Quando você sabe que esteve num lugar.
Você se lembra do lugar.
Como uma fotografia de tinta ainda fresca, existe aquele lugar.
E ao tentar voltar ao mesmo lugar, você não sabe mais.
E busca em todos os lugares possíveis a possibilidade de encontrar o lugar daquele lugar.
Mas ele escapa. Ele não está.
E então você pensa se realmente pisou naquele chão.
Se eram realmente nuvens naquele céu.
Se não era mentira aquele mar.
E então você se pergunta se não teria, por um acaso, sonhado com aquele lugar.
Se não seria uma falsa lembrança.
Se você não desejou estar onde nunca esteve.
E então o lugar que você lembra na realidade não existirá.
E então você comenta o que te atormenta, com alguém que come a mesma comida que você.
Aquele que escova os dentes na mesma pia e se banha numa água que vem depois da sua.
E você escuta ela te dizer que lembra de um lugar assim-assim.
Das calçadas de petit-pavê.
Dos bancos concretos de concretos em que se sentaram para sorrir.
Ele pisou naquele chão.
Ele viu desenhos naquelas nuvens.
Ele banhou seu corpo naquele mar.
E então você volta para os seus pensamentos.
Que agora se tornam redondos.
E torna a buscar aquele lugar em páginas da internet.
Mas você não sabe procurar.
Como diferenciar aquele mar desse.
Uma nuvem doutra.
Como este e não aquele chão.
E pensa se um sonho pode estar noutro sonho.
Se dormir na mesma cama fez com que estivessem no mesmo lugar.
Sem nunca ter estado lá.
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