domingo, 23 de agosto de 2009

o que são 10 anos...

o que são senão um após o outro, o que são se não somente um dia que se passa e vem outro e outro e outro e chegamos aos 10 anos, isso não nos faz melhor, isso não nos faz pior, isso não nos faz... não são os dias acumulados um após o outro que nos fazem ser o que somos hoje um para o outro, não é o acúmulo que nos faz, ele nos desfaz por certo... não são os dias acumulados que nos fazem, são os somados que nos dizem... nos dizem que cada dia é um dia, que cada dia nos aproxima ou nos afasta... não dá pra acreditar em tudo o que nos falaram e o que nos falam e o que já sabemos que vão nos falar, nunca será possível acreditar em tudo, mesmo em tudo o que nos dizemos e desdizemos, nunca será possível acreditar na totalidade das palavras, as pessoas são somente pessoas, tão pessoas quanto nos descobrimos a cada dia, logo como nós elas também mentem e nem por isso com o passar dos dias nos tornamos menos humanos, pelo contrario, mentir nos humaniza ainda mais...
o que são 10 anos, o que seriam se não estivessemos aqui, um ao lado do outro, nem tão todo, nem tão ao lado... o que seriamos hoje, eu sem você e você sem eu... o que teríamos feito de nossas vidas se lá atrás não houvesse uma escuta de corpos que nos disse que sim, que seria possível estar hoje aqui... não são só lembranças e nem só sorrisos, faço questão de frizar, de trazer a tona a realidade que se mostra em face cruel a cada dia, nossos dias eu diria... mas deste material somos feitos, tanto das mentiras e da bondade e de tudo mais o que possa existir, ninguém no mundo tem o poder de ser feito de um só material... somos um mix das melhores e das piores coisas que existem...
é certo que em certos dias temos a certeza de que seria mais fácil deixar tudo pra trás, nos deixar, deixar de ser o que somos afinal, claro que tem dias que sabemos com certeza de que sem o outro não poderá, mas somos por fim tão incontantes como nossas inconstâncias... somos ciclícos em um mundo quadrado... somos desformes dentro de nossas formas, nossas máscaras...
mas à tempo, o que são 10 anos afinal... talvez nunca saberemos, eles somente passaram e não me parece que estávamos preocupados em parar pra depois de 10 tirar conclusões sobre o que foram e o que poderiam ter sido e o que serão... eles passaram por nós como aquelas árvores na estrada, nós dentro de um carro em alta velocidade, as árvores na estrada, passando e quase não conseguimos notar, quase não percebemos o quanto passou desde que estamos nessa nossa viagem... quase não percebemos, exceto pela vezes em que batemos nelas ou que paramos para ficar deitados na sua sombra...
nada do que existe aqui pode ser descrito em palavras, tem coisas na vida que é preciso sentir na pele, no rosto, na carne, de dentro pra fora e de fora pra dentro, não existem palavras pra descrever conteúdos assim, não existem explicações para o que devemos sentir...
o que pode ser dito ao fim, é que depois de 10, depois de dias após o outro, posso esboçar uma certeza que agora sei que já não é tão certa, de que os dias que somam e os que acumulam, nos fazem saber, saber das coisas que já se passaram e de saber o não saber das que virão... mas nos trazem uma claridade que só mesmo dia de sol pra dar explicação... é preciso esperar o 10 chegar, pra saber que não se saberá como os próximos 10 virão, mas que isto torna tudo ainda mais belo, e não é belo das belezas de televisão, é o belo de carne, osso, pele, recheio e sabor... o nosso belo disforme, que só é belo pra nós...
o que são 10 se não 1+1+1+1+1+1+1+1+1+1...

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