ouvir o barulho dos pingos na janela e não precisar pensar em mais nada...puxar a coberta, ajeitar o travesseiro, rolar de um lado e do outro...ouvir a sinfonia que a chuva nos traz e saber que no exato momento é o que existe pra se viver...de que mais nada é preciso...abrir a janela e sentir um cheiro de chuva bem molhada, cheiro de lenha queimando, cheiro de café recém passado...saber que estamos aqui pra isso, que não precisamos de mais nada em momentos assim...abrir uma outra janela e te encontrar nela, com a mesma cara de sempre, nem mais isso, nem mais aquilo, nem mais nada...exatamente como te deixei outro dia, com a mesma cara estampada em estampa de chita, a mesma cara deslavada...ver nos olhos parados de uma foto...ver em dia de chuva e lenha e café passado...saber da vida o que ontem era mistério, saber que se aprende só de abrir os olhos...botar a cabeça pra fora e deixar cair no rosto alguns pingos de chuva bem molhada...abrir um sorriso completo, com graça...saber que acordamos com essa fé na vida e que é por ela que se termina cada dia que sai...
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