sexta-feira, 28 de agosto de 2009

sabia...

sabia, que mesmo não querendo eu queria, mesmo sendo noite se fez dia...
que não estava só na tela a poesia...
sabia, que perto do sol todo gelo derreteria
que toda massa cinzenta se esfacelaria
que toda noite viraria dia
sabia, que uma dia chegaria uma noite que teria no céu uma lua e um sol
sabia que minha isca era pouco pro anzol
da efervecência das minhas moléculas transformadas em mol
sabia que de nada sabia
sabia que o meu conteúdo era instável
sabia que seria um mal irremediável
sabia que preferia um automóvel
que todo meu terreno de pedras seria certamente um terreno móvel
da mancha de sangue espelhada pelo meu chão
de que onde se come a comida, se come o pão
das misturas que acabam em solidão
sabia que tem um vento que sopra ao meu ouvido
sabia que nunca deveria ter pronunciado meu querido
sabia que não podia ter usado aquela entoação
sabia que não saiba ao certo a letra da canção
sabia que minha letra na carta sairia tremida
sabia que tinha todo tempo na vida
sabia que queria mais
sabia que éramos apenas mortais
sabia que de tudo já sabia

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