sexta-feira, 21 de agosto de 2009

depois das duas... da tarde...

talvez não seja tão tarde assim...
ninguém me disse que eu era obrigada a olhar da janela do precipício de onde ia me jogar. pensava em ficar ali sentada no banco, olhando pela janela e fechar meus olhos no momento de pular. quem sabe até usar do senso comum e abrir os braços, abrir os braços como quem tenta um vôo, mesmo sabendo exatamente quem voa e quem não. pular do precipício é fugir de algumas responsabilidades, mas não do senso comum. pular do precipício com os braços abertos é esquecer quem voa e lembrar quem não...
eu e minhas pequenas inverdades, minhas pequenas grandes mentiras diárias, nunca pularia nem mesmo que não voasse. não pularia nem poça d'água, ando de galochas.
logo vi uma luz no fim do túnel, corri, nada mais poderia fazer, somente correr, é isso o que se faz quando há uma luz no fim do túnel. a luz não era no fim, era no meio do túnel, tive que apagar aquela luz impossível pra ver se havia uma luz no fim. rodei procurando um interruptor pra desligar a luz no meio do túnel, apaguei, olhei para os dois lados, já não sabia qual era o fim, os dois estavam iluminados, já não havia mais saída para mim, liguei a luz do meio...
se teus olhos, olhando como fez, meio doce e cheio de tantas cores, esses olhos que me levam onde sozinha já não vou. se me pedisse pra chorar vendo seus olhos, de pronto choraria, derramaria todo o meu pranto, derramaria sem ao menos perceber... se me pedisse o meu sorriso, eu então te sorriria, abriria os meus lábios do tamanho dos teus olhos, eu te sorria.
seus olhos, escuros como a noite que tens em ti, me olhassem em dias assim, eu nem me lembraria quanto tempo faz, pularia de braços abertos em qualquer uns dos meus precipícios, vendo seus olhos que me olham, eu pularia...
se tua voz, cantando como fez, meio doce e coberta de tantos veludos, essa voz que me leva onde sozinha já não vou. se me pedisse pra chorar ouvindo a tua voz, de pronto choraria, derramaria todo o meu pranto, derramaria e nem notaria que minhas águas secam. se me pedisse o meu melhor sorriso eu então te sorriria, abriria os meus lábios no tom da tua voz, eu te sorria. se tua voz, veludo rubro como o céu da tua boca, me cantasse em dias assim, eu nem saberia quanto tempo faz... pularia de braços bem abertos em qualquer um dos meus precipícios, ouvindo a tua voz, eu pularia...

Nenhum comentário: