domingo, 4 de outubro de 2009

a boa música é o gracejo da alma

e depois de um céu em cinza, cinza escuro, carregado de íons negativos, de negatividade... depois de dias fechada num canto escuro, com pedras vindo de todos os lados, de frente, de costas, de mim mesma... depois das pedras atiradas, do sangue escorrendo pelas partes atingidas, do sangue seco, das ranhuras, das dores, das decepções, das desilusão...depois de tudo...
um gracejo em forma de música, um alimento pr'alma, uma acalento...
depois do depois, a certeza de que uma boa trilha sonora nos trilha um caminho bem melhor, bem mais claro e leve...
um gracejo que permanece quando o som cessa, quando se vão os aplausos e a poltrona não é mais almofadada...
um gracejo que faz o vento dançar e levar pra longe o que não se quer, nem por perto, não se quer nem de longe...
um gracejo que ataca de cara a boca do estômago d'alma, que pega pela mão as coisas de dentro, que passa borracha no que não foi assim tão bom...
que deixa na vida um gosto de gafieira, de baile, deixa no pé do ouvido uma valsa, um pé de valsa no pé do ouvidinho...
que deixa no corpo todo um sacolejo, que apaga com corretivo os erros que poderiam não ter sido, e já que foram, merecem mesmo ser apagados com gracejos...
e a trilha sonora no fim de noite de domingo, depois de final de semana sem fim pros desafetos, pros desamores... a trilha me encaminha pra um só pensamento...
quando o batuque começa lá fora, aqui dentro outras coisas batucam que não instrumentos, batucam e deixam na boca um balaco-baco...
quando o som se propaga na caixa preta, a caixa vermelha vibra e os pés teimam em ficar pra lá e pra cá, e os quadris acompanham e acompanha logo o corpo todo...
me lembro que depois do depois, é de fuleiragem que sou feita, é pra fuleragem que tenho que ir quando mais nada me interessa, quando nada mais me agrada e menos ainda me importa...
e deixo crescer em mim o fuleiro, me deixo levar pra fuleiragem de braços e peito abertos, pernas dançantes, braços em hélice, sandália de prata...
deixo vir até mim a fuleiragem que me reconhece, me pega pela mão e me diz, que sou bem Nega Fuleira mesmo!!!
Vamborá fuleirá que a boa música é o gracejo d'alma!!!

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