sexta-feira, 28 de agosto de 2009

diga-me com o que sonha e te direi quem é

cada um é feito dos seus próprios sonhos, cada um tem os seus arquivos secretos que se manifestam toda noite, se manifestam toda vez que se fecham os olhos...
cada um é feito de misturinhas que depois se fundem numa noite, que passam como um filme dentro da cabeça de quem em profundo se deita...
cada letra, cada palavra, cada sonho, cada pesadelo é por certo um pedaço de nós, transferido à uma tela que está por dentro...
cada um tem a sua poética, cada um tem as suas visões e num sonhos isso se mostra tão presente como lá estamos nós, estampados em outras cores, em outras formas, mas sempre nada mais do que nós mesmo...
esse nós mesmos que nós não conhecemos, que não sabemos que temos por dentro, que se mostra em sonhos e por vezes em pesadelos...
ontem vi "os sonhadores" do bertolucci... vi aqueles sonhos que se pareciam com alguns dos meus, vi a vida feita em poesia, vi a vida vivida em sonhos de sono profundo... onde de tão adormecido se vive sonhando sem poder acordar, como se acordar fosse preciso... a sensibilidade do sangue que se sente, que se doa, que se vê... o sangue que está por dentro, o que está por fora, as formas que o amor pode ter e que nada se parecem com a vida real... a poética do bertolucci tocou onde outro filme dificilmente poderia tocar...
eu tenho cascas e mais cascas, umas por cima das outras, eu tenho coisas muito bem escondidas, coisas que nem eu entendo, mas que sei que estão lá, e por vezes elas aparecem nos meus sonhos, nos meus pesadelos, e demorei um tanto pra saber de onde vinham aquelas imagens, os sons, os cheiros, as formas... elas não eram alimentadas pelos meus olhos, mas sim projetadas deles pra dentro... era um material que já estava todo aqui, desde a minha composição, já estava tudo aqui dentro, guardado, cascado...
e quando eu me deparo com aquela poética, com aquela forma de ver o mundo que me é tão íntima, quando eu me deparo com aquelas fotografias expostas uma após a outras numa projeção que se projetava de fora... em mim entrou bem mais fundo, bem mais por dentro... entendo coisas dali que jamais poderia dizer, que jamais poderia explicar... tem uma poesia nisso tudo, nele, em mim, no nós, que não é possível escrever ou declamar... uma dessas poesias internas, mas tão internas que muitas vezes nem olhando pra dentro dá pra ver...
nossos sonhos e pesadelos falam de nós, estou aprendendo a ter um diálogo mínimo com eles nas noites de sol...

sabia...

sabia, que mesmo não querendo eu queria, mesmo sendo noite se fez dia...
que não estava só na tela a poesia...
sabia, que perto do sol todo gelo derreteria
que toda massa cinzenta se esfacelaria
que toda noite viraria dia
sabia, que uma dia chegaria uma noite que teria no céu uma lua e um sol
sabia que minha isca era pouco pro anzol
da efervecência das minhas moléculas transformadas em mol
sabia que de nada sabia
sabia que o meu conteúdo era instável
sabia que seria um mal irremediável
sabia que preferia um automóvel
que todo meu terreno de pedras seria certamente um terreno móvel
da mancha de sangue espelhada pelo meu chão
de que onde se come a comida, se come o pão
das misturas que acabam em solidão
sabia que tem um vento que sopra ao meu ouvido
sabia que nunca deveria ter pronunciado meu querido
sabia que não podia ter usado aquela entoação
sabia que não saiba ao certo a letra da canção
sabia que minha letra na carta sairia tremida
sabia que tinha todo tempo na vida
sabia que queria mais
sabia que éramos apenas mortais
sabia que de tudo já sabia

FEITA DE TRês is...

sou toda feita de três "is", todinha da cabeça até os pés, dos pés e de cabeça, toda feita de três "is"... os outros chapéus tem três pontas, o meu tem três "is"... quando eu olho pra dentro o que vejo são meus "is", me dizendo o que fazer, me ditando como agir... e apareço cheia de vontades, e apareço cheia de ímpeto e apareço parecendo estar cheia de materiais humanos dos mais diversos, essa é a minha especialidade, parecer que tenho de tudo, mas estar cheia de três "is"... e só não me são quatro já que escorpião ainda não se escreve "is", caso fosse já seria cheia até o topo, dos pés até o da cabeça completa por meus "is"...
feita desses "is" que me levantam e me derrubam, e fazem isso exatamente ao mesmo tempo, fazem isso no mesmo tombo em que de pé eu já cai e de caída já de pé e vou andando nesse ritmo, de levantar e de cair, não de amores, não de dores, mas de "is"...
e lá me vou mais uma vez, cheia e completa, desde as unhas até os cabelos de uma Intensa Intensidade Insana...

terça-feira, 25 de agosto de 2009

não era uma certa antropofagia, era canibalismo da pior espécie...

já que quando a minha boca se abriu em ò... e pra dentro eu te coloquei pra saber qual era o teu gosto de pele e de carne e osso, já que quando eu vi estava te antropofagitando sem perguntar das suas coisas qual era preferida... e me deparei com algo que emperrou na minha boca, com um gosto que não sei qual é, que não sei se existe e que não gosto e já estava goela a dentro e por lá ficou engasgado como palavras de um gosto amargo...
por que na confeitaria em que te fabricam os produtos são assim mesmo, de um pacote bem feito, de uma aparência apetitosa, fazem alusão há uns recheios tão vivos que nos fazem querer antropofagitar... por que no catálogo que te escolhi pra engolir estava escrito que poderia ser doce e que tinha recheios dos mais variados e te pedi pra entrega e esperei chegar e quando chega tem um gosto que na boca fica marcado... tem um gosto que não é gosto da embalagem e nem dos recheios variados, já que não varia nada...
quando foi que passei a acreditar em roupagem, em embalagem, em propagandas? quando foi que eu acreditei que antropofagitar-te seria pra saber que gosto tem, pois já sabia que os teus gostos estão fora do teu lado de fora, estão fora de ti...
quando foi que me fundi, me fudi, e acreditei que poderia te antropofagitar sem engasgar, sem saber que nem tirando a casca, quando foi que não vi por debaixo da couraça a tua glândula de veneno, eu não tenho essa habilidade, eu não tenho esse diploma, eu nunca fiz aquele teste que me deixava apta pra tirar teu veneno e te comer sem medo depois...
quando foi que eu comecei a comprar produtos de Internet por foto e acreditar que receberia na entrega exatamente o que estava lá... de onde foi que eu tirei essa idéia de te fagocitar sem testar a minha alergia, sem testar as reações do meu corpo a você...
onde é que estavam os meus olhos que não viram o quanto essa antropofagia não passa de um canibalismo da pior espécie, dos mais baratos e que só dão indigestão, dor de cabeça e vômitos em jato...
e não posso nem falar mal do restaurante, do preparo e da entrega... quem quis comprar pra antropofagitar fui eu, sem ler o manual não dá... vira mero canibalismo, e eu nem sou canibal...

perdas e ganhos...

a vida é toda feita desse emaranhado de fios que nós passamos o tempo todo tentando desembaraçar...
a vida é feita de várias músicas, algumas cantamos junto já que sabemos a letra, outras gostamos mas não sabemos cantar, existem as que cantamos sem gostar e as que não gostamos, não sabemos a letra, não queremos aprender... mas temos que ouvir mesmo assim...
a vida é feita de doces e amargos que precisam ser degustados...
feita de flutuações e aterramentos, e nem um dos dois pode ser desprezado...
a vida é feita disso tudo e mais um pouco, do qual queremos sempre um pouco mais...
a vida é feita de pequenas perdas diárias e grandes ganhos seculares, mas nos resta perceber que as perdas são realmente pequenas e os ganhos imensamente grandes, pois de tempos em tempos nos esquecemos do que a vida é feita e deixamos de viver...
me pergunto o que é o nada...
quanto mais pergunto menos ecoa em mim uma suspeita de resposta
o nada se instala por horas e uma agonia crescente me toma
uma solidão das horas fúteis que me traz à tona quando estou imersa em límpida água
uma ventura que não me deixa vir à tona quando estou imersa em pura lama
se sinto o que sinto e depois desminto de que serve sentir
se a cada ida sem volta me perco em meus passos já marcados
se por fim nada me sobra nem do que criei de ti pra mim, se nada de mim sobra em ti
um sentimento nadificante
um nada
nada
n
a
d
a
[Não
[Adianta
[Depois
[Alterar
um nada que cresce com velocidade esportiva
fim de jogo
game over
fim de jogo de um tabuleiro que ainda está armado em mim
game over de uma língua que não casa na minha já pra fora da boca
fim de jogo e de fôlego e de sopro
nada...
nada por dentro, nada por fora...
isso não é nada bom...
esses "nadas" que chegam de manhã e de noite não vão embora...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

nada pra falar, nada pra pensar, nada à declarar...
e isso é muito bom...
meu furacão resolveu me dar uma folga...
mas é certo que de noite ele volta...
só me resta o nada feliz de agora...

domingo, 23 de agosto de 2009

o que são 10 anos...

