina a baunilha e onde começa a menta. não menta. estamos num recorte específico sabor baunilha.
a pessoa que vos conta pessoalmente este pequeno conto insignificante sabe das coisas. e depois da caixa de balas finda. do mundo cruelmente, mas naturalmente povoado de balas de menta sem baunilha, realocadas no espaço. alguém alheio a pessoa, aos consumidores, as crianças, aos produtores de menta e baunilha, dos vendedores especializados e dos blogs de divagações, pergunta a esta pessoa o motivo dela não consumir balas exclusivamente de baunilha.
é um conto insignificante sobre doces e balas doces. a pessoa que fala com vocês que óbviamente lêem não responde. a que perguntou repete em looping a pergunta relacionada ao doce dos doces. eu não respondo nada. penso em responder. retrocedo ou tarde.
as que são de outros sabores e as pessoas que as consomem não tem como entender. é claro. officorse. as de laranja, são laranja por dentro e por fora. as de maracujá seguem o mesmo padrão internacional de não prometer retirar bafos de bocas comuns. as de cereja são somente isso.
entende que não há resposta?
entende que não há sequer o que perguntar?
não.
um conto insignificante.
compreende?

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