quarta-feira, 7 de novembro de 2007

VELHOS TEXTOS escritos em folha de pão...meu defeito maior é assim mesmo...feito saco de pão amassado e com velho texto...texto que de tão velho já nem dizia, murmurava, repetia...e todos alheios procurando solução pra um soluço "insolusável", que não tinha cabimento, não tem explicação...milhares de livros em prateleira empoeiradas, sem função, sem passadas de olhos, sem olhares, cuidados com tamanha atenção que não condiz com aquele velho saco de papel e tinta azul, emoldurado...aceito o que não me dizia nada até então...aceito com braços cerrados em volta de um corpo que pede o que não se dá, não se diz...e se eu soubesse conjugar esse verbo sem corar, sem decorar, decoração fosca de móveis pastéis, de feira...ainda acredito na foto, nela estavam todos olhando pra mim...e essa solidão que sozinha não me deixa ficar...tome seu chá antes que eu esfrie meu corpo só de solidez...tome seu chá, já que despreza o forte café, que despreza o que eu te der...este chá, nunca mais me deixe esperando por ele em dias tão nublados que fazem tostar café com chá e cara de "cháfé"...pegue as bolachas e as bochechas que se mexem, que quase sorriem e na foto ainda olhava pra mim, ainda que todos tenham desaparecido...eu ainda estava ali depois de tudo o que não houve, o que não se ouve ou "olvida"...sentada com papel de pão nos braços engessados em volta de um corpo que não sei se devo mencionar...eu fiquei sentada a noite toda na beira daquela cena, na beira daquele estrada que leva a terceira margem do rio...fiquei de pé para um lado e para o outro, bem no meio da free way, de frente pr'o radar de motores acesos...e quando a chuva caiu, eu estava de pé, com xícara de chá ou café frio sem leite sem mim...e quando a chuva caiu parou de chover, o papel não se molhou, nunca existiu...nessa noite eu não sei se sonhei quando a chuva não caiu e me molhou o corpo pardo de papel...e o sonho foi tão claro que meus olhos se fecharam arregalados de dor...esse sonho eu não me lembro, era tão bom, estávamos todos lá, só eu e você, nem tinha certo o lugar, você já havia desaparecido e estávamos todos lá...marquei hora e lugar, de tão certo que era o sonho, foi nele que tirei aquela nossa fotografia em que todos sorriam, e que não havia mais ninguém, só eu sem você...aquele foto que amanhã te mandei uma cópia e você emoldurou em saco de pão e papel e tinta azul...seriamos só nós, sem aqueles de sorriso plástico que estavam lá por acaso, como nós de passagem, comprada pra outro lugar que de lá não saiamos...as saias rodadas por mundo afora, minha imagem em sua retina, meu peito em suas mão, não me lembro quem nos deixou ou se fomos embora...

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