o que são senão um após o outro, o que são se não somente um dia que se passa e vem outro e outro e outro e chegamos aos 10 anos, isso não nos faz melhor, isso não nos faz pior, isso não nos faz... não são os dias acumulados um após o outro que nos fazem ser o que somos hoje um para o outro, não é o acúmulo que nos faz, ele nos desfaz por certo... não são os dias acumulados que nos fazem, são os somados que nos dizem... nos dizem que cada dia é um dia, que cada dia nos aproxima ou nos afasta... não dá pra acreditar em tudo o que nos falaram e o que nos falam e o que já sabemos que vão nos falar, nunca será possível acreditar em tudo, mesmo em tudo o que nos dizemos e desdizemos, nunca será possível acreditar na totalidade das palavras, as pessoas são somente pessoas, tão pessoas quanto nos descobrimos a cada dia, logo como nós elas também mentem e nem por isso com o passar dos dias nos tornamos menos humanos, pelo contrario, mentir nos humaniza ainda mais...
o que são 10 anos, o que seriam se não estivessemos aqui, um ao lado do outro, nem tão todo, nem tão ao lado... o que seriamos hoje, eu sem você e você sem eu... o que teríamos feito de nossas vidas se lá atrás não houvesse uma escuta de corpos que nos disse que sim, que seria possível estar hoje aqui... não são só lembranças e nem só sorrisos, faço questão de frizar, de trazer a tona a realidade que se mostra em face cruel a cada dia, nossos dias eu diria... mas deste material somos feitos, tanto das mentiras e da bondade e de tudo mais o que possa existir, ninguém no mundo tem o poder de ser feito de um só material... somos um mix das melhores e das piores coisas que existem...
é certo que em certos dias temos a certeza de que seria mais fácil deixar tudo pra trás, nos deixar, deixar de ser o que somos afinal, claro que tem dias que sabemos com certeza de que sem o outro não poderá, mas somos por fim tão incontantes como nossas inconstâncias... somos ciclícos em um mundo quadrado... somos desformes dentro de nossas formas, nossas máscaras...
mas à tempo, o que são 10 anos afinal... talvez nunca saberemos, eles somente passaram e não me parece que estávamos preocupados em parar pra depois de 10 tirar conclusões sobre o que foram e o que poderiam ter sido e o que serão... eles passaram por nós como aquelas árvores na estrada, nós dentro de um carro em alta velocidade, as árvores na estrada, passando e quase não conseguimos notar, quase não percebemos o quanto passou desde que estamos nessa nossa viagem... quase não percebemos, exceto pela vezes em que batemos nelas ou que paramos para ficar deitados na sua sombra...
nada do que existe aqui pode ser descrito em palavras, tem coisas na vida que é preciso sentir na pele, no rosto, na carne, de dentro pra fora e de fora pra dentro, não existem palavras pra descrever conteúdos assim, não existem explicações para o que devemos sentir...
o que pode ser dito ao fim, é que depois de 10, depois de dias após o outro, posso esboçar uma certeza que agora sei que já não é tão certa, de que os dias que somam e os que acumulam, nos fazem saber, saber das coisas que já se passaram e de saber o não saber das que virão... mas nos trazem uma claridade que só mesmo dia de sol pra dar explicação... é preciso esperar o 10 chegar, pra saber que não se saberá como os próximos 10 virão, mas que isto torna tudo ainda mais belo, e não é belo das belezas de televisão, é o belo de carne, osso, pele, recheio e sabor... o nosso belo disforme, que só é belo pra nós...
o que são 10 se não 1+1+1+1+1+1+1+1+1+1...

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

depois das duas... da tarde...

talvez não seja tão tarde assim...
ninguém me disse que eu era obrigada a olhar da janela do precipício de onde ia me jogar. pensava em ficar ali sentada no banco, olhando pela janela e fechar meus olhos no momento de pular. quem sabe até usar do senso comum e abrir os braços, abrir os braços como quem tenta um vôo, mesmo sabendo exatamente quem voa e quem não. pular do precipício é fugir de algumas responsabilidades, mas não do senso comum. pular do precipício com os braços abertos é esquecer quem voa e lembrar quem não...
eu e minhas pequenas inverdades, minhas pequenas grandes mentiras diárias, nunca pularia nem mesmo que não voasse. não pularia nem poça d'água, ando de galochas.
logo vi uma luz no fim do túnel, corri, nada mais poderia fazer, somente correr, é isso o que se faz quando há uma luz no fim do túnel. a luz não era no fim, era no meio do túnel, tive que apagar aquela luz impossível pra ver se havia uma luz no fim. rodei procurando um interruptor pra desligar a luz no meio do túnel, apaguei, olhei para os dois lados, já não sabia qual era o fim, os dois estavam iluminados, já não havia mais saída para mim, liguei a luz do meio...
se teus olhos, olhando como fez, meio doce e cheio de tantas cores, esses olhos que me levam onde sozinha já não vou. se me pedisse pra chorar vendo seus olhos, de pronto choraria, derramaria todo o meu pranto, derramaria sem ao menos perceber... se me pedisse o meu sorriso, eu então te sorriria, abriria os meus lábios do tamanho dos teus olhos, eu te sorria.
seus olhos, escuros como a noite que tens em ti, me olhassem em dias assim, eu nem me lembraria quanto tempo faz, pularia de braços abertos em qualquer uns dos meus precipícios, vendo seus olhos que me olham, eu pularia...
se tua voz, cantando como fez, meio doce e coberta de tantos veludos, essa voz que me leva onde sozinha já não vou. se me pedisse pra chorar ouvindo a tua voz, de pronto choraria, derramaria todo o meu pranto, derramaria e nem notaria que minhas águas secam. se me pedisse o meu melhor sorriso eu então te sorriria, abriria os meus lábios no tom da tua voz, eu te sorria. se tua voz, veludo rubro como o céu da tua boca, me cantasse em dias assim, eu nem saberia quanto tempo faz... pularia de braços bem abertos em qualquer um dos meus precipícios, ouvindo a tua voz, eu pularia...

não é uma certa antropofagia, mas é...

quando eu te mordo é pra sentir você por dentro, quero saber que gosto tem essa tua carne que deve ser doce mas pode ser amarga...
quando eu te engulo é pra te ter aqui dentro, sempre guardado, sempre marcado, é pra saber que gosto você tem, que pode ser doce ou então salgado...
quando eu te machuco, na verdade não são machucaduras, são experimentações, quero saber que gosto tem tua pele, que pode ser doce ou não ter gosto de nada...
eu estou te escrevendo um filme, uma peça e um livro, tudo ao mesmo tempo, a obra se chama "antropofagito-te", nela eu te como, te mordo, te engulo, te degluto, nela eu descubro qual é o teu verdadeiro sabor...
nela eu te como e depois afirmo que tua pele não tem gosto, que tua carne é quase doce e que os teus recheios são tão variados, que poderei te comer pela vida toda sem enjoar...
nela eu te vejo por dentro de dentro de mim, nela eu sei que por dentro sou tão vermelha quanto é você...
nela eu te guardo de verdade e pra sempre por aqui...
nela eu te como, como deveria fazer na vida real...
nela eu sei que gosto você tem...

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

eu quero ser uma pessoa melhor...

mas tá difícil...
quero todos os dias ser uma pessoa melhor, melhor comigo, melhor com os outros, melhorar meu jeito de viver, de ver, de sentir, de agir... quero mesmo ser uma pessoa melhor...
até esses dias atrás não sabia nem por onde começar... agora já sei, descobri... mas ainda não sei como começar... não sei como formalizar isso que sei o que é...
estavamos discutindo as pessoas velhas que tem umas manias que dão raiva e pena ao mesmo tempo... uma das que estavam na conversa disse - olha, eu tenho raiva, poxa, teve a vida toda pra melhorar e não o fez, estava fazendo o que então...- e na hora me bateu um medo de ficar velha e não ter feito nada, não ter melhorado, gastado uma vida toda com desmelhorias...
quero por que quero melhorar meu jeitinho, mas continuo fazendo algumas coisas que não me parecem melhores... meus conceitos estão mudando, mas tenho a impressão que não vai durar muito tempo, que o tempo todo estou mudando.
parece que as mudanças de hoje são provisórias, que daqui a algum tempo estarei mudada de novo e então terei que tentar ser boa novamente e nada do que já fiz terá sido suficiente...
nunca será suficiente para mim nada do que eu fizer, talvez aceitar isso já seja uma grande mudança... talvez...
queria em meu corpo toda essa força que tem o meu pensamento, queria me mexer tanto quanto penso, queria ter essa vivacidade nas pernas, braços, corpo, tanto quanto vive a mil o meu cérebro...
quero ser uma pessoa melhor, pra onde eu vou?

o sol voltou...

o sol voltou, mas não é como aquele outro dia que ele voltou e me deixou vermelhinha, me deixou inteira, hoje ele me deixou...
o sol voltou e aos poucos me fez entender que não é sempre dia de ser feliz , feliz inteira, feliz por completo, ele me fez entender que a felicidade pode estar em dias de sol e céu azul, mas não é só isso...
pra mim ainda é mistério o que traz felicidade, o que desperta essa dona que dorme dentro de nós... pois só pode estar dentro de nós uma felicidade adormecida que vem em dias que podem ser de sol ou não... não depende dela aparecer, dependerá de nós?
queria ter esse condicionamento, ser feliz em dias de sol, seria mais segura da vida ou não... sinceramente não sei... eu moro em Curitiba, minha Curita...
acho que por fim a felicidade é assim, uma receita de somas diárias que vão acontecendo ou não no decorrer de um dia que pode ter sol ou não... felicidade pode ser uma janela aberta e deixar o que está lá fora entrar ou então uma janela fechada pra não deixar fugir o que está aqui dentro... pode ser notebook e vermelhidão, pode ser lembrança, pode ser sorriso, pode não ser nada...
pode ser desejo ou simplicidade, pode ser complexidade ou anseio... pode ser qualquer coisa, mas uma coisa é fato... felicidade não depende do que está lá fora... não depende do canto dos pássaros, nem do dia de sol, nem do que achamos que temos... isso só torna a felicidade mais feliz, mais luminosa, mais colorida... felicidade certamente depende de uma outra coisa... que eu ainda não sei o que é...

POSTAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO...

essa noite eu tive um sonho... um mix de sonhos, um "pout-pourir" de sonhos todos no mesmo... um troca de canal por diversos sonhos que gostaria de ter separados, mas que por falta de tempo e minha pressa se fizeram sonhados todos juntos... mixados... mas o que mais me impressiona no sonho é que de cara eu tinha tudo o que desejo pra hoje... todos os meus desejos, desde os mais ocultos até os mais explicítos, estavam misturados num mesmo balaio de gato... minha confusão era maior do que a confusão habitual que já estou acostumada... olhando nas minhas mãos a máquina fotográfica que era mais do que a melhor de todas, daquelas que prometem para as feias ser gisele... eles estavam lá, com olhos, bocas e nariz voltados só pra mim... eu estava totalmente desinibida, desprendida e livre das minhas teias e amarras... ia passando de um sonho para o outro, meus problemas de sempre não davam nem sinal de existência, eu ia trafegando pelos mundos, encontrando quem eu sempre desejei encontrar neste ou naquele lugar e as coisas simplesmente fluíam... eu estava confusa, mas me sentia tão bem como Lisandro quando canta... e depois de um tempo as coisas se freneticaram de um jeito... eu tinha a máquina fotográfica nas mãos e aconteciam coisas ducaralho que eu tinha obrigação de registrar, mas não conseguia fazer foco naquela merda, sim, já havia passado de máquina dos sonhos pra uma máquina de merda, o zoom era dobrável e eu não conseguia deixá-lo parado, as fotos ficavam péssimas, e por fim eu fotografava uma coisa e quando olhava no visor, não era nada do que eu tinha fotografado, uma grande piada minha odisseia fotográfica...
e então vieram eles, um em cada situação, um em cada local, um diferente do outro, estavam lá... daquele jeito... e os encontros com os "ídolos" ia tendo começo, partiam para um meio desajeitado e terminavam sem fim, mas de forma profundamente trágica, não eles não sumiam ou morriam, mas eram toscos, fúteis ou retardados, o que na realidade fica difícil de acreditar, eu não pratico idolatria, e não idolatraria se não houvesse uma profunda necessidade disso...
conversas frouxa, palavras toscas, vivência foscas... meus desejos sonhados de uma forma pesadelar que não deveriam nem ter sido sonhados...
e ai eu acordo e fico na cama, querendo ficar ainda entorpecida pelo recém acordado, fico ali tentando reger em minha mente aqueles sonhos e dar um suposto fim desejado, eu e minhas futilidades...não é possivel nos sonhos "dar jeito" nas coisas por vontade própria, assim como na vida a gente não é capaz...
e depois de tudo é olhar pra frente, bem acordada e dizer pra mim mesma "es todo lo que tengo y es todo lo que hay"... ao menos há sol, ao menos há uma possibilidade de nadar e morrer na praia...

