segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Nenhum lugar. Algum lugar. Um lugar.

Quando você sabe que esteve num lugar. 
Você se lembra do lugar. 
Como uma fotografia de tinta ainda fresca, existe aquele lugar.
E ao tentar voltar ao mesmo lugar, você não sabe mais.
E busca em todos os lugares possíveis a possibilidade de encontrar o lugar daquele lugar.
Mas ele escapa. Ele não está.
E então você pensa se realmente pisou naquele chão. 
Se eram realmente nuvens naquele céu.
Se não era mentira aquele mar.
E então você se pergunta se não teria, por um acaso, sonhado com aquele lugar.
Se não seria uma falsa lembrança.
Se você não desejou estar onde nunca esteve.
E então o lugar que você lembra na realidade não existirá.
E então você comenta o que te atormenta, com alguém que come a mesma comida que você.
Aquele que escova os dentes na mesma pia e se banha numa água que vem depois da sua.
E você escuta ela te dizer que lembra de um lugar assim-assim. 
Das calçadas de petit-pavê.
Dos bancos concretos de concretos em que se sentaram para sorrir.
Ele pisou naquele chão. 
Ele viu desenhos naquelas nuvens.
Ele banhou seu corpo naquele mar.
E então você volta para os seus pensamentos.
Que agora se tornam redondos.
E torna a buscar aquele lugar em páginas da internet.
Mas você não sabe procurar.
Como diferenciar aquele mar desse.
Uma nuvem doutra.
Como este e não aquele chão.
E pensa se um sonho pode estar noutro sonho.
Se dormir na mesma cama fez com que estivessem no mesmo lugar.
Sem nunca ter estado lá.

Nenhum comentário: