quinta-feira, 19 de março de 2009

leve depressão pós-parto

uma leve depressão pós-parto caiu sobre meu corpo no dia de hoje...uma leve depressão...não sei se de saber que saiu de mim como uma parte de meu próprio corpo, e depois de estar fora já não é mais meu...o eterno jogo do desapego...uma solidãozinha vadia se apossou da minha alma e talvez até do meu corpo...e eu sempre em saltosaltos e saltosbaixos que não consigo controlar...nem sei se quero fazer força pra mudar uma coisa que nem sei o que é...será mesmo que é sempre necessário mudar...difícil mesmo é ter filho, escolher nome, essas coisas todas...mudar...quem sabe eu só precisasse de uma coisinha "doce" pra me alegrar...quem sabe alguém ou rede ou canção de ninar...quem sabe até "fuder o dia inteiro"...massagem no pé com bolinha de tênis...boa conversa, bom vinho, boa música, você ao vivo e ao morto... compania, essas coisinhas bobas... mais amigos...mais amor.es...mais vergonha na cara, mais corpo, mais olho, mais potência de voz, mais roupa e sapato, mais ensaio...mais paciência, mais e mais...menos insatisfação...e se eu escolhesse ser passarinho, chocar ovo, ficar dias todos sentada no ninho...e se eu escolhesse ser atriz, ficar dias e dias ensaiando e parindo, deprimindo, ensaiando, estreando e parindo e partindo e "quando eu digo foda-se as paredes do teatro tremem" *...e se não tivesse escolha...será que mesmo assim (te) escolheria...será???...uma mistura de pobrezafúriaenfurecida...bebedeira dos que não bebem quase nada...hoje não, amanhã tem parto de novo...como deve ser ter que parir todo dia uma cria diferente...como deve ser parir...como deve ser putaqueparir...mas também se não tivesse olhos não olharia, mas com olhos tão grandes que tenho, pra te ver melhor...difícil seria não se apaixonar por essa vida solta e frouxa, mambembe...difícil não seria repudiar uma vida dessas, tão presa e amarrada em som e luz, tão mundana...e depois de uma injeção...injeção de músicaboanaveiasozinhanafrentedopc vem vindo uma sensação de que sou fodapracaralho...de que uma estrela nasce, o parto foi difícil mas nasce uma estrela que brilha na "pieguiçe" de suas palavras ridículas de auto-ajuda no melhor estilo placa traseira de caminhão...eu sou foda pra caralho mesmo...boa em tudo que faço, vai repete milhão de vezes em voz alta, articulada e apoiada em frente ao espelha d'água do seu banheirinho xinfrin...mais uma das histórinhas sem fim da série no "fim do finalzinho"...quase um eco de alma que não para de falar...ri, risora, rimenta chorosa com cheiro de canela e madeira em pau...rindoma sua vidinha sem graça, que de graças que tem...não tem nenhuma graça esse cheiro de orquídea que tá surgindo aqui, não tem graça nenhuma, só desgraça no ar...
* fragmento de um dos textos de manuel carlos karam

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