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

PARA CONSUMO IMEDIATO










é O TITULO da minha mais nova velha peça... o título em nada reflete o conteúdo, quase nada, muito pouco... reflete a autora, replete a pessoa por trás das frases, por trás das personagens, por trás da vida... reflete o meu jeito de ver a vida, de ver ela passar ou de me ver passar por ela...
hoje recebi um email de uma amiga, uma "miga" na verdade (pq A é negação, e não nos negamos em nada...), ela me disse que está trabalhando em dois empregos... admiro demais a coragem dela, que tem uma filha, que mora em são paulo, que está sem carro e trabalha na área da saúde em dois empregos... admiro porque já fui assim e me perdi, ou me achei, ainda não sei...
admiro quem acorda todos os dias e com bom humor ou sem ele, sai de casa de manhã e busca umas coisas que acredita, que tem um sonho de ser melhor, de "evoluir" e corre atrás e vai lá e trabalha todo dia no mesmo lugar e faz das tripas coração... admiro muito quem batalha pelas coisas, essas pessoas que não desistem...
tinha um tempo que diziam "sou brasileiro e não desisto nunca", pois é, eu também sou brasileira, mas estou na dúvida da veracidade dessa informação, pois eu desisto sempre, talvez eu seja mesmo brasileira e não desista nunca de desistir...
eu não sou uma mané-folgada que quer tudo na hora e do jeito que quero, na minha porta e sem me esforçar por nada... não é isso... acontece que por muito tempo eu me esforcei demais por coisas que na verdade hoje não me dizem nada, na verdade só me dizem que gastei esforços demais com coisas "erradas"... já sofri, já chorei, já me matei de trabalhar inclusive na área da saúde, e só quem já o fez sabe o peso disso... mas depois, olhando pra trás vi que tinha tanta coisa que não poderia ter deixado passar e fiz vistas grossas...
e hoje eu tenho essa admiração por quem se esforça, mas não tenho mais em mim a força do esforço, há em mim uma vontade constante do fácil, do cômodo, do imediato... tenho no fundo do fundo um medo enorme de me esforçar por nada... não sei o que é o nada, pode ser que eu esteja enganada, perdendo um tempo precioso, mas hoje quero meio que de mão beijada, e se não vem eu desisto ou faço biquinho e escorre uma lágrima...
acho que a vida nos é passada de uma forma errada, a vida que sabia era descanso de tela, mas a realidade é programa pesado... quando me venderam uma coisa chamada vida, acho que fui enganada... acho que a proposta era tentadora, mas não era de verdade... não sei ao certo quem foi o vendedor...mas era lorota... e aquele padrão de que se nasce criança e vai ficando mais velho e aprendendo as coisas, ficando mais velho e mais responsável e que várias coisas que não sabia vão ficando mais claras...MENTIRA... eu fiz um caminho de suposto crescimento, aprendizado e responsabilidade até os 25 anos... nasci criança, fiquei mocinha e depois uma velha em um quarto de século... depois zerei o cronometro...
agora estou redescobrindo o que é aquilo que me foi vendido... já que comprei, netão é meu e tenho direito de usufruir e usar como quiser... depois dos 25 dei um "fênixzada", levantei, sacudi a poeira das cinzas em que estava e agora descobri que na verdade quero por um tempo ser crisálida... vou ficar dentro do meu casulinho e deixar as coisas virem ao meu encontro... claro que não é exatamente isso e nem bem assim... tem coisas que continuo fazendo errado, luto por algumas singelas coisinhas... mas ficar me "esbucetiando" pra conseguir umas paradas que nem sei se quero...bom isso deixa pra quando eu crescer de novo, se e somente se...porque agora estou só criançando...
o pedro bial, (sim, aquele apresentador de meia pataca) disse uma vez que as melhores pessoas que ele conhece não sabem o que querem da vida aos 40 anos...esse ano faço 30... ainda tenho 10 pra não sofrer escolhendo o que nunca poderá ser decidido... a psicologia dele pode ser frouxa e barata, mas como temos que acreditar em alguma coisa e meu momento não é de esforço, prefiro bial do que Hegel ou Freud...
voltando ao consumo imediato e todas essas coisas que me dizem mais do que 1000 imagens... voltando ao meu fato... isso tudo pode mudar ainda hoje, posso simplesmente levantar e fazer aquele teste para propaganda que paga uma grana, mas que demora e que é um saco...
uma certeza nisso tudo é fato...
sou uma pessoa pra consumo imediato...

terça-feira, 11 de agosto de 2009

sou NANA RODRIGUES


Sou Nana Rodrigues, um misto de tudo o que Deus quiser, como se nada tivesse a ver com isso o Diabo, sou anjo que peca a cada passo, a cada olhar que lança pela terra... escrevo o que não digo e digo o que não escrevo, não me atrevo a fazer coisas que todos fariam, faço o que muitos não se atreveriam... teimo em achar que muitos falam de mim, tenho minhas vergonhas internas, mas a maioria delas estão completamente externadas... sou meio fogo e meio gelo, num mesmo compartimento... sou confusa e confusão, uma profusão disso e daquilo... gosto de brigas e me desgasto com isso, não volto atrás, mas me desdigo a cada momento... tenho idéias ótimos e más companhias, como todo ser humano, sou quase humana em dias assim... sou como cigarro apagado na boca de um fumante inveterado, sou a parte de baixo da garrafa de vodka cheia, sou a metade de cima quando está vazia... sou pudor e perversão... sou dona de princípio sem começo, meio ou fim... sou dona dos meus passos mesmo quando estou parada, mesmo quando não sei onde vou... sou chocolate e angustura... sou queijo podre e fino creme... sou de pensar pouco, me arrepender muito e não crer em arrependimentos... sou filha do meu pai e da minha mãe, sou mãe deles todos os dias... sou mulher e menina e menino exatamente ao mesmo tempo... sou daquelas que tem mel na pele não só pra ser doce, mas pra ser grudenta... não tenho a maioria dos freios, mas um freio de mão com defeito que se puxa sozinho quando estou na maior velocidade em plena descida... sou decidida... sou daquelas que jogam o tempo todo, que mentem boa parte dele e não acreditam na previsão do tempo da televisão... daquelas que acham que signo não define nada, mas que tudo o que tenho de certo faz parte do meu zodíaco... daquelas que acordam de mau humor, que comem coisinhas o dia todo, que morrem de vontade de comer um doce, uma delicia, uma coisa que não sei o que é, um troço gostoso e que depois preferiam não ter comido... dessas que gostam de paixão, sexo e de todos os sexos misturadinhos... essas que colocam o mundo numa coqueteleira e mexem muito e depois colocam num copo e tomam tudo... dessas que gostam de massagem com creme, que não querem ter filho e que pensam em sexo o dia inteiro... dessas que queriam ser mais magras, infinitamente mais magras, mas que se fossem infinitamente mais magras se odiariam, mas mesmo assim fazem dietas dia sim e outro também... sou essa que escreve e apaga mesmo sabendo que não dá mais tempo, essa que tem umas coragem covardes, que é tímida bem no fundo e que vive no fundinho... que (quase) não bebe, (quase) não fuma e é (quase) fiel aos seus princípios todos os dias... sou Nana Rodrigues que numa manhã qualquer tira a roupa e vai para o sol de notebook pra ficar vermelhinha...

CHOCOLATE MEIO AMARGO

SUAS letras, as letras que te compõe, elas derretem em minha boca a cada pronuncia, a cada lembrança... elas derretem, me derretem como pedacinhos de chocolate meio amargo... cada A... cada E... cada I... cada O... cada U em seu nome tem letra de chocolate quando te falo pra dentro, quando te pronuncio pra mim...
ME escorre garganta a dentro, banha minhas peles internas com teu nome de chocolate... pinta as minhas vermelhidões do avesso de chocolate meio amargo, nem tão doce quanto gostaria, nem tão amargo como poderia, apenas chocolate...
cada letra se desenha em minha boca, umas no céu, outras na língua, umas tantas na bochecha, brincam molhadas pela minha saliva, eu te falo pra mim mesma, pra me lembrar quem é, pra me esquecer quem sou... eu te engulo pelas letras, teus eles, teus enes, eu como todo seu nome... por dias inteiros é o que me alimenta...
eu desenho o teu corpo com a minha língua, eu te copio aqui dentro, eu passo pelos contornos onde sei que te encontro... eu me delicio com seus gostos, com seus cheiros, com seu rosto estampado na minha parte de dentro... eu me marco nas marcas do teu rosto, eu mastigo as suas iniciais, eu lambo as tuas consoantes, eu fico deglutindo as tuas vogais... teu nome de chocolate...
e se me enjoo te tiro inteiro das minhas entranhas achocolatadas... te tiro inteiro de mim, e me deixo sem partes vitais, me deixo jazer sem vida... se me falta a pronuncia, se me enjoa, se me deixa, não me fica nada, nada me fica... já não sou mais eu quem te engulo, já não sou mais... me retiro, me deixo passar... fico sem boca, sem fala, sem pronuncia...

sábado, 8 de agosto de 2009

palavras... palavrinhas...PALAVRÕES...

PUTA QUE PARIU... caralho, porra do caralho, porque é que eu não consigo tirar essa merda dessa idéia fixa da minha cabeça...porque raios eu tinha que cismar justo com isso, porque é que eu não posso ficar quieta no meu canto, escrevendo meu texto ou decorando outros tantos... por que eu sempre faço isso, escrevo e depois apago, por que é que eu sempre me arrependo...
tenho que palavrear bem alto pra expulsar de mim esses maus espíritos...tenho que escrever-falar palavras, palavrinhas e palavrões pra ver se as minhas vontades insanas passam de uma vez por todas...
elas não vão passar, já nasci sabendo disso...elas não passarão nem com todas as palavras do mundo... estão mais grudadas em mim do que a própria pele, fluem mais em mim do que meu sangue...
por que raios eu tinha que abrir meu olhos naquele momento, porque é que não fiquei com a imagem de sempre estampada nas minha retintas retinas...
porque é que eu resolvi olhar pra dentro, porque é que eu te encontro sempre por lá...
eu não tenho mais pra onde ir, eu não tenho mais pra onde andar...
poderia ficar parada e esperar o fim
mas minhas pernas teimam em caminhar
eu poderia nunca ter visto
eu poderia nunca querer olhar
mais insisto em abrir os olhos do peito
mas insisto em deixar entrar
porque é que eu rimo
porque é que eu poetizo

estampa das minhas próprias pálpebras
onde será que está
onde será que estará
onde será que esteve

saliva em minha boca

por que é que fui abrir meus olhos quando bem estavam fechados
porque é que escrevo e apago
porque faço tantas perguntas
porque é que não me respondo

as idéias fogem como fogo que se espalha
as idéias me fogem como se eu as quisesse por perto
por que resolvo olhar pra dentro
porque você não está do lado de fora

eu tinha minha pele e meus pensamentos
eu tinha água fresca e sombra boa
eu tinha meu lugar e minhas coisas
um dia sai de casa e resolvi mexer nas tuas
eu tinha pele e pêlo
eu tinha
porque é que fui querer casaco de pele e pé de coelho...

