quarta-feira, 28 de novembro de 2012

JUSTO MEDO DE AVIÃO!




COMO eu, justo eu, tinha que ter medo justo de avião? Com tantos medos soltos por ai. De cair da escada, de ser assaltada, de ter verruga na ponta do nariz, de rasgar a calça, de escrever errado, de não ser amada e tantos outros. O meu maior medo tinha que ser o de andar de avião, de voar pelo espaço, de sair de um lugar e rapidinho estar em outro, de ver as nuvens de perto. 
E quando eu estou lá dentro sempre fico pensando: Vai cair! E parece que não tem solução. É grande demais, pesado demais, perigoso demais. E todos os demais ruins que possam existir. 
E agora eu moro em Salvador e de tanto em tanto tenho que ir pra São Paulo, Curitiba, voltar pra Salvador. E agora que eu quero conhecer o mundo? Como faz? E depois, tantas vezes, eu voo sozinha, sem ter uma mão pra segurar. Pois uma mão pra segurar é o que me segura no ar. Se tenho uma mão pra chamar de minha, se seguro nela com força, ela me sustenta, ela me faz flutuar. Mas agora a maioria das vezes viajo sozinha. E segurar na minha própria mão só me traz a agonia de sentir o suor passando de lá para cá. 
E então tenho inventado peripécias. Como a de fazer amizade com o coleguinha que viaja ao lado. Claro que eu nunca vou conseguir segurar na mão de um desconhecido, mas conversar ajuda tanto... Mas as vezes eles não querem ser meus amigos, querem ler, ignorar, dormir. Dai inventei a de ouvir música, mas é desgastante ter que esperar decolar pra poder ligar o celular no modo avião e ouvir as mesmas músicas de sempre... 
Só que desta vez estou planejando uma melhor! Vou preencher uma luva com areia e levar dentro da bolsa, e assim que o avião deixar de tocar o chão, vou colocar a mão dentro da bolsa, fechar os olhos e flutuar, imaginando que aquela mão é a mão que me acalma, que me acolhe, que me dá segurança pra fazer o que mais tenho medo, voar!!

Ai de mim se tivesse nascido passarinha!
Ai de mim se morasse num ninho!
Ai de mim se só soubesse voar!
Ai de ti, passarinho!

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