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

VAI CHOVER...

e quando as nuvens se acumularem lá fora aqui dentro as minhas já estarão precipitadas... vivo em precipitação, em dias alternados de humores desmedidos, um vida sentimental desregrada... sou por mim só uma confusão, uma profusão de sentimentos num copinho bem pequeno, sou a perfeita efervecência num copinho bem pequeno, transbordo pela bordas, transbordo-me inteira, sou puro defeito...
sou veneno, o veneno que constantemente tomo, que me toma, que me envenena
sou conversa e desconversa que me tenho comigo mesma
sou pimenta que arde nos meus olhos
sou o fogo que me ateio
sou nada
sou
sou essa mistura de coisas que não compreendo e que retenho em mim para sempre

queria falar com todos os meus ex amigos e dizer que mais da metade da culpa é minha, mas que em dias assim não me arrependo
já comprometi meus dias
já briguei com o diabo
já chorei sozinha e acompanhada
não há nada que possa mudar o que foi
não há como saber o que virá

o sol se foi e levou junto o céu azul, minhas vermelhidões desapareceram num passe de mágica, não foi mágico o que aconteceu de lá pra cá comigo... não foi mágico acordar com céu gris
e se eu me chamasse cristina, aline maria ou maria aline
e se eu me chamasse pelo nome, e se eu mexesse comigo
e se
e se somente se

vivo das certezas das minhas incertezas que são muitas
vivo todos os dias com uma chave nas mãos
descobrirei ao fim que esta chave abre o meu cárcere
ainda não sei disso
ele permanece fechado

escondo de mim os meus pequenos prazeres velados
escondo de mim e velo para que não os ache
falo comigo em meias palavras
em meias verdades me digo as verdades inteiras
mesmo sabendo que não existem nem verdades inteiras e nem meias verdades
mesmo sabendo que não há segredos
mesmo sabendo que nada disso que acredito existe
mesmo sabendo disso tudo
ainda me digo

terça-feira, 4 de agosto de 2009

por dentro

está agora dentro de mim, em minha casa, em minha cidade... o que sinto está dentro de mim, em minha casa, em minha cidade... e o mundo gira tão rápido que sinto que estamos ficando tontos... segurando um nas mãos do outro e caminhando por dentro de nós mesmo, na nossa cidade...
creo que yo no precisaria decir... meu espanhol é fresco e fraco... eu ainda não estudei direito, mas meus sentimentos, o que tenho aqui dentro já está estudado, decorado com fotos suas, detalhado... e os meus passos vão ficando cada vez mais fundos, outro dia estavam rasos, mas segui o seu caminho pra ver se te encontrava, segui teus passos neste mundo, entrei dentro de ti, na tua casa, na tua cidade... um som novo ecoa por todos os lados... um som novo que traz linhas desconexas que de tão picotadas me parecem pontos, estou te seguindo novamente... e não há estrada que eu tente que não me leve pra este seu lado, lado de dentro, sua casa, sua cidade...

AZUL DA COR DO CÉU...

POUCO A POUCO a minha pele foi ficando vermelha de sol... vermelha por fora como já estava, sempre esteve por dentro... por dentro eu sou assim, toda vermelha, eu tenho um sol dentro de mim... e quando ele resolve brilhar, os meus poros se abrem em um vermelhinho claro e me sinto aquecida de dentro pra fora... e a vida fica boa, vindo de dentro pra fora... e do lado de fora do meu lado de fora um céu azul da cor do céu... em dias assim eu me deito na grama e me deixo ficar toda lânguida, em dias assim eu não quero mais nada, só quero chocolate, pois você pra mim é assim, chocolate que desce garganta a dentro e adocica cada pedacinho que eu tenho aqui... e me viro do outro lado, quase ao avesso, me reviro no sol que vem de dentro e vem de fora ao mesmo tempo... fico ali, parada no tempo de um tempo que significa muito pra mim, fico ali parada naquela sensação de chocolate que se derrete ao sol e se espalha pelo corpo e está dentro e está fora... está em mim... não é preciso muita coisa na vida, é só ter um sol dentro do peito que em dias de céu azul as coisas ficam assim, vermelhinhas por dentro e por fora... não é preciso grande coisas ou grandes feitos... só uma receita de sol, gramado, vermelho e alguns bichinhos por perto e a vida toda pode